O Maracanaço

Não é a primeira vez que a seleção Brasileira é derrotada em casa. Na copa de 1950, quando a cor da seleção brasileira ainda era o branco (e não o verde amarelo, utilizado a partir da copa do mundo da Suíça em 1954), a final foi disputada entre a seleção uruguaia e a seleção dos canarinhos. O Uruguai venceu o Brasil por 2 x 1. O episódio foi extremamente traumático para a torcida brasileira, que, em casa, viu sua amada seleção perder em pleno estádio do Maracanã (daí o nome que foi dado a este acontecimento, conhecido como "Maracanaço") diante de 200.000 espectadores. Entretanto, à época, o time brasileiro vinha de uma excelente campanha, possuía um ótimo esquema tático e não faltavam craques. Podemos listar jogadores históricos como Moacir Barbosa, Juvenal, Zizinho, José Carlos Bauer, Danilo, Bigode, Augusto, Jair, Friaça, Ademir e Chico. A prepotência antes do jogo, entretanto, sempre foi uma marca dos brasileiros. O prefeito do Rio de Janeiro, na época o então Ângelo Mendes de Morais, realizou um discurso afirmando que em poucas horas o Brasil seria celebrado campeão mundial de futebol. 

A tática Uruguaia

O técnico uruguaio da seleção de 1950, Juan López Fontana, conhecia a estratégia de ataques rápidos típica da seleção brasileira. Contra um time extremamente ofensivo, ele escalou uma defesa que se definia no meio de campo. Durante todo o primeiro tempo, apesar dos inúmeros ataques brasileiros, o jogo ficou em zero a zero e o Uruguai conseguiu formar uma verdadeira barreira contra a ofensiva canarinho. No segundo tempo, após dois minutos de jogo, a seleção brasileira marca um gol que até hoje é motivo de polêmica, já que, segundo observadores, deveria ter sido anulado por impedimento. De virada, o Uruguai define o jogo em 2 x  1.Era o fim do sonho brasileiro de levar a taça em casa e um dos episódios mais traumáticos da história do futebol nacional.

Uma humilhação ainda pior

Em 2014 o Brasil conquista a oportunidade de sediar a copa do mundo de futebol. Em casa, o sonho do Hexa campeonato ganhava destaque. Mesmo em meio a protestos e motes como "Não vai ter copa", o evento não só aconteceu, como foi amplamente apoiado pelo povo brasileiro. A seleção brasileira demonstrava, entretanto, sérios problemas táticos desde o início do campeonato. Mesmo contra seleções mais fracas, como a Colômbia, as vitórias foram apertadas. Na semifinal disputada no Mineirão, o Brasil assiste ao que se tornou a pior goleada sofrida pela seleção canarinho em toda a História das copas do mundo. O placar fica definido em 7 gols da Alemanha contra apenas 1 gol brasileiro. Definitivamente uma derrota muito mais amarga do que aquela que os brasileiros assistiram em 1950.

Queda do futebol Nacional

 

Desde o penta campeonato conquistado em 2002 parece impossível, ano após ano, reconhecer a seleção brasileira. O futebol arte e as jogadas brilhantes se tornam cada vez mais raros, e mesmo as vitórias são conquistadas de um modo muito morno. Com esquemas repetitivos e estratégias batidas, o futebol nacional parece incapaz de se reinventar. Nesta copa de 2014, grandes nomes do futebol brasileiro que já possuíam experiência foram deixados de fora, como Ronaldinho Gaúcho e Kaká. O que falta ao futebol nacional atual não são craques, mas sim, time. Entramos para a História em 2014 não como hexa campeões, mas sim como derrotados duas vezes em casa. Ao menos em 1950 o torcedor pôde assistir à derrota de uma seleção que se empenhou em vencer. O futebol é um grande elemento do sentimento nacional brasileiro, e seu estado de franca decaída reflete diretamente no orgulho patriótico e no sentimento do povo. Os resultados em campo determinam muito do espírito brasileiro fora dele. Sem cometer injustiças, a responsabilidade pelos resultados dentro de campo, via de regra, são diretamente ligadas às ações dos técnicos. 64 anos depois do Maracanaço, repetimos uma amarga experiência dentro de casa. O técnico Felipão acumula, em sua carreira, dois eventos completamente distintos: o penta campeonato e a pior goleada da História do futebol nacional.