Homem e mulher maoris vestidos com os trajes tradicionais de seu povo. |
Maori é uma palavra que, além de representar um povo, refere-se a toda uma cultura. Os maori são um povo da região Polinésia, representados em diversas narrativas, contos e ficções do período das Grandes Navegações, e o seu encontro com o homem europeu sempre foi marcado por elementos de desconfiança, brutalidade e, em raras ocasiões, por amizade (diversos indígenas serviram às forças britânicas na Segunda Guerra Mundial, contra o avanço nipônico).
Maori: almas mortais
Os nativos polinésios sentem a necessidade de separar o mundo material do mundo espiritual, e para isso mesmo criaram o termo maori, que representa a divisão entre os seres mortais e as divindades e os espíritos imortais. É um termo não só utilizado pelos próprios maori, mas também por diversos outros povos, como pelos havaianos, que usam o termo maoli, ou os taitianos, que usam a palavra maohi. Os maori vivem onde hoje encontramos o atual território da Nova Zelândia.
Guerreiro maori contemporâneo vestido com os trajes tradicionais dos Maori. |
A última Fronteira
A região onde os maoris vivem foi a última a ser descoberta, explorada e colonizada pelos europeus. Região de inúmeras pequenas ilhas, a Polinésia forneceu abrigo seguro e distante para estes povos durante milênios. Estes locais de difícil acesso e pouco território disponível não despertaram, de início, a atração dos navegantes, mas seu acesso entre a importante colônia Australiana e a Ásia lhes oferecia a oportunidade de fixar pontos de apoio para suas expedições.
Os rituais de guerra maori ocupam lugar de destaque na cultura das tribos polinésias. |
Batata doce e porcos
Os maoris eram confinados a pequenas faixas de terra. A agricultura era extremamente limitada, e o principal produto de cultivo era a batata doce, extremamente nutritiva. A caça e a pesca constituíam a principal fonte de alimentação, e os indígenas criavam alguns animais domésticos, como porcos, que eram transportados para outras ilhas quando os maoris eventualmente procuravam lugares para se expandir.
Os trajes maori podem variar de tribo para tribo. |
Tatuagens e guerra
A guerra é um elemento importante para a cultura maori. Este povo sempre esteve em conflito com as outras tribos próximas, principalmente para garantir o acesso à pouca terra disponível e também para assegurar a sobrevivência contra os agressores externos. Indícios arqueológicos demonstram grande capacidade de estratégia e organização militar, como fortificações, trincheiras e pequenas e primitivas fortalezas em locais altos, bem como táticas de guerrilha e ataque surpresa. Os maori fazem diversas tatuagens no corpo, e esses símbolos podem significar várias coisas, como a comunicação com os antepassados mortos, maior força e vigor para a batalha e proteção espiritual contra doenças e ferimentos. A tatuagem é a marca de uma tribo e do povo no qual um maori cresce. Uma prática comum na guerra era a de decepar a cabeça dos inimigos, e muitas vezes praticar a redução dos crânios, as famosas "cabeças encolhidas". Muitos navegantes europeus compravam estas cabeças como objetos de relíquia, e os maoris começaram a vender estas cabeças em troca de armas de fogo.
Guerreiro maori com os trajes e armas típicos. Os maori adquiriram armas de fogo após o contato com os europeus. |
O contato com os europeus
Abel Tasman, que entrou em contato com os maori em 1642, e James Cook, o famoso capitão, que chegou à região em 1769, foram os primeiros navegantes a estabelecer contato com estes povos. Os relatos destes capitães descrevem guerreiros muito orgulhosos e violentos, e alguns documentos mostram que quando uma tribo vencia seus adversários, não raramente os devorava. Assim, é muito provável que os maori praticassem a antropofagia (ato de devorar carne humana, o canibalismo). Baleeiros e criminosos fugitivos entravam em contato com os maori e exerciam influência aos nativos.
Europeus e Maoris
A relação entre os europeus e os maori nem sempre era de dominação ou de guerra. Muitos europeus acabavam até mesmo abandonando sua civilização para adotar o estilo de vida maori. Cerca de mais de 2000 europeus já viviam entre os Maori entre os séculos XVIII e XIX. O colono Frederick Maning escreveu dois livros que são verdadeiros registros históricos sobre a História neozelandesa: History of the War in the North of New Zealand against the Chief Heke (História da Guerra no Norte da Nova Zelândia contra o Chefe Heke) e Old New Zealand (Velha Nova Zelândia).
As tatuagens são elementos marcantes da cultura Maori. |
Maoris contra Maoris
O povo maori é dividido em diversas tribos e clãs, e estas tribos lutaram consigo durante muito tempo. Ou seja, não havia uma cultura pacifista entre o próprio povo maori. Mas o contato com os europeus fez com que algumas dessas tribos adquirissem muitas armas de fogo, o que criou um desequilíbrio entre estas tribos. Muitas delas foram quase exterminadas por outras tribos dominantes, e, assim, pode-se considerar que os próprios maori foram responsáveis, ao menos em parte, por um acentuado declínio populacional. A partir de 1830, intensas atividades missionárias cristãs e a intervenção do Império Britânico acabaram por reduzir o massacre maori, mas a cultura nativa foi extremamente influenciada por estes elementos estrangeiros. Gradativamente, a religião maori foi substituída pelo Cristianismo, e a região dos maori passou a ser um protetorado britânico.
Guerreiro maori com armas Taiaha. |
Tradições e memória de um povo
Entender os maori significa entender muito da nossa própria História. Testes de DNA confirmam que indígenas brasileiros residentes no estado de Minas Gerais possuem grande semelhança com a estrutura genética dos maori. Isso pode ser mais uma das provas que, em oposição à teoria da travessia do Estreito de Bering, comprova a teoria da travessia pelas ilhas do Pacífico. É provável que nossos indígenas sejam descendentes destes povos, e muitos elementos de suas culturas são extremamente parecidos.
Muito legal! Só uma pergunta: Em que período os maoris viveram?
ResponderExcluirObrigada, Gabi.
giro
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