Tropas de infantaria alemã acompanhadas de unidades blindadas. |
Bater para que o inimigo não se levante
Muitas mudanças aconteceram desde o início da Primeira Guerra Mundial. Primeiro, notamos a progressiva substituição da cavalaria por corpos de veículos, naquela época, ainda desajeitados. Depois, os céus tornaram-se também palco para os combates, com o uso dos primeiros aviões equipados com armamentos. O uso crescente das ferrovias também facilitava o manejo de tropas, que, antes, poderia levar dias inteiros. As armas químicas redesenharam também a engenharia de guerra, aumentando o potencial de letalidade dos bombardeios e das peças de artilharia. Entretanto, o homem parecia ainda enxergar a guerra aos moldes da era napoleônica, não raramente adotando táticas tradicionais de combate e dando predileção notória à infantaria. O uso dos aviões, dos veículos blindados e das peças de artilharia ainda era pouco desenvolvido, ou ao menos, não desenvolvido do modo como poderia ser. Os exércitos eram enxergados como peças diferentes entre si: veículos blindados perfazem uma ferramenta, infantaria, outra; força naval, idem, e assim, não havia uma consonância entre as diferentes mobilizações e unidades militares. Uma nova estratégia que preconizava a união sistêmica e a utilização simultânea de forças terrestres, marítimas e aéreas surgiu e teve ação crucial durante toda a Segunda Guerra Mundial, revolucionando o modo como a guerra subsequentemente seria tratada e conduzida.
O Mentor da Blitzkrieg
Blitzkrieg, em uma tradução mais aproximada, significa Guerra Relâmpago. A Blitzkrieg foi uma estratégia de tática e mobilização militar preconizada e desenvolvida por Erich Von Manstein. Nascido em Berlim, em 24 de Novembro de 1887, Erich foi um importante e destacado líder militar atuante na Wehrmacht, graduado ao posto de Generalfeldmarschall (Marechal de Campo). Durante a Segunda Guerra, foi um dos mais proeminentes e competentes estrategistas de campo. Manstein era o típico trunfo alemão: veterano experiente e amadurecido em combates militares, tendo atuado em diversas frentes durante a Primeira Guerra Mundial. Dentre os feitos de Manstein, podemos destacar sua participação no planejamento da estratégia Fall Gelb, na qual os alemães avançaram sob a França através do improvável caminho das Ardenas em 1940, vencendo a Linha Maginot, uma série de fortificações francesas consideradas invencíveis até então. Participou também da Operação Barbarossa, invadindo a União Soviética, em ações como o Cerco de Sebastopol. Participou também da lendária batalha de Stalingrado, onde sofreu provavelmente sua maior derrota. Atuou também na Batalha de Kursk, considerada a maior batalha de tanques de toda a História, onde a vitória foi obtida pelos soviéticos e seus T-34. Manstein teve sérias discordâncias em relação a Hitler, principalmente em relação à tática que preconizava a luta simultânea em três frentes distintas e dispersas pelo território soviético. Em Março de 1944, foi demitido por Hitler e nunca mais ocupou um cargo militar. Faleceu em 10 de Junho de 1973, aos 85 anos de idade, na cidade de Irschenhausen. As contribuições de Manstein para as táticas de mobilização e atuação simultânea de forças e corpos diferentes remodelou as táticas de campo, e até hoje influenciam em operações militares contundentes.
A Guerra Relâmpago
A Guerra Relâmpago
A estratégia da Blitzkrieg preconizava basicamente a ação conjunta de diversas partes de uma força militar (infantaria, unidades blindadas, aviação, unidades navais, por exemplo) em operações simultâneas rápidas e decisivas. O objetivo era a utilização máxima de um potencial ofensivo capaz de, rapidamente, imobilizar uma força inimiga antes que ela fosse capaz de organizar uma defesa ou uma reação. Em geral, as táticas de Blitzkrieg alemãs durante a Segunda Guerra utilizavam o avanço de tanques (as unidades Panzer) e blindados em geral, avanço de infantaria por terra, bombardeamento prévio das posições inimigas, uso de artilharia pesada e, em alguns casos, apoio naval e utilização de
unidades de paraquedistas. Esta tática demonstrou uma imensa utilidade, especialmente nas fases iniciais
da Operação Barbarossa, onde exércitos soviéticos inteiros eram imobilizados em poucas horas.
unidades de paraquedistas. Esta tática demonstrou uma imensa utilidade, especialmente nas fases iniciais
da Operação Barbarossa, onde exércitos soviéticos inteiros eram imobilizados em poucas horas.
As falhas da Blitzkrieg em campoO avanço proporcionado pela estratégia da Blitzkrieg era inacreditável. As forças alemãs avançaram centenas de quilômetros dentro do território soviético sem encontrar oposição à altura. Os exércitos soviéticos eram rapidamente neutralizados. Entretanto, três problemas principais determinaram o fracasso da estratégia da Guerra Relâmpago em solo soviético: em primeiro lugar, a vastidão territorial da URSS, o que permitiu a reorientação das indústrias soviéticas e a evacuação das tropas, além de permitir uma desgastante resistência dos guerrilheiros que atacavam a retaguarda e os flancos alemães; em segundo lugar, o recente e impiedoso inverno russo, que ou tornava os campos lamacentos com as contínuas chuvas, ou fazia os veículos deslizarem ou atolarem com as espessas camadas de neve, fator climático que retardou ou até mesmo imobilizou o avanço alemão durante várias semanas; e por último, mas não menos importante, a tática adotada por Hitler em manter o avanço em três frentes simultaneamente, o que tornava difícil a comunicação e a organização das tropas e dos recursos. Quanto mais distantes as tropas alemãs chegavam, menor e mais dificultosa era a reparação de suprimentos. Por vezes, a falta de combustíveis, munição e manutenção inutilizava os veículos e a tática de guerra rápida não podia ser levada adiante. Este foi um dos fatores, por exemplo, para a derrota alemã na Batalha de Stalingrado.
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