Rasputin, acompanhado de dois oficiais russos. |
Grigori Rasputin foi a figura mística mais emblemática de toda a Rússia e, certamente, uma das mais famosas e enigmáticas personalidades de toda a História. Vindo de uma família de camponeses, Rasputin adentraria o Palácio de Inverno e ganharia destaque dentro da família imperial de Nicolau II, tornando-se um importante "conselheiro". Despertou a inimizade e a admiração de muitas pessoas, e sua morte é uma incógnita tão grande quanto o seu próprio nascimento.
Nascido na Sibéria
Em 22 de Janeiro do ano de 1869, oriundo de uma família de camponeses pobres na esquecida Sibéria, nasceu Grigori Yefimovich Rasputin, mais conhecido pelo último nome. A maior parte de sua vida é desconhecida e sua quase totalidade é grande uma especulação.
O Monge Louco
Rasputin dedica-se ao misticismo e às artes ocultas desde cedo, em sua juventude, e logo ganha a alcunha de "Monge Louco". Em 1906, muda-se para São Petersburgo, a então capital do Império Russo. Em 1908, ele é apresentado ao czar Nicolau II e aos principais membros da família real. A imperatriz Alexandra Feodorovna buscava desesperadamente por ajuda para o seu filho doente, o jovem príncipe Alexis, que era hemofílico. Rasputin logo conquistou a simpatia dos Romanov ao, supostamente, curar Alexis de sua doença. Logo, o monge ganhou a reputação de realizar curas e outros feitos incríveis através de suas artes ocultas.
Decadência
A união entre os Romanov e alguém como Rasputin acabou despertando as duras críticas de políticos rivais e jornalistas de oposição. Como a família do nobre czar podia se associar a um homem de origem pobre, um "bruxo" de comportamento luxurioso? Aliás, os escândalos sexuais que envolviam Rasputin colaboraram para denegrir ainda mais sua figura. Ele era tido como um mulherengo e, ao que parece, de fato atraiu muitas mulheres, especialmente da alta sociedade russa. Oficiais do exército também começaram a enxergar Rasputin como um inimigo a ser eliminado. Vários homens de Estado viam no monge um oportunista que apenas desejava ganhar espaço entre os Romanov e, depois, tomar o poder para si.
Premonições
Quando a Rússia entrou na Primeira Guerra, Rasputin lançou uma previsão: "uma grande calamidade cairá sobre a nação". Então, com Nicolau imerso nos assuntos da guerra, a imperatriz Alexandra logo tratou de afastar as figuras desfavoráveis ao monge, pleo qual ela nutria grande admiração. Diz-se que Rasputin e a imperatriz chegaram a ter um caso secretamente. Os críticos mais severos chegaram a dizer que Rasputin houvera "enfeitiçado" a imperatriz. Dentre as denúncias, Rasputin foi acusado de ser um espião
à serviço dos alemães.
Armadilhas
Uma conspiração logo foi criada para dar fim ao monge astuto. Encabeçada pelo nobre Yussupov, incluía outros nobres, como o grão-duque Dmitri Pavlovich. Os assassinos convidaram Rasputin para o palácio de Yussupov, para um jantar. Deram ao monge vinho e tortas envenenados com cianeto. Acontece que, mesmo ingerindo altas doses da substância, Rasputin não morreu. Então, espancaram Rasputin e fizeram vários disparos contra ele, à queima roupa. Enrolaram seu corpo em um tapete e o lançaram no rio Neva. Três dias depois, o cadáver foi encontrado. Na autópsia, verificou-se um excesso de água nos pulmões de Rasputin, e oficialmente foi dado como morto por afogamento. Isso significa que, provavelmente, mesmo depois de ser espancado e levar muitos tiros, Rasputin continuou vivo durante algum tempo.
Seu sangue pelo meu sangue
Rasputin, pouco tempo antes de ser assassinado, escreveu ao imperador Nicolau II que "se acaso os oficiais de seu governo lhe tirassem a vida, então o próprio povo russo, com suas mãos, tiraria a vida de todos os membros da família Romanov". Então, 15 meses depois, em 1917, o czar e toda a sua família sofreram a execução fuzilados pelos revolucionários.
Rasputin foi usado pelos opositores dos Romanov para enfraquecer o regime. |
Vilão ou herói?
Rasputin escreveu muito pouco sobre si mesmo e a maior parte das informações que temos sobre ele são oriundas de seus próprios detratores e inimigos políticos, o que, no mínimo, prejudica a credibilidade destas informações. Talvez realmente Rasputin fosse um aproveitador, um embusteiro charlatão amante da imperatriz e lascivo. Ou, provavelmente, tenha sido um homem pobre que soube aproveitar boas oportunidades para subir na dura vida da Rússia imperial, de boa oratória e convincente. Esperto, mas não um demônio. Rasputin está longe de ser um mero maníaco ou uma figura desgastada: sua imagem foi largamente utilizada para prejudicar os Romanov e enfraquecer o regime czarista, abrindo caminho para os revolucionários, um tipo de bode expiatório usado para receber a culpa pelas crises internas do país e evidenciar a fraqueza administrativa do Império. Talvez estes homens tenham sido os verdadeiros traidores.
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