Civis holandeses em torno de um tanque Sherman. |
O tanque M4 General Sherman, mais popularmente conhecido apenas como Sherman, foi o veículo blindado mais largamente utilizado pelas tropas Aliadas. De fabricação norte-americana, foi amplamente utilizado em apoio à infantaria, missões de reconhecimento, patrulha e escolta. Este pequeno veículo, entretanto, tinha um poder de fogo limitado e uma blindagem medíocre, o que fazia dele um alvo fácil para os tanques alemães. Mesmo isso não foi suficiente para apagar a importância das ações desempenhadas pelo "menor dos tanques de guerra".
Linha de montagem de tanques M4 Sherman, nos Estados Unidos. |
Criação
Originalmente criado para substituir o modelo de tanque médio M3 Lee, os planos para o modelo M4 Sherman foram submetidos ao Departamento de Ordenamento do Exército, em 31 de Agosto de 1940. Em Abril do mesmo ano, o projeto recebeu aprovação. O alvo central era a criação de um tanque rápido, leve, ágil e com facilidade de manobras, capaz de derrotar qualquer veículo posto em uso pelos países do Eixo, até aquele momento. As medidas do tanque também deveriam permitir que ele fosse capaz de se locomover por estradas e pontes estreitas, locais de difícil acesso e com pouco espaço para manobras.
Produção e Aprimoramentos
Uma encomenda de 50.000 modelos foi feita, e durante o processo de produção industrial, o M4 Sherman sofreu diversas modificações, sendo produzidos também os modelos variados dessa linha, como o M4A1, M4A2, M4A3, M4A4, M4A5 e o M4A6. Entretanto, essa série de modelos não representa uma evolução horizontal do tanque Sherman, mas sim, apenas mudanças pontuais no tipo de combustível utilizado, local de produção dos veículos, modelo do motor ou do sistema de câmbio, tendo as especificações centrais permanecido praticamente as mesmas durante todo o período de produção do tanque Sherman. Incrementos posteriores foram adicionados ao veículo, como, por exemplo, aumento de sua velocidade, reforço da blindagem e um canhão aprimorado de 76mm, bem como maior espaço para estocagem de munição e um motor mais potente e mais resistente às avarias. Um número de tanques Sherman recebeu, na linha de produção, um canhão howitzer de 105mm, ao invés do canhão convencional de 76mm. Um modelo inovador do Sherman foi criado posteriormente, batizado como M4A3E2 Jumbo Sherman, com uma torre maior, um calibre maior, uma blindagem mais espessa e um design especialmente projetado para atacar fortificações em missões de apoio ao desembarque na Normandia, na famosa operação do Dia D. Outros modelos recebiam configurações personalizadas, como tanques Sherman equipados com dupla direção, para operações amfíbias; outros, recebiam lança-chamas modelo R3, muito utilizados para incendiar bunkers inimigos. Estes modelos, conhecidos como Zippos, também foram largamente utilizados nas batalhas do Pacífico, contra as forças japonesas.
Variações do modelo M4 Sherman. |
Tripulações britânicas embarcando em tanques Sherman, na batalha de El Alamein. |
Colocado em uso em Outubro de 1942, os tanques Sherman atuaram na batalha de El Alamein à serviço do Exército Britânico. Os primeiros tanques Sherman postos em combate pelos norte-americanos desempenharam ações de campo no mês de Novembro, na região Norte da África. Desse modo, substituíram gradativamente os modelos M3. Na época, o tanque Sherman era superior aos tanques do Eixo utilizados no Norte da África, e conseguia disputar de igual para igual com os tanques da linha Panzer IV. Nas batalhas de El Alamein, os tanques Sherman se mostraram mais rápidos, ágeis, versáteis e potentes do que os utilizados pelas Afrikakorps de Rommel. Essa situação, entretanto, mudaria não muito tempo depois, com os aprimoramentos das linhas Panzer, trazendo modelos mais robustos, mais potentes e com maior blindagem e manobrabilidade.
O Sherman na Normandia
Tropas, veículos (incluindo tanques Sherman) sendo desembarcados nas praias da Normandia. |
Os desembarques na Normandia, em Junho de 1944, mostraram que os canhões de 75mm dos tanques Sherman eram inofensivos contra a blindagem dos tanques alemães Panther e Tiger. Um canhão de 76mm logo substituiu o antigo modelo, mas também se mostrou incapaz de perfurar a blindagem massiva desses tanques inimigos. A única chance que os tanques Sherman tinham contra os tanques Panther e Tiger era garantir uma aproximação considerável e tentar atingir suas laterais, onde a blindagem era mais fraca. A desvantagem técnica foi superada por uma ação conjunta, onde vários tanques Sherman trabalhavam em cooperação, junto com equipes de infantaria propriamente treinadas para destruir os tanques alemães. Essa estratégia mostrou muita eficácia, mas as perdas foram grandes para os Aliados.
Filas de tanques Sherman agrupados, em Utah, à serviço da Divisão Armada Francesa. |
O Sherman no Pacífico
Tanque Sherman em apoio à infantaria, utilizado em uma ilha do Pacífico contra os japoneses. |
Os tanques Sherman foram largamente utilizados na guerra do Pacífico contra os japoneses. Nesta altura do conflito, os japoneses praticamente dispensaram a produção de qualquer veículo blindado pesado maior do que modelos de tanques leves, fazendo com que mesmo os Sherman equipados com canhões 75mm se tornassem praticamente invencíveis no campo de combate. Equipados principalmente com lança chamas, estes tanques atacavam os esconderijos, túneis e cavernas onde os japoneses se escondiam. A grande quantidade de ilhas do arquipélago exigia a capacidade anfíbia destes tanques, o que facilitava seu transporte mesmo em locais de difícil acesso. O tanque Sherman servia também para oferecer apoio às infantarias. Com os alemães fora de jogo, o pequeno tanque tornou-se senhor soberano dos campos de batalha.
Saldos e conquistas
Tanque Sherman dando suporte à infantaria, em uma batalha na cidade de Wernberg, na Alemanha, em Abril de 1945. |
50.000 tanques foram produzidos entre 1942 e 1945. Desempenharam ações na Europa, na Rússia, na Ásia, na África e no Pacífico. Inicialmente, não encontravam grandes desafios ou oponentes à altura, mas logo se mostraram inferiores aos inovadores Tiger e Panther. Os tanques Sherman não eram exatamente os veículos mais seguros: o armazenamento de combustível e munição e a fraca blindagem tornavam estes veículos como bombas explosivas, sendo praticamente impossível para uma tripulação abandonar estes veículos em casos de emergência. Essa falha técnica causou a morte de muitos tripulantes de tanques. Entretanto, sua alta velocidade, seu grande raio de alcance operacional, sua facilidade de manobra, a versatilidade de seus componentes (permitindo alterações rápidas e significativas, além de personalizações) fizeram do Sherman o tanque mais flexível e adaptável da Segunda Guerra Mundial. Certamente, não foi o mais poderoso dos veículos, mas foi um pequeno Davi que derrubou inúmeros Golias.
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