Schwerer Gustav
Os nazistas não tinham apenas uniformes legais. Eles também construíam máquinas incríveis. Alguns projetos eram tão extravagantes que não chegaram a tomar forma real, ficando apenas no imaginário megalomaníaco de Adolf Hitler. Uma das armas mais impressionantes e um dos símbolos mais notórios típicos da mania de grandeza dos membros do Reich foi o canhão de alta propulsão Schwerer Gustav, apelidado carinhosamente de Dora. Deslocado através de ferrovias, era utilizado contra alvos e áreas específicas graças ao seu alto poder de precisão e impacto.
Castigo sobre trilhos
Hitler, em primeiro plano, em visita acompanhado de seu alto comando, nos primeiros testes com a arma. |
Schwerer disparando. |
Fabricado pela empresa Krupp e posto em serviço entre 1941 e 1945, o canhão retroativo Schwerer Gustav foi o resultado de um trabalho iniciado em 1934 por ordens do Oberkommando Der Wermach (Alto Comando Alemão), que desejava a criação de uma arma de artilharia capaz de danificar as fortificações francesas da Linha Maginot, e, dessa forma, facilitar a invasão da França. O projeto inicial foi chefiado por Erich Müller, mas, entretanto, foi descontinuado até o ano de 1936, devido à natureza gigantesca da arma, que, na época, não poderia demandar muita atenção do Alto Comando Alemão. Além disso, a operação de invasão da França foi bem sucedida sem a necessidade de tal peça de artilharia, graças ao avanço pelas Ardenas e a volta dada na Linha Maginot. No ano de 1937 Hitler decide retomar os projetos, e no verão do mesmo ano a primeira arma começa a ser construída. O prazo de término foi definido para a primavera de 1940, mas somente no ano seguinte o instrumento foi concluído. Alfred Krupp realizou testes de campo para Hitler e Speer, e, devido ao sucesso dos mesmos, duas armas foram encomendadas.
Gigante de Aço
Soldados aliados em destroços de um Schwerer. |
O armamento possuía dimensões apocalípticas: de altura, quase 12 metros, e de comprimento, 47.3 metros. Pesava 1350 toneladas. Possuía um alcance total de 47km, que variava dependendo do tipo de munição utilizada. Para munição penetrante, o alcance era de um raio de 38km; para munição detonante, 47km. O armamento exigia ainda uma mobilização gigantesca e uma logística excepcional: para a construção das ferrovias, cerca de 2.500 operários; para a defesa em torno do perímetro da artilharia, 2 batalhões de defesa antiaérea; e, somente para a montagem, 250 homens, em um trabalho que levava em média 54 horas para ser concluído. O canhão foi utilizado pela primeira vez no cerco da cidade de Sebastopol, na União Soviética. Em 1942, os primeiros ataques com o canhão foram realizados: contra o Forte Stalin, o Forte Molotov, um depósito de munição em Severnaya, Forte Sibéria e o Forte Gorki. O canhão utilizado no cerco de Sebastopol foi batizado de Gustav. Somente ele disparou 30.000 toneladas de explosivos, apenas contando com Sebastopol que, após o ataque, estava em ruínas; disparou mais de 250 vezes durante o conflito. Um outro plano foi realizado para utilizar Gustav no cerco de Leningrado, mas o ataque foi cancelado. O armamento foi conduzido novamente à Alemanha, para receber reparos. Em 1945, com as constantes derrotas alemãs, os canhões desse modelo foram destruídos para evitar que fossem utilizados ou reconstruídos pelos adversários. Destroços foram encontrados próximo à cidade de Auerbach. Os projéteis alto explosivos pesavam 4.8 toneladas; e os projéteis anti concreto (granadas), 7.1 toneladas. Os altos custos tanto em materiais quanto em mão de obra inviabilizaram a produção em larga escala do armamento. A dificuldade de mobilidade limitou a utilização destes canhões. Entretanto, seu poder de fogo era inigualável em poder de propulsão e detonação dos projéteis, e certamente esta arma representa muito da incrível engenharia de guerra alemã.
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