Órgãos de Stalin em desfile da Parada da Vitória, em Moscou, 24 de Junho de 1945.
Uma fantástica arma de artilharia com um imenso potencial de dano de área nasce das forjas da União Soviética. Em seu glorioso nascimento, recebe o nome batismal de seu "pai": fica notoriamente conhecida como "Órgão de Stálin" (Stalinorgel). Aquilo que se tornaria o terror dos alemães, conseguindo combater de igual para igual os mortíferos equipamentos de artilharia germânicos Nebelwerfer. Resultado do programa de reorientação industrial para o extremo leste soviético, nos montes Urais, o Órgão de Stálin varreria os campos na marcha Vermelha até Berlim.
Música para os ouvidos
Batizado oficialmente de Katyuscha (uma referência à cultura russa, em uma canção de mesmo nome popularmente conhecida, que contava a história de uma mulher chamada Katyuscha, lamentando a ausência de seu amado, que partiu para o serviço militar), os Stalinorgel (chamados assim pelos alemães, devido à semelhança entre os tubos de lançamento e o instrumento musical, e uma clara referência a Stalin) foram criados em 1939, em um esforço conjunto entre Georgy Langemak (na foto ao lado) e Kostikov. O armamento consistia em acoplar uma série de tubos de lançamento de foguetes a um veículo (geralmente caminhões Studebaker) terrestre. Posteriormente, estes tubos foram instalados também em navios e veículos blindados. Os projéteis utilizados eram mísseis M-13 com sistema de operação BM-13, com 1,80m de comprimento, 13,2cm de diâmetro e um peso de 42kg. Cada um dos caminhões possuía uma série de tubos alinhados, em um número que variava de 14 até 48 tubos. Completamente carregada, essa arma tornava-se letal e era capaz de atingir uma extensão considerável, mostrando-se eficiente contra veículos e, sobretudo, contra infantaria. Os órgãos de Stalin eram usados mesmo como uma espécie de "contra artilharia", graças ao seu considerável alcance, evitando o bombardeamento de posições soviéticas. Os Órgãos de Stalin foram usados não somente durante o segundo conflito mundial, mas também em guerras como a da Coreia, do Vietnã, a guerra entre Irã e Iraque, o combate do Yom Kippur, a guerra do Líbano e a guerra civil na Líbia, em 2011.
Sinfonia da Destruição
No vídeo, imagens de disparos realizados por Órgãos de Stalin.
Soldados soviéticos recarregando Órgãos de Stalin.
Os órgãos de Stalin tinham um ponto fraco: não eram exatamente a peça de artilharia mais precisa. Os mísseis M-13 não tinham grande foco e precisão. Entretanto, um conjunto de caminhões equipados com diversos tubos era capaz de, em pouco tempo, atingir uma imensa área e com uma expressiva quantidade de explosões. Assim, seu principal uso e efeito era o bombardeio por saturação. Quatro baterias eram capazes de lançar, de 7 a 10 segundos, 4.35 toneladas de explosivos em um alcance de aproximadamente 400km. A rápida mobilidade dos veículos permitia que as baterias fossem levadas para outro lugar, diminuindo consideravelmente as chances de os inimigos as detectarem e operar um contra-ataque eficiente. Um outro ponto negativo merece ser citado, entretanto: a recarga das baterias era extremamente lenta, tanto pelo peso dos projéteis, quanto pelo sistema de recarga. Sendo assim, o equipamento não poderia operar com uma taxa contínua de disparos, apenas uma sessão massiva de lançamentos até a próxima e demorada recarga. Durante a série de lançamentos, um barulho extremamente alto e ensurdecedor podia ser ouvido até mesmo pelas tropas atingidas, que, pelo nítido barulho, conseguiam distinguir o armamento. Os Órgãos de Stalin tornaram-se, então, o pesadelo dos alemães. Durante a batalha de Berlim, o responsável pela operação, Georgy Zhukov, realizou uma série de bombardeios prévios na cidade e nas áreas periféricas para enfraquecer consideravelmente as forças alemãs. Entretanto, junto com a destruição, inúmeros escombros e "bunkers" se formavam, o que tornou a batalha de Berlim em uma das mais sangrentas lutas da Segunda Guerra Mundial, graças à resistência obstinada dos alemães. Orquestra Soviética
Órgãos de Stalin realizando disparos.
Durante toda a Segunda Guerra Mundial, estes equipamentos sofreram alterações e aprimoramentos. Quando a Alemanha invadiu a URSS, apenas pouco mais de 40 destes equipamentos estavam em operação. Entretanto, até o final do conflito em 1945, cerca de 10.000 Órgãos de Stalin foram produzidos. Com o constante fornecimento de veículos pelos Aliados, os soviéticos realizaram uma série de instalações em diferentes veículos, inclusive mais rápidos, o que tornou a artilharia cada vez mais rápida, flexível e maleável. Mesmo após o conflito, o armamento continuou sendo utilizado e aprimorado, marcando presença em diversos conflitos e sendo exportado para diversos países.
0 comentários