Um dos terroristas do Setembro Negro, na sacada do prédio onde estavam os atletas israelenses em Munique. |
O ano de 1972 entrou para a História por conta da maior catástrofe terrorista em jogos olímpicos. As Olimpíadas de Munique, na Alemanha Ocidental, seriam palco para o mais marcante ataque terrorista da organização extremista pró Palestina chamada Setembro Negro. Os resultados desse ataque desencadearam uma série de retaliações por parte do governo israelense, o que fez eclodir vários outros ataques terroristas não apenas do Setembro Negro, mas de vários outros grupos.
Os Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, foram os primeiros jogos olímpicos realizados na Alemanha desde o fim do regime Nazista. A participação da delegação olímpica israelense tinha um duplo significado: o primeiro, político e ideológico, como uma amostra da recuperação pós Nazismo, elevando a moral israelense; o segundo, a reaproximação entre Alemanha e Israel. Estas Olimpíadas, inicialmente, tinham como objetivo publicitário promover a cultura de paz.
Setembro Negro
Militantes palestinos Fedayin. Vários destes militantes participariam do Setembro Negro. |
Chamado em Árabe de Munaẓẓamat Aylūl al-Aswad (na escrita original, منظمة أيلول الأسود ), o grupo terrorista Setembro Negro era composto por membros da organização Fatah. Criado em 1970, era um braço da OLP (Organização para a Libertação da Palestina) na luta contra o exército da Jordânia, em retaliação às ações do rei jordaniano Hussein contra a tentativa de golpe de estado dos Fedayin, militantes palestinos, deportando milhares de palestinos em conflitos que causaram cerca de 10.000 mortes. O Setembro Negro foi formado por militantes do Fatah e da As-Sa'iqa.
Os maiores atentados do Setembro
Os principais atos terroristas do grupo foram: o sequestro e assassinato de 11 atletas israelenses durante os Jogos Olímpicos de Munique, em 1972; a tentativa de matar o embaixador da Jordânia em Londres, em 1971; a sabotagem de uma usina elétrica na Alemanha Ocidental e uma fábrica de gás na Holandesa em 1972; o sequestro de um avião belga com destino a Tel Aviv também em 1972 e o atentado à embaixada saudita no Sudão em 1973, causando a morte de três diplomatas, dois norte-americanos e um belga.
Após diversos atentados, a própria Organização pela Libertação da Palestina desmantelou o Setembro Negro, acusando-os de prejudicar a causa palestina trazendo uma imagem negativa aos militantes dos demais grupos ligados à causa. Entretanto, o grupo continuou agindo e permanece ativo até hoje, listado como uma organização terrorista pela lista oficial da União Europeia.
Massacre de Munique
Caixões dos atletas israelenses mortos, em procissão para seu enterro. |
Em 5 de Setembro de 1972, às 4 da manhã, oito membros invadiram o dormitório da delegação israelense. No ato da invasão, dois atletas foram mortos, após ferir alguns terroristas e nocautear um deles. Nove atletas foram tomados como reféns. Os terroristas exigiam a libertação de vários prisioneiros palestinos por parte do governo de Israel. As autoridades israelenses negaram o pedido, e, como resultado, o ato terminou de forma trágica: cinco dos oito terroristas foram mortos, todos os nove reféns israelenses morreram e um policial alemão foi morto. Os outros três terroristas que sobreviveram e foram presos acabaram sendo soltos depois, por conta de um sequestro em um voo alemão, em troca da libertação dos reféns.
Mortos
Atletas israelenses mortos no atentado. |
Os atletas da delegação israelense mortos foram: Moshe Weinberg e Yossef Romano (mortos ao reagir à invasão); Ze'ev Friedma, David Berger, Yakov Springer, Eliezer Halfin, Yossef Gutfreund, Kehat Shorr, Mark Slavin, Andre Spitzer e Amitzur Shapira (mortos por granadas atiradas pelos terroristas). O policial alemão morto chamava-se Anton Fliegerbauer. Os terroristas mortos chamavam-se Luttif Afif, Yusuf Nazzal, Afif Ahmed Hamid, Khalid Jamal e Ahmed Chic Thaa.
Resposta de Israel
Golda Meir, primeira ministra israelense da época. |
Após o atentado de Munique, as autoridades alemãs criaram a unidade policial especial anti terrorismo chamada GSG - 9 (GSG 9 der Bundespolizei),israelenses tomaram algumas medidas de reação. A primeira ministra israelense da época, Golda Meir, iniciou a operação Cólera de Deus (Wrath of God), onde agentes ligados não oficialmente ao Mossad realizaram operações secretas resultando na morte de diversos líderes da OLP e de grupos ligados ao ataque do Setembro Negro. Por sua vez, tais operações despertaram ainda mais extremismo terrorista, com novos atentados sendo realizados. Dois dos três terroristas foram mortos, nessas operações. O terceiro, Mohammed Oudeh, sobreviveu a um atentado contra sua vida, mas morreu em 3 de Julho de 2010 em Damasco, por falência renal.
Lições e Desafios
Não somente o atentado de Munique, mas todos os outros, sendo executados por grupos paramilitares ou pelas próprias potências mundiais, demonstram o despreparo das relações internacionais cada vez mais evidente. A capacidade diplomática e a resolução pacífica de conflitos torna-se cada vez mais rara e somente uma bonita teoria, enquanto a prática é o derramamento de sangue. Os eternos conflitos entre israelenses e palestinos possuem ramificações milenares e muito complexas, mas certamente a maior culpada pela atual situação é a ONU, que não cumpriu as promessas de criar um Estado para os palestinos e delimitar as fronteiras desse Estado. Sem um Estado reconhecido, a situação palestina se deteriora, causando ataques extremistas, o que incita retaliações violentas de Israel, que, por sua vez, causam ataques ainda piores, formando um círculo que parece interminável. O terrorismo afeta cada um de nós, e deve ser tratado de forma séria e madura, não sendo uma mera questão de extremistas árabes, mas produto da conivência e do apoio das próprias potências que se dizem anti terroristas.
Era pegadinha garai!
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