Ao centro, Rommel. |
No front africano, os nazistas desempenharam campanhas com o objetivo específico de assegurar o suprimento de petróleo para sua máquina de guerra. A campanha seria de enfrentamento contra a presença majoritariamente britânica no continente, e, auxiliando as tropas italianas em suas colônias, o avanço alemão deveria ser rápido, determinante e decisivo. Com a campanha dificultosa na Rússia, o petróleo do Cáucaso tornava-se cada vez mais distante. Agora, era essencial assegurar esse suprimento vindo do continente africano. Um homem, à frente da Afrikakorps, seria o responsável por liderar essas campanhas: falamos de Erwin Rommel, apelidado de "Raposa do deserto".
Vida e origens
Nascido em Heindenheim, na Alemanha, em 15 de Novembro de 1891, filho de Erwin e Helene, Rommel desde cedo demonstrou um destaque nas disciplinas técnicas e exatas. Seu pai foi um dos responsáveis pelo estímulo militar presente em Rommel desde sua juventude, e, através de seus conselhos, Rommel iniciaria sua carreira militar. Desde cedo, e demonstrando aptidão nas disciplinas específicas, o talento nato de Erwin foi notado por seu pai que estimulou no filho o gosto pela Engenharia. Desse modo, o melhor segmento para desenvolver essa profissão seria justamente no meio militar.
Início da carreira militar
Estimulado por seu pai, Erwin se une ao 124º Regimento de Infantaria de Württemberg, como cadete, no ano de 1910. Depois, foi transferido para a Escola de Cadetes em Danzig, onde ele conquistou a graduação, formando-se como tenente em 27 de Janeiro de 1912. Ainda durante seus estudos, ele conheceu aquela que viria a ser sua futura esposa, Lucia Mollin. Eles se apaixonaram e, em 27 de Novembro de 1916, acabam por se casar. Durante todo o processo de educação militar, Erwin foi um dos mais destacados e promissores alunos. Sua carreira já se consolidava, mas os conhecimentos teóricos de Rommel seriam definitivamente testados em campo.
Ações na Primeira Guerra Mundial
Em agosto de 1914, quando o conflito iniciou, Rommel foi designado para o Front Ocidental, juntamente com o 6º Regimento de Infantaria de Württemberg. Em Setembro do mesmo ano, Rommel foi gravemente ferido. Por bravura em ação, foi condecorado com a Cruz de Ferro de Primeira Classe. Após se recuperar do ferimento, ele retornou ao campo de batalha, sendo transferido para o Batalhão de Montanha de Württemberg, uma unidade de elite dos Alpenkorps, no outono de 1915. Nessa unidade, Rommel lutou tanto no front ocidental quanto no front oriental. Lutou na Batalha de Caporetto, na Itália, onde, por suas ações, recebeu a medalha Pour le Mérite. Ao final da guerra, Rommel atingiu o posto de capitão. Após o armistício da Alemanha, ele voltou a trabalhar em seu regimento original, na cidade de Weingarten.
Carreira no Nazismo
Com a subida de Hitler ao poder, em 5 de Março de 1933, uma consistente política de rearmamento foi conduzida em toda a Alemanha, a despeito do tratado de rendição assinado ao fim da Primeira Guerra Mundial, emBrest-Litovski, impondo sanções humilhantes à Alemanha e sérias restrições às forças armadas do país. Por conivência das potências ocidentais que, com vistas grossas ignoraram a rápida escalada de militarização alemã (e com isso desejavam utilizar o país para o enfrentamento da Rússia bolchevique), Adolf Hitler pôde conduzir uma política severa de retorno das Forças Armadas nacionais. Nesse período, os talentos de Rommel foram aproveitados e ele experimentou uma rápida progressão em sua carreira. Sendo já um oficial reconhecido, ele era preferível em campo, agindo, do que em uma mesa apenas fazendo planejamentos. E esse estilo prático e incisivo seria marcante durante toda a sua carreira. Em 1929, ele se torna instrutor na Escola de Infantaria de Dresden. Nesse período, ele escreveu diversos trabalhos abordando treinamento, táticas e posturas, sendo um dos seus mais famosos trabalhos o livro intitulado Infanterie Greift an ("Ataque de Infantaria"), publicado em 1937. O talento de Rommel chamou a atenção de Hitler, e Rommel recebeu um cargo junto à Juventude Hitlerista (Hitlerjugend). Rommel pretendia fazer da Juventude Hitlerista algo além de um movimento cívico, tornando-a um exército auxiliar, mas estes planos não se concretizaram oficialmente. Em 1937, ele é promovido a coronel, e em 1938 é colocado no posto de comandante na Academia de Guerra de Wiener Neustadt. Depois, foi promovido à guarda pessoal de Hitler (Führer Begleitbataillon), como comandante desta unidade de elite. A relação entre Rommel e Hitler tornava-se cada vez mais próxima e recorrente, e isso é notório quando Rommel é apontado pelo líder do Reich como um de seus mais favoritos oficiais. Rommel estreitou seus contatos com Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista. Goebbels, usando seu aparato propagandista, seria um dos grandes responsáveis por projetar a figura pública de Rommel. Com o início da Segunda Guerra, Rommel é enviado ao front na Polônia, o campo de testes para as ações de Blitzkrieg alemãs.
Campanha na França
Rommel solicitou um cargo de comando em uma divisão panzer, e foi atendido. Hitler o designou à frente da 7ª Divisão Panzer com o cargo de major general. Rommel rapidamente ampliou seus conhecimentos práticos com o uso de unidades blindadas, apesar de sua baixa experiência anterior nessa modalidade. Especializou-se em guerra móvel, e aplicou as táticas de guerra rápida da Blitzkrieg às suas unidades. Sua divisão, pertencente ao general Hermann Hoth, avançou em território francês no dia 10 de Maio. A divisão ganhou imensa mobilidade e rapidez com Rommel, fato que garantiu a essa divisão o apelido de Divisão Fantasma. Rommel conquistava vitória após vitória, e rapidamente construiu uma sólida reputação. Em 21 de Maio, ele repeliu um contra-ataque britânico em Arras. Roomel recebeu de Hitler a Cruz de Ferro do Cavaleiro, por seu comportamento pessoal. Esse fator, entretanto, provocou a antipatia em outros oficiais. Em 10 de Junho, ele alcança a costa da França, tomando a cidade de Lille. Após a bem sucedida campanha na França e nos Países Baixos, Rommel conquistou o comando da recente criada Deutsches Afrikakorps (Unidades Alemãs na África). Uma das primeiras tarefas de Rommel seria desembarcar no Norte da África e resgatar as tropas italianas cercadas durante a Operação Compasso.
Campanha na África
Rommel na Líbia, em Trípoli. |
Em Fevereiro de 1941, Rommel e sua Afrikakorps chegam à Líbia, com a missão de segurar as posições alemãs e realizar operações ofensivas cautelosas. Tecnicamente, as operações eram comandadas pelo Comando Supremo italiano, mas Rommel logo tratou de tomar a dianteira tática. Em 24 de Março, ele ataca a posição britânica em El Agheila, com uma divisão alemã e duas divisões italianas. Fazendo os britânicos recuarem, ele capturou as cidades de Cyrenaica, e Gazala, em 8 de Abril. Apesar de o Alto Comando lhe solicitar um refreio ao ritmo de suas operações, Rommel avança ainda mais e toma o porto de Tobruk, fazendo os britânicos recuarem até ao Egito. Um alto oficial alemão, chamado Franz Halder, disse que Rommel havia "enlouquecido" no Norte da África. Este medo é justificável pelo caráter muitas vezes imprudente de Rommel, que avançava demasiadamente. A questão era: Rommel se mostrava capaz de vencer e conquistar território rapidamente, mas seria ele capaz de assegurar essas conquistas? A extensão das campanhas dificultava os suprimentos às divisões, e o risco de cair em armadilhas era muito frequente. Apesar de vitorioso em Tobruk, as ações de Rommel demonstraram alguns erros, especialmente nos diversos problemas logísticos que suas tropas enfrentaram durante as operações. Rommel, entretanto, venceu duas tentativas britânicas de retomada do porto de Tobruk, consolidando ali a sua posição. Em Novembro de 1941, ele foi forçado a recuar quando a operação Crusader foi lançada, e, desse modo, Tobruk finalmente é reconquistada pelos britânicos. Rommel foi obrigado a recuar todo o território conquistado, de volta até El Agheila. Esse início de recuos alemães teve como responsável especialmente o líder militar britânico Bernard Montgomery, que se mostraria o único homem capaz de deter e vencer a "Raposa do deserto". Em Janeiro de 1942, Rommel reagrupa suas divisões e ataca Gazala. Em 26 de Maio, ele ataca as posições britânicas fazendo-os recuarem até o Egito, mais uma vez. ele é então promovido a marechal de campo. Capturou novamente Tobruk, mas foi refreado na Primeira Batalha de El Alamein, em Julho. Com suas linhas de suprimento perigosamente estendidas e sua pressa em tomar o Egito, Rommel tenta uma ofensiva em Alam Halfa em Agosto, mas é vencido. Durante a Segunda Batalha de El Alamein, ele enfrenta um agravamento na logística e na manutenção de suprimentos, o que causa a insustentável situação de suas posições. Ele recua para a Tunísia, encurralado pelas tropas do Oitavo Exército Britânico e as forças anglo-americanas, durante a Operação Tocha. Ele conseguiu infligir sérios danos no 2º Corpo dos Estados Unidos, na passagem de Kasserine. Apesar disso, sua situação piorou e ele perdeu o comando da Afrikakorps, sendo enviado de volta à Alemanha em 9 de Março.
Campanha da Normandia
Rommel em inspeção às tropas de defesa da Normandia. |
De volta à Alemanha, Rommel comandou operações na Grécia e na Itália antes de ser colocado na liderança do Grupo B na França. Sua missão era defender as praias onde os desembarques aliados iriam acontecer. Em conjunto com outros oficiae deis, ele definiu que o alvo mais provável dos aliados seria o porto de Calais. Quando a invasão aliada começou em 6 de Junho de 1944, ele retornou à Normandia e coordenou os esforços defensivos em Caen. Em 17 de Julho, Rommel foi gravemente ferido quando seu carro foi atingido por um avião aliado.
Morte e legado
No início de 1944, Rommel é convidado por um grupo de oficiais para participar de um complô para depor Hitler. Rommel aceitou, mas desejava que Hitler fosse levado a julgamento, e não assassinado. Em 20 de Julho do mesmo ano, uma tentativa frustrada de eliminar Hitler expõe todo o complô, e Rommel é indicado como um dos mentores da tentativa de assassinato de Hitler, quando ele jamais endossou qualquer plano específico para executar Hitler. Entretanto, o próprio führer sabia que Rommel era inocente. Mas a pressão de outros oficiais foi tão grande, que Rommel, com medo de que fosse levado a julgamento público e sua família fosse posteriormente perseguida, cometeu suicídio em 14 de Outubro de 1944, tomando uma pílula de cianeto. Para evitar escândalos maiores, sua morte foi publicamente anunciada como consequência de um ataque cardíaco. Após seu suicídio, a família de Rommel recebeu proteção oficial de Hitler, para evitar retaliações por parte de outros oficiais. Terminava assim, de modo trágico, a vida de um dos mais brilhantes comandantes nazistas. Como legado, Rommel deixou numerosas obras sobre estratégia e conduta militar. Foi também responsável pelo rápido avanço alemão em duas frentes, tanto na Europa quanto na África, e por atrasar - ainda que um pouco - o avanço aliado na Europa ocidental. Rommel conquistou vitórias respeitáveis em um continente com predominante presença britânica.
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