Chineses consumindo a droga que seria responsável por uma verdadeira devastação em seu país. |
O que acontece quando um império combalido decreta leis proibindo a comercialização da droga mais devastadora já experimentada até então, contrariando os interesses das grandes empresas da maior potência mundial da época, o Império Britânico? Simples: guerras e mais guerras. Por essa (e outras) motivações, as Guerras do Ópio tiveram lugar no território do dragão adormecido.
O dragão fumante
O ópio foi a droga mais viciante e lucrativa dos séculos XVIII e XIX. |
As indústrias crescentes da Europa já estavam praticamente esgotando os mercados locais. A solução para todo o mercado saturado é a expansão. Desse modo, a exploração nas colônias da América aumentou, bem como a colonização da África. Agora, era ora também de estender as mãos no continente asiático. O Japão, cada vez mais "ocidentalizado", ainda consegue se manter ao menos a salvo dos mercados europeus. Mas a China, um grande dragão adormecido, um império já muito desgastado, se tornou presa fácil para os empreendimentos do Ocidente. E os mercados europeus desejavam o lucro, mesmo que ele fosse obtido através do comércio de drogas altamente viciantes. Foi assim que a droga mais viciante da época encontrou amplo mercado, especialmente frente a uma população miserável que encontrava nos efeitos da planta uma calma para seus próprios problemas sociais. A droga rapidamente se espalhou e viciou grande parte dos chineses
O ópio
O ópio
Mulher chinesa anestesiada pelos efeitos do ópio. |
Droga extraída de uma planta chamada cientificamente de Papaver somniferum, popularmente conhecida como papoula. A droga é produzida através de um suco retirado da planta, que é transformado em um pasta que pode ser utilizada para o fumo. É uma das drogas mais viciantes que existem, e seus efeitos mais comuns estão associados ao sistema nervoso humano, proporcionando sensações como extremo relaxamento, sono e anestesia. Alguns componentes da droga, corretamente ministrados, servem como sedativos naturais, sem maiores efeitos danosos no organismo. Essa substância causa depressão no sistema nervoso central, diminuindo seu funcionamento e causando uma hipnose analgésica, especialmente em grandes concentrações.
Proibições chinesas
Por conta dos efeitos devastadores causados na sociedade chinesa que, por conta da droga havia praticamente estabelecido todo um crime organizado em seu redor, desde o tráfico feito pelos britânicos até sua disseminação por toda a China, a violência, aumento do número de mortes e dos mais diversos problemas sociais, o governo chinês colocou a droga na ilegalidade no ano de 1839. As autoridades chinesas confiscaram enormes quantidades de ópio, especialmente no porto de Cantão (Guangzhou), além de eventualmente prender alguns oficiais e tripulantes de navios britânicos que carregavam a droga.
A Primeira Guerra do Ópio
Ilustração moderna, retratando uma batalha entre britânicos e chineses. |
Os britânicos, interessados em pressionar os chineses para a total abertura econômica, enviaram diversos navios de guerra para atacar os principais portos chineses. Essa foi a resposta em relação às diversas sanções chinesas contra o comércio da droga. As forças militares da terra da seda não foram capazes de fazer frente aos exércitos britânicos, mais bem equipados e modernizados. Assim, teve início a Primeira Guerra do Ópio, que durou de 1839 a 1842. O resultado foi negativo para os chineses, que foram obrigados a assinar um tratado de rendição em Nanjing, no ano de 1842, e um tratado comercial suplementar, em Bogue, no ano de 1843. Assim, o país estava novamente aberto para ser explorado pela droga viciante.
A Segunda Guerra do Ópio
Sem motivações fortes como a primeira guerra, a Segunda Guerra do Ópio, que durou de 1856 a 1860, foi motivada por um evento um tanto quanto controverso. Os ingleses disseram que as autoridades chinesas haviam ilegalmente revistado um navio britânico batizado de Arrow, no porto de Guangzhou. Dessa vez, ingleses e franceses invadiram a China e tomaram os portos de Guangzhou e Tianjin. Os chineses foram forçados a assinar novos tratados comerciais em 1858, abrindo os mercados para a França, a Rússia, o Império Britânico e os Estados Unidos da América. A China ficava cada vez mais nas mãos estrangeiras. Onze outros portos chineses foram abertos, comitivas missionárias cristãs foram permitidas e o comércio de ópio foi oficialmente legalizado.
Últimas tentativas do dragão
Sem motivações fortes como a primeira guerra, a Segunda Guerra do Ópio, que durou de 1856 a 1860, foi motivada por um evento um tanto quanto controverso. Os ingleses disseram que as autoridades chinesas haviam ilegalmente revistado um navio britânico batizado de Arrow, no porto de Guangzhou. Dessa vez, ingleses e franceses invadiram a China e tomaram os portos de Guangzhou e Tianjin. Os chineses foram forçados a assinar novos tratados comerciais em 1858, abrindo os mercados para a França, a Rússia, o Império Britânico e os Estados Unidos da América. A China ficava cada vez mais nas mãos estrangeiras. Onze outros portos chineses foram abertos, comitivas missionárias cristãs foram permitidas e o comércio de ópio foi oficialmente legalizado.
Últimas tentativas do dragão
Caricatura mostrando as potências dividindo a China. |
O governo chinês ainda tentou reagir. Em 1859, tentou impedir a presença de diplomatas e embaixadores ocidentais em Beijing. Como resposta, os britânicos forçaram novas leis e tratados comerciais, invadiram a capital e queimaram um dos maiores símbolos culturais do Oriente, queimando o Palácio Imperial de Verão, chamado de Yuan Ming Yuan. Em 1860, a China foi novamente forçada a reforçar os termos do Tratado de Tianjin e realizar concessões adicionais. Assim, uma situação insustentável se mostrava latente diante do governo e do povo chinês: a incapacidade de uma grande nação se defender contra as interferências estrangeiras e o fato de que, quanto mais as autoridades chinesas tentavam impedir a expansão da droga e a dominação colonialista ocidental, mais sofriam com as retaliações militares dessas potências e, como consequência, mais eram obrigados a abrir seus portos para a entrada não só desta substância, mas para todo o tipo de mercadorias, sem receber, por isso, as devidas compensações.
O Império do Oriente sucumbe
Chineses fumando ópio em Cantão. |
A China ficou completamente refém das potências ocidentais estrangeiras. Terminava, assim, a soberania de um dos maiores e mais antigos impérios de toda a História. A população, rendida pelo comércio de uma droga devastadora e agora praticamente escravizada pelas companhias da Europa, não era mais dona de si mesma. As Guerras do Ópio são a demonstração histórica das ações predatórias de nações contra nações, e como a busca incessante pelo simples lucro pode lançar toda uma população à miséria e marginalidade. Levaria muito tempo para que a China se transformasse novamente em um país influente e poderoso, e, mesmo ainda hoje, é extremamente explorada por multinacionais que lançam a população local em um trabalho análogo ao escravo, tudo isso com a permissividade das próprias autoridades locais. Esse é um episódio histórico muito pouco conhecido, e ainda hoje torna-se evidente em seus efeitos, tanto nas guerras do Afeganistão (que levaram novamente os efeitos da distribuição do ópio, que havia sido proibido pelos radicais islâmicos do Talibã) quanto nas constantes guerras latino-americanas das FARC, na Colômbia. O tráfico de drogas não é um assunto novo, e as Guerras do Ópio demonstram isso claramente.
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