Pilotos da FAB à caminho do aeródromo militar |
Criada oficialmente em 1941, a Força Aérea Brasileira desempenhou missões estratégias no teatro de ações da Europa. As missões aéreas dos nossos pilotos foram importantes para diminuir as forças do Eixo no Sul da Itália, em especial, e permitir uma maior concentração de forças dos americanos e britânicos mais ao Norte do continente, especialmente na própria Alemanha. Mas o primeiro ataque da Força Aérea brasileira durante a Segunda Guerra ocorreu quando o país ainda sequer havia chegado ao continente europeu. Nossas belas praias foram testemunhas do conflito que chegou até o país tropical e colocou nossa segurança em risco.
Piloto da FAB à bordo de um Thunderbolt |
Fogo em Fernando de Noronha
22 de Maio de 1942. Essa é a data do batismo de fogo de nossos gloriosos aviadores. No dia 18 de Maio do mesmo ano, o navio batizado de Comandante Lyra havia sido atacado em território marítimo brasileiro por aquilo que depois foi identificado como sendo um submarino italiano. Isso ocorreu a pouco mais de 300km de distância da ilha paradisíaca de Fernando de Noronha. Danificado por torpedos, disparos de canhão 100mm e bombas incendiárias, o navio Lyra ainda conseguiu permanecer firme, até conseguir completar o seu trajeto, rebocado até o porto de Fortaleza onde foi reparado.
Capitão Oswaldo Pamplona Pinto, comandante do ataque ao submarino Barbarigo |
Encontrar e afundar
Após o ataque sofrido em Fernando de Noronha, o oitavo ataque à embarcações brasileiras no litoral até aquele momento, as missões conjuntas entre a Força Aérea Brasileira (que até então ainda era uma Força jovem e inexperiente, com apenas 11 meses de existência) e a Força Aérea Norte-Americana foram intensificadas e os treinamentos ganharam um caráter cada vez mais realista. Um dos objetivos das missões de patrulha era procurar e abater submarinos inimigos nas águas brasileiras. O litoral brasileiro, extremamente extenso (9.198km de extensão), dificultava a localização de alvos inimigos, e as forças aéreas nacionais ainda contavam com meios de detecção rudimentares, praticamente apenas com o próprio campo visual dos pilotos, e tudo isso fazia com que encontrar uma embarcação inimiga fosse como achar uma agulha no palheiro.
A Força Aérea Brasileira tinha pouco mais de 11 meses de existência quando o primeiro confronto real aconteceu na costa brasileira |
Barbarigo
O submarino que atacou o navio Comandante Lyra era conhecido como Barbarigo, de 73m de comprimento, com armamentos que incluíam oito lançadores de torpedos, quatro metralhadoras, dois canhões de 100mm e podia chegar à velocidade de 20km/h. Fazia parte da Regia Marina, as forças navais da Itália que, na época, estava comandada pelo audacioso Benito Mussolini. Provavelmente, este mesmo submarino realizou ataques a outras embarcações na costa brasileira.
Bombardeio modelo B-25 Mitchell. Este avião norte-americano foi um dos bombardeiros mais avançados da Segunda Guerra. Foi fornecido à FAB como cooperação entre o Brasil e os EUA. Na cauda do avião, o símbolo da Força Aérea Brasileira. |
Senta a Pua!
Visão de uma das torretas de um avião modelo B-25. Este era o campo de visão dos pilotos brasileiros que sobrevoavam o litoral brasileiro à procura de submarinos e navios inimigos |
Então, em mais um dia de voos de treino e monitoramento, o comandante do bombardeiro B-25, o capitão-aviador Oswaldo Pamplona, avistou um objeto no litoral brasileiro, não muito distante de onde havia ocorrido o ataque ao navio Lyra, às 13h:57m. Então, Oswaldo ordenou o bombardeio do alvo, um submarino italiano. O ataque do avião B-25 comandado por Oswaldo lançou dez bombas de 45kg da popa até à proa do submarino italiano. O Barbarigo começou a pegar fogo e perder combustível, realizou contra-ataque com artilharia antiaérea e obrigou o B-25 a retornar para a base. Dando as informações para os outros aviões, Oswaldo pousou para reparos, mas as outras aeronaves não encontraram novamente o submarino. Essa foi a primeira missão de combate real dos aviadores brasileiros na Segunda Guerra. Nossos pilotos foram consagrados em casa, antes de colocarem seus pés na Itália.
Nunca nos esqueceremos
Em três anos de conflitos, 1.500 compatriotas perderam as vidas nas águas do Brasil e do mundo. 71 embarcações foram atacadas, a maior parte delas no próprio litoral brasileiro. O naufrágio mais famoso provavelmente é o do navio Costa Concórdia. Destes 71 ataques, 30 navios foram afundados. Para piorar a situação, a Guiana Francesa estava sob domínio nazista após a queda da França, e este país vizinho ao Brasil servia como ponto de apoio e base para submarinos do Eixo, o que dava aos nossos inimigos um raio de alcance operacional maior e mais perigoso para nosso litoral. As missões aéreas brasileiras afundaram 11 submarinos inimigos até o fim do conflito. Cerca de 15.000 missões aéreas foram realizadas no litoral brasileiro durante este período. Parece um saldo pequeno diante de tamanho esforço, mas até então as tecnologias de monitoramento e radar estavam apenas engatinhando, e todas estas missões foram essenciais para a experiência de combate dos pilotos brasileiros, que agregaram imenso potencial para uma força aérea tão jovem. O 1º Grupamento de Aviação de Caça, que realizou a operação contra o submarino Barbarigo, foi a única unidade de aviação estrangeira a receber o Presidential Unit Citation do governo dos EUA, como reconhecimento por suas ações.
0 comentários