Representação atual dos soldados de uma unidade da cavalaria romana, liderados por um decurião |
A máquina de guerra do império militar romano era basicamente formada em torno da Legião, forças mobilizadas de infantaria praticamente invencíveis. Entretanto, o papel da cavalaria foi crucial para a supremacia romana nos campos de batalha. Essa parte pouco explorada do militarismo romano merece nossa consideração e pode até mesmo revelar segredos ocultos destes exímios líderes militares.
Nascimento
A instituição oficial dos corpos de cavalaria pelos romanos tem uma datação inexata. Entretanto, sua origem é atribuída ao patrono da cidade de Roma, o mítico e emblemático personagem Rômulo, que teria criado uma força de homens montados contendo 300 cavaleiros, chamados de Celeres (Esquadrão Rápido). Essa força era dividida em três partes de 100 cavaleiros, chamadas de acenturia (companhias de cem homens). O rei Tarquínio Prisco, que governou de 616 a 578 a.C., dobrou os efetivos, criando uma força de 600 cavaleiros.
Expansão
O engrandecimento da cavalaria prosseguiu, e o rei Sérvio Túlio estabeleceu 12 centúrias de cavalaria, o que significa que, de 600 cavaleiros, agora os romanos já dispunham de 1200 homens capazes de se mobilizar com rapidez. A força foi posteriormente ampliada para 1800 cavaleiros, o que já constituía 8% dos efetivos militares romanos. Mas estes números são contestados, já que, no início do período da República, haviam apenas 600 cavaleiros divididos em duas legiões de 300.
Elite aristocrática
A cavalaria era constituída exclusivamente de patrícios (patricii), a classe aristocrática romana. O título de patrício era sanguíneo e hereditário, patrilinear. Esse exclusivismo cessou a partir de 400 a.C., quando membros de outras classes foram admitidos nas celeres. A principal razão dessa mudança foi a demanda crescente por forças de cavalaria, o que seria impossível de suprir mantendo a exclusividade da entrada de patrícios, uma classe extremamente reduzida.
Inicialmente, apenas os romanos mais ricos eram admitidos na cavalaria |
Recrutamento
Inicialmente, apenas os romanos mais ricos faziam parte da cavalaria, conhecida como Legião Políbia. Com a demanda mais significativa, outras classes altas foram admitidas na cavalaria. Voluntários podiam se candidatar para a entrada no serviço, que era considerado mais honroso do que o serviço na legião.
O uso de escudos pela cavalaria foi aprimorado no período da República |
Pagamento
Os registros mais confiáveis relatam que o pagamento para um cavaleiro era de uma dracma por dia de serviço, o triplo do que era pago aos soldados da infantaria, que recebiam apenas uma dracma a cada três dias trabalhados. Seu tempo de serviço também era menor: atuavam durante dez campanhas militares, enquanto os soldados da infantaria podiam servir em 16 campanhas durante sua vida militar.
Equipamentos
Os primeiros cavaleiros romanos, segundo o historiador antigo Políbio, eram muito diferentes daqueles que encontramos durante o início da República e o período do Império: não usavam armaduras, apenas uma túnica branca leve e uma espada curta para empunhadura em uma mão, ou uma lança leve, além de um pequeno escudo redondo. Posteriormente, na República, os cavaleiros patrícios pagavam por seus próprios equipamentos, usando elmos, caneleiras e armaduras para o dorso, além de cotas de malha. Passaram a utilizar escudos maiores, armaduras mais elaboradas e armas mais leves, como o gládio.
Representação de um cavaleiro romano do século I d.C. |
Organização
Cada legião de cavalaria, chamadas de Legião Políbias, continha 300 cavaleiros. Não há indícios de que um oficial comandasse essas legiões, como acontecia com a infantaria. A legião era dividida em 10 turmae (esquadrões) de 30 homens cada, e três decuriões (líderes de dez homens) chefiavam essa organização. As forças de cavalaria romanas foram essenciais para as mobilizações da infantaria e, em muitos casos, atuavam como suporte aos legionários em situações de crise nas batalhas. A cavalaria parece nunca ter exercido um papel predominante na máquina militar romana, mas certamente foi um suporte muito útil para a predominância militar dos romanos. Atuavam, em especial, em ataques surpresa e perseguição a inimigos em fuga, bem como auxílio em manobras da legião compacta.
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