Emiliano Zapata
Em 8 de Agosto de 1879, na pequena cidade de Anenecuilco, no México, nasceu um dos maiores revolucionários e guerrilheiros das Américas. E ele recebeu um nome: Emiliano Zapata. Zapata foi um revolucionário defensor dos camponeses, do "agrarianismo" (sistema que privilegia a produção agrária e a atividade do campo) que combateu durante a Revolução Mexicana. Zapata formou e comandou o Exército da Liberação do Sul, uma brigada revolucionária cujos seguidores eram conhecidos como zapatistas.
Infância
Aos 17 anos, Zapata foi colocado em um abrigo para órfãos, tendo perdido seus pais desde cedo. Logo jovem, se envolveu em ações revolucionárias, e em 1897 ele foi preso por participar de protestos em seu vilarejo contra uma hacienda que havia apropriado as pequenas terras dos camponeses. Essas haciendas eram latifúndios dominados por aquilo que no Brasil chamamos de "coronéis": figuras militares de grande poderio que, com a força das armas, roubavam os pobres e grilavam grandes faixas de terra, explorando os camponeses. Zapata serviu por seis meses no Exército Mexicano, tendo se mudado para a Cidade do México após esse tempo, para cuidar de seus cavalos. No ano de 1909, suas habilidades de lideranças já eram famosas e reconhecidas. Retornou ao vilarejo onde nasceu e foi eleito, pelo povo, como presidente do conselho do local. Era apenas o início de sua vida política e revolucionária.
Haciendas
Ao centro, Zapata, acompanhado de seus homens, os zapatistas. |
Emiliano Zapata logo se tornou uma figura popular, não mais apenas em seu vilarejo. Ele ajudou a organizar revoltas populares, armando os camponeses para lutar contra os donos das haciendas e, assim, ajudar na retomada de suas terras. Em resposta, os grileiros queimaram o vilarejo de Anenecuilco inteiro. Zapata tentou fazer negociações pacíficas, mas, ao observar que isso não surtia efeitos, tomou à força as terras e as distribuiu ao povo. A partir desse ponto, Zapata continuou aumentando sua guerrilha, tomando haciendas e distribuindo suas terras ao povo.
Cavaleiros zapatistas, em uma foto tirada no ano de 1914. |
O presidente do México, Porfírio Díaz, teve sua candidatura ameaçada por Madero, que perdeu as eleições, saiu do país mas retornou para confrontá-lo. Zapata, então, fez uma aliança secreta com Madero, vendo aí a oportunidade para colocar em prática, através da política, a reforma agrária que era a causa principal de sua luta. Em 1910, Emiliano se uniu à campanha de Madero contra Díaz, tornando-se general do Exército revolucionário Libertador do Sul. Em Maio de 1911, capturam Cuautla após seis dias de batalha. Díaz não suportou a pressão e então se exilou na Europa, deixando um presidente provisório em seu lugar. Madero entrou na Cidade do México, vitorioso, e veio a se encontrar com Zapata para pedir que ele pressionasse o presidente provisório a realizar a reforma agrária. Madero insistiu que Zapata e seus homens deviam se desarmar, oferecendo dinheiro para que comprassem terras e distribuir ao povo. Zapata desconfiou da proposta e rejeitou a oferta. Apesar disso, pouco tempo depois, ele começou a desarmar seus homens, mas voltou a rearmá-los quando as tropas do governo voltaram a enfrentá-lo.
Ayala
Emiliano Zapata em seu cavalo favorito. |
A aliança entre Zapata e Madero enfraqueceu, e o distanciamento entre os dois foi inevitável. No verão de 1911, Madero apontou um governador que era favorável aos latifundiários para auxiliá-lo em seu governo, ao invés de nomear um governador favorável à reforma agrária, o que enfureceu ainda mais Zapata. Em Novembro de 1911 Madero torna-se o presidente do México, e Zapata, agora perseguido por seu antigo aliado, foge para uma região montanhosa com seus homens. Zapata se desiludiu com a política latifundiária de Madero, sentindo-se traído pelo antigo aliado. Então, como resposta, Zapata elabora o Plano Ayala, declarando Madero um presidente incapaz de atender as demandas populares prometidas na Revolução. O Plano Ayala tinha como objetivo apontar outro presidente no lugar de Madero, e realizar eleições populares após um período; também tinha como objetivo comprar no mínimo um terço das terras roubadas pelos latifundiários e distribuí-las aos campesinos.
Terra e Liberdade
Zapata, com o sombrero, o chapéu típico mexicano, ao lado de Pancho Villa: os dois maiores revolucionários mexicanos. |
Os zapatistas adotaram o lema "Terra e Liberdade!" para sua campanha. Em 1913, o general Victoriano Huerta assassinou Madero e tomou controle do México. Huerta tentou se aproximar de Zapata, oferecendo-lhe a oportunidade de inserir seus homens no exército regular mexicano, recebendo as devidas promoções. Mas Zapata, desanimado com alianças políticas, rejeitou a proposta. Isso permitiu que, no Norte, outro revolucionário tivesse tempo para formar seu grupo. Tratava-se de Pancho Villa. Pancho formou, juntamenet com Carranza, um novo exército revolucionário, que acabou retirando Huerta do poder.
Legado
Zapata morreu assassinado por Carranza. |
Emiliano Zapata morreu em 10 de Abril de 1919, assassinado por Carranza. Ele não pôde concluir o seu objetivo, que era o de realizar uma reforma agrária em larga escala que beneficiasse o pequeno produtor e eliminasse o modelo exploratório latifundiário. Entretanto, sua luta deu vigor e exemplo para outros revolucionários, tendo favorecido Pancho diretamente, ajudando-o, indiretamente, a alcançar o poder. Os dois, inclusive, foram grandes amigos. Entretanto, mesmo Pancho não conseguiu alcançar definitivamente o objetivo da reforma agrária, tendo sido diretamente perseguido pelas forças militares norte-americanas, desejosas de restabelecer um modelo latifundiário que lhes era agradável. A luta de Zapata, entretanto, não foi em vão: muitos camponeses abandonados pelo governo tiveram, através dele, a oportunidade de retomar suas propriedades e viver graças ao trabalho honesto no campo. Zapata é uma figura icônica de uma luta popular contra uma estrutura opressora.
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