O "Chanceler de Ferro", como ficou conhecido o bigodudo Otto Von Bismarck, foi o pai que deu origem à moderna nação alemã. Bismarck foi o responsável por unificar vários Estados germânicos em uma só nação. Assim, o "leão marinho da Prússia" conseguiu não apenas criar um país, mas uma potência global que chegou mesmo a rivalizar com o Império Britânico.
O Chanceler de Ferro
Otto Eduard Leopold Von Bismarck nasceu de uma família aristocrática de Schönhausen, a noroeste da cidade de Berlim, no dia 1 de Abril de 1815. Apesar de ter nascido no dia da mentira, Bismarck transformaria os Estados alemães em uma grande nação, que colocaria a quase hegemônica presença russa e inglesa em cheque. Desde sua infância, Bismarck recebeu de seus pais a melhor educação elementar, e, na juventude, estudou na Universidade de Göttingen. Depois de formado, entrou para o serviço público da Prússia. Mas logo ficou entediado com o trabalho burocrático. Em 1838, Bismarck sai do serviço público: logo ele fará sua verdadeira carreira. Durante praticamente toda a década seguinte, Bismarck passou a ajudar seu pai a administrar as propriedades da família.
Bismarck e sua esposa, Johanna. |
Idealismo e praticidade
1847 foi um ano decisivo para a construção da personalidade de Bismarck. Ele se casou com Johanna Von Puttkamer, e sua vida ganhou um ar mais estável. Ainda nesse mesmo ano, Bismarck se converteu à tradição cristã luterana, a confissão de fé mais comum dentre os Estados germanos. Ainda em 1847 ele começou sua carreira política na legislatura da Prússia, onde ele conquistou rapidamente a reputação de um "ultra conservador realista".
Carreira Política
Em 1851, o rei Frederick Wilhelm IV apontou Bismarck como representante do Estado da Prússia na Confederação Germânica. Bismarck também passou a atuar como embaixador prussiano na Rússia e na França. No ano de 1862 ele retorna à Prússia e é apontado como primeiro ministro pelo novo rei, Wilhelm I. Bismarck experimentou, assim, uma rápida subida política e um grande crescimento em sua reputação, em apenas 11 anos de carreirismo.
Unificando irmãos e primos
Bismarck, montado em um de seus cavalos. |
Individualmente, os Estados germânicos não eram insignificantes. A Prússia, por exemplo, era uma forte potência europeia. Mas Bismarck compreendeu que, naquela situação, forças regionais isoladas não seriam capazes de realmente rivalizar com as grandes potências continentais. Para ele, a unificação destes Estados em uma só nação passou a ser não apenas um objetivo, mas uma realidade que em breve deveria se concretizar. Ele obteve apoio austríaco, e conseguiu tomar, militarmente, as províncias de Holstein e Schleswig da Dinamarca. Incapaz de persuadir os Estados alemães do Sul, Bismarck provocou intrigas contra a França, criando, assim, um motivo exterior que pudesse forçar a união dos alemães e fazê-los esquecer os problemas internos.
"A liberdade é um artigo muito luxuoso para ser conquistado por qualquer um" - Bismarck |
Vitória na guerra Franco-Prussiana
A França saiu derrotada do conflito, e isso permitiu que os Estados germânicos do Sul se reunissem com a Federação criada por Bismarck. Em 1871, eles concordaram em se unir ao império alemão, do qual Wilhelm I da Prússia tornou-se o imperador. A vitória sobre a França mostrou o poder da recente nação alemã, que, já tão jovem, causou temor em seus rivais.
"Se você gosta de leis e salsichas, é bom que você nunca veja uma lei sendo criada ou uma salsicha sendo produzida" - Bismarck |
Agora unificada, sob a liderança dos prussianos e austríacos, o Império Alemão, o Reich, tinha como primeiro imperador o novo kaiser Wilhelm I e como chanceler Bismarck. Bismarck atuou de forma decisiva, de modo que era praticamente impossível considerá-lo como o "segundo" homem no poder da Alemanha. Bismarck se empenhou em construir um poderoso Estado, com uma identidade comum. Ele trabalhou para diminuir a influência do catolicismo, presente principalmente na região Sul da Alemanha. Ele também se empenhou em esmagar a influência dos socialistas, tomando para si a causa trabalhista e instalando as primeiras leis trabalhistas, pensões e previdência. Em 1879, ele negociou uma aliança com a Áustria-Hungria, com o claro objetivo de rivalizar com a França e a Rússia. Posteriormente, ele obteve também a adesão da Itália nesta aliança. Para prevenir uma hostilidade britânica, dois acordos foram assinados em 1887, para manter uma situação estável entre a Alemanha e a Inglaterra. Em 1890, Bismarck entrega suas funções após intrigas e divergências com o novo imperador, Wilhelm II.
Legado e Heranças
Bismarck, após a entrega de suas funções, mudou-se para uma propriedade sua perto de Hamburg, até sua morte, em 30 de Julho de 1898. Podemos considerar Bismarck como o pai da nação alemã, não em seu advento cultural, mas em sua realização factual e administrativa. Bismarck não chegou a atingir a maior posição política de seu país, mas suas ações decisivas fazem com que ele sejam muito mais do que o "número dois". A configuração alemã permitiu a rápida industrialização do país, e o medo da "ameaça comunista" foi sanado no governo de Otto, já que ele abraçou para si a causa trabalhista, tirando os méritos dos vermelhos. As políticas culturais de Bismarck criaram um vívido patriotismo, uma atmosfera decisiva para a postura bélica alemã e suas repercussões nas duas guerras mundiais. É impossível imaginar a existência de uma Alemanha (última nação europeia a se unificar) sem a existência de um homem como Bismarck. Apesar de ter sido um hábil negociante e político, Bismarck concretizou seus objetivos mais pela força das armas. É dele a célebre frase: "Farei a unificação, mesmo que seja necessário fazê-la à ferro e fogo".
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