Partisans soviéticos. Estes homens desempenharam um papel decisivo no recuo alemão e na libertação soviética. |
Quando observamos conflitos mundiais, damos total atenção aos exércitos oficiais. As cenas das unidades Panzer alemãs, rapidamente conquistando toda a Europa; o Exército Vermelho, empurrando o Eixo para Oeste; os soldados norte-americanos desembarcando em Omaha, no famoso Dia D; a gloriosa batalha de Berlim; enfim, todas essas cenas invadem nosso imaginário. Mas nós não nos lembramos muito bem, nem os livros de História de nossas escolas dão a devida atenção aos guerreiros e combatentes anônimos que fizeram a diferença nos bastidores da Segunda Guerra mundial. Esses homens e mulheres (e até mesmo crianças) eram os guerrilheiros do povo, os Partisans.
Camponeses, operários, criminosos e rejeitados
Partisans poloneses. Ao mesmo tempo, eles lutaram contra os invasores alemães e soviéticos. |
Os Partisans, como são popularmente conhecidos, eram grupos de combate formados por pessoas do povo, sem pertencer aos quadros oficiais das forças armadas. Atuavam, em geral, nas áreas invadidas, combatendo os invasores. Durante a Segunda Guerra mundial, tiveram ação especial nos países invadidos pelas potências do Eixo. Assim, temos partisans italianos lutando contra o regime de Mussolini, partisans de toda a Europa lutando contra os nazistas, partisans russos lutando contra os invasores e até mesmo partisans franceses, chineses (lutando contra os japoneses) e das mais variadas nacionalidades, inclusive árabes e africanos. Esses homens e mulheres, em geral, eram pessoas do campo, ou operários. Mas nem só de trabalhadores eram feitos os grupos partisans: muitos criminosos recebiam perdão por seus crimes em troca de lutar contra o inimigo; outros, condenados pelos invasores, conseguiam fugir e lutavam como forma de auto defesa. Os motivos que levavam alguém a se tornar um partisan eram variados, mas o objetivo final era um só: expulsar os invasores e derrubar um regime.
Partisans dos Estados bálticos. |
Recrutamento, treino e preparação
Partisans franceses recebendo treinamento. Repare no garoto, bem jovem, em primeiro plano. Crianças também lutavam. |
As unidades de guerrilha eram feitas de modo muito rápido. Geralmente, algum militar regular ou algum guerrilheiro mais experiente convocavam as pessoas de certa região para se voluntariar ao serviço de guerra. Não havia distinção: homens e mulheres podiam participar. Algumas vezes, até mesmo crianças se uniam, atuando como mensageiras, ajudantes e realizando algumas tarefas de espionagem (justamente por serem menos suspeitas que os adultos) e manutenção em equipamentos e veículos. Eles aprendiam, de forma muito rápida, a atirar, manusear e manter armas e equipamentos. Alguns aprendiam a usar granadas e bombas, a fabricar armas caseiras (como explosivos e coquetéis Molotov) e armadilhas (como minas, explosivos e detonações), e outros aprendiam até mesmo a pilotar veículos como tanques, aviões, bombardeios e outros armamentos. Apesar de não receber um treinamento extensivo como os soldados regulares, os partisans eram aptos a realizar diversas atividades operacionais tão bem quanto os militares regulares.
Insurgentes italianos. Os rebeldes na Itália foram decisivos para a queda de Mussolini. |
Partisans explodindo um trilho. |
Sabotagem, problemas e distração
Os partisans, diferente das tropas regulares, não combatiam na linha de frente nem atuavam de modo convencional. Eles operavam nos bastidores, pela retaguarda. O principal objetivo dos partisans era distrair os inimigos criando vários problemas e preocupações para os invasores, fazendo com que perdessem tempo e não se concentrassem do modo necessário na linha de frente. Isso incluía destruir comunicações, destruir linhas férreas, sabotar veículos e explodir depósitos de armas; eliminar alvos chave, dispersar tropas inimigas em diversas linhas e atacar pequenas guarnições, além de inúmeros outros trabalhos.
Nem só de explosões viverá um partisan
Partisans mulheres. Elas também lutaram bravamente. |
Os partisans não eram meros sabotadores. Alguns deles eram exímios espiões e interceptadores, capazes de se infiltrar (até mesmo usando uniformes dos inimigos usando identidades falsas) em bases inimigas, coletar informações, interceptar transmissões, decodificar mensagens secretas e descobrir datas, locais e horários de operações, bem como números de tropas, veículos e armamentos inimigos. Os partisans, assim, formavam uma extensa rede de espionagem e contraespionagem, com a vantagem de não serem facilmente identificados caso fossem mortos ou capturados, já que seus nomes não constavam nas listas oficiais das forças armadas que os treinavam.
Procurado, vivo ou morto
Partisans executados por enforcamento. Na placa, em alemão, os dizeres: "Fotografias proibidas!". |
Um partisan enfrentava inúmeros perigos. Além do constante risco de morte, podiam ser capturados. Na melhor das hipóteses, seriam torturados e interrogados durante dias a fio, antes de morrerem. As execuções eram, geralmente, feitas através de fuzilamento, mas poderiam envolver rituais mais violentos, como mutilação, desmembramento e outras torturas. Muitos eram enforcados e expostos a campo aberto, como advertência àqueles que ousassem se arriscar nessas atividades de guerrilha. Os partisans eram mais odiados do que os soldados regulares, pois agiam com o elemento surpresa, o que irritava ainda mais seus perseguidores. Nos territórios ocupados pelos nazistas, por exemplo, era comum a prática de oferecer recompensas em dinheiro por qualquer denúncia que levasse à captura de partisans. Alguns guerrilheiros recebiam perdão por suas ações caso denunciassem seus companheiros.
Heróis anônimos
Partisans lituanos. |
Alguns partisans tornaram-se notoriamente famosos, mas a maioria deles viveu e morreu no anonimato. Na História oficial, contada pelos vencedores, apenas os grandes generais e as ações das tropas regulares recebem atenção e crédito, e os guerreiros e guerreiras silenciosos pouco são lembrados. Mas não devemos nos enganar: sem a ajuda desses grupos, certamente a vitória dos Aliados teria sido muito mais difícil. Essas pessoas simples, pobres e muitas vezes até mesmo analfabetas, ajudaram de um modo fantástico realizando inúmeras operações e atividades que não somente distraíam os inimigos, mas causavam baixas e prejuízos consideráveis aos mesmos. Os povos que foram libertos devem sua liberdade a estes guerreiros anônimos tanto quanto aos generais e soldados regulares.
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