Adolf Hitler criou não apenas uma ideologia, mas um culto à própria personalidade. Ele conseguiu se materializar como sendo a própria Alemanha. |
Em comemoração aos mais de 500 seguidores que a página alcançou, fazemos essa postagem especial trazendo de forma resumida (mas com várias informações pouco divulgadas) toda a trajetória política de Adolf Hitler e sua organização.
Um artista "sem talento"
Nascido em 1889 na Áustria, filho de Alois Hitler e Klara Poezl (seu pai era, na verdade, tio de sua mãe), o pequeno Adolf já mostrava interesse pelas artes. Jovem, parte para Viena com o objetivo de estudar na Academia de Belas Artes dali. Entretanto, o professor que o avaliou considerou que Hitler tinha "pouco talento, e deveria procurar outra função". As portas da Academia se fechavam para o jovem e futuro ditador da Europa, mas ele faria arte, usando a guerra como seu pincel e a Europa como seu quadro.
Batismo de Fogo
Alistando-se voluntariamente no exército da Bavária, Hitler combateu durante a Primeira Guerra Mundial. Chegou a levar um tiro, mas sobreviveu. Seu destino ainda não estava selado. Recebeu duas vezes a Cruz de Ferro por atos de bravura. Quando estavam a apenas 15km de Paris, o Alto Comando das forças armadas alemãs assinou um tratado incondicional de paz com a Inglaterra e a França, arcando com todos os custos de reparação da guerra e sofrendo pesadas restrições militares. Hitler voltava para casa com duas medalhas e uma derrota.
Nacionalismo, ressaca e cerveja
Hitler conquistou uma rápida popularidade através de sua retórica e de sua oratória. |
O clima na Alemanha não era dos melhores. A economia estava em ruínas, o exército estava desmantelado, os impostos subiam, os preços aumentavam e os salários e os empregos diminuíam. O sentimentalismo nacionalista e o anti semitismo já eram férteis antes de Hitler começar a discursar com eloquência.
Cartaz italiano dizendo: "A Alemanha é verdadeiramente vossa amiga". |
Um partido, outro partido
A recente democracia alemã propiciou o surgimento de mais de 50 facções políticas, a maioria delas de cunho nacionalista e conservador. Uma dessas facções, o Partido dos Trabalhadores Alemães, presidido por Drexler, proporcionou atração a Hitler por conta de seu enfoque político. Logo ele começou a discursar e, as pequenas cadeiras ocupadas não eram mais suficientes para as multidões cada vez maiores que se reuniam para ouvir os discursos de repúdio ao tratado de Versalhes, rancor contra os "traidores das trincheiras" e o anti semitismo dirigido à "elite judaica que dominava os bancos e tirava o pão dos alemães".
Nasce o NSDAP
Hitler efetivamente toma o controle do Partido dos Trabalhadores alemães em 1921, trocando seu nome para Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei - NSDAP). A palavra "socialista" foi um recurso estratégico para efetivamente isolar os socialistas e comunistas de linha marxista, já que o NSDAP possuía, desde o início, um caráter anti comunista e anti socialista, considerando o Marxismo como uma doutrina impregnada de judeus, sendo Karl Marx mesmo um judeu.
Capa do Mein Kampf, a autobiografia de Hitler. |
O Putsch de 1923
Em 1923, confiante do sucesso iminente, Hitler e seus correligionários tentam um golpe em Munique. Apoiados por Erich Ludendorff, uma importante figura política e militar da época, os nazistas acabaram derrotados, fracassando nessa tentativa. Um dos elementos cruciais para o fiasco de 1923 foi a traição do comissário Von Kahr, que, fingindo-se aliado de Hitler, após uma tentativa de unificação de todos os partidos e facções de Direita para o isolamento dos nazistas, acabou avisando ao exército alemão do golpe nazista, e, antecipadamente, as forças militares se prepararam nos quartéis.
Escrevendo um livro na prisão
Hitler, preso, julgado e sentenciado por alta traição, foi condenado a pagar uma multa de 200 marcos de ouro e a cumprir cinco anos de prisão. Entretanto, após alguns meses foi tido como habilitado para a liberdade condicional. De fato, ele só permaneceu poucos meses na cadeia, tempo que não foi perdido: escreveu sua autobiografia, o Mein Kampf (Minha Luta), livro panfletário da ideologia nazista que foi, durante muito tempo, um best seller não só na Alemanha, mas em todo o mundo.
Cartaz do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. |
Eleições perdidas
Ludendorff, representando o Partido Nazista, competiu contra Hindenburg nas eleições para o cargo de presidente. Mas Hindenburg acabou vencendo as eleições. Até então, a representatividade era mínima para o Partido Nazista, que ocupava apenas 3 assentos no Reichstag, o parlamento alemão.
Tomando a Chancelaria
Depois do cargo de presidente, a segunda figura mais poderosa da Alemanha era o chanceler. Hindenburg apontou vários nomes para esse cargo, mas nenhum deles foi bem sucedido na função. Hitler e seu partido estavam se tornando grandes demais e não era mais possível ignorá-los. A alta cúpula chegou a cogitar Otto Strasser como chanceler, já que ele era um rival político de Hitler com grande popularidade dentro do Partido Nazista, assim, isolando a figura de Hitler. Mas isso não foi possível. Hindenburg foi obrigado, então, já sem alternativas, a colocar Hitler no cargo de chanceler, em 1933. Agora os nazistas já eram bem mais presentes no parlamento.
A culpa é dos comunistas
Reichstag em chamas, atentado nazista para acumular mais poderes. Os comunistas foram apontados como culpados. |
Após o fracasso de 1923, os nazistas não tentariam outra tomada forçada do poder. Agora, agiriam pelos meios legais, mas não somente por eles: a sabotagem tornou-se um recurso interessante. Nazistas colocaram fogo no Reichstag e culparam os comunistas. Então, Hitler, perante Hindenburg, argumentou que somente ele e seu partido eram capazes de restabelecer a ordem. Hindenburg, talvez mais anti comunista do que Hitler, não ofereceu resistência significativa ao que de fato foi a morte da constituição democrática alemã e o acúmulo de poderes para os nazistas e para Hitler.
Paul Hindenburg, o último presidente da democracia alemã. Após sua morte, Hitler acumularia seus poderes de forma irreversível. |
Descanse em paz, velho Hindenburg!
Em 1934, Hitler coordena a Noite das Facas Longas, eliminando seus rivais políticos. Agora, líder soberano dos nazistas e colocando seu partido efetivamente no poder do país, Hitler agrega as funções de presidente ao seu cargo de chanceler, após a morte de Hindenburg. A única autoridade agora era o Führer, e a Alemanha agora tinha um nome: Adolf Hitler.
Inglaterra e França: tomando chá e comendo escargot
Hitler logo iniciou uma forte e agressiva campanha de rearmamento alemão. Além disso, parou de fazer qualquer pagamento reparatório pelo Tratado de Versalhes. Os ingleses e franceses observavam inertes a tudo isso e nada fizeram para evitar a desobediência alemã. Na verdade, talvez sua intenção fosse utilizar os alemães como ponta de lança para desmantelar a União Soviética que, na época, era vista como a maior ameaça. O movimento revolucionário internacional crescia e os nazistas pareciam uma ferramenta interessante para derrubá-los. Mas os alemães se mostrariam como cães impossíveis de se encoleirar.
A Europa é um parque de diversões
Hitler e seu Alto Comando passeando por Paris. Os franceses, que subestimaram o nazismo, caíram em poucas semanas. |
Logo o expansionismo alemão teve início. Através das táticas inovadores de Blitzkrieg (Guerra Relâmpago), rapidamente, uma a uma, as nações europeias foram conquistadas, entre 1938 a 1945. Figuram nessa lista países como a Ucrânia, a Polônia, Bielorússia, Hungria, Checoslováquia, Iugoslávia, Holanda, Bélgica, Dinamarca, Estônia, França, Grécia, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Mônaco, Noruega, Renânia, Ucrânia e Eslováquia, além da anexação da Áustria, sem contar vários outros territórios menores.
Papai Stalin
As expectativas das potências ocidentais se desfizeram com a aliança entre Alemanha e União Soviética. Juntos, nazis e comunistas dividiram a Polônia. De fato, o comércio e as trocas militares entre as duas potências foi muito alto. A União Soviética chegou, realmente, a alimentar a máquina de guerra nazista durante anos, com óleo, gás, minérios e gêneros alimentícios, ajudando a criar o monstro do qual ela mesma seria vítima. Em 1941, Hitler trai seu pacto e invade a União Soviética. Agora eram vermelhos contra vermelhos.
Hitler, o Führer, e Mussolini, o Dulce italiano: a amizade selada entre Nazismo e Fascismo. |
A foto emblemática da bandeira socialista acima do Reichstag alemão, após a derrota final dos nazistas. |
Aliados contra a suástica
Agora o esforço de guerra comum contra os nazistas havia sido ampliado. Os soviéticos, empurrando os nazistas pelo Leste, e os Aliados espremendo-os pela Europa ocidental. Os desembarques aliados e o avanço soviético agora faziam recuar exércitos antes considerados invencíveis. Hitler experimentou sua primeira grande derrota em Stalingrado, uma cidade símbolo da luta pessoal e patriótica dos dois maiores títeres da época.
Berlim em chamas
Em 1945, os alemães já estavam com seu destino traçado. Agora, espremidos apenas em seu próprio território, os alemães estavam cercados por ingleses, norte-americanos, canadenses e soviéticos de todas as nacionalidades. Hitler via, assim, o fim do seu Reich. Mas os alemães não se renderam: com cada vez menos soldados regulares, agora as fileiras eram repostas com soldados recrutados do povo, geralmente homens idosos (as Volksturn) e membros da juventude hitlerista (Hitlerjugend). No dia 2 de Maio de 1945, a Alemanha Nazista estava oficialmente derrotada, e o Alto Comando das forças armadas alemãs havia aceito uma rendição incondicional. Hitler e sua mulher, Eva Braun, cometeram suicídio alguns dias antes e seus corpos foram queimados. Essa versão, até hoje, inspira desconfiança.
Legado
Hitler inspira admiração, ódio, encantamento e rancor. Representou, ao mesmo tempo, o ápice e a (quase) destruição do próprio povo; representou a esperança para milhões e a morte para outros milhões. |
No início de seu governo, Hitler tomou em suas mãos uma nação humilhada, quebrada economicamente, desmoralizada e com uma economia em forte recessão. Conseguiu retomar a industrialização do país, criou diversas obras e projetos públicos, aumentou a oferta de empregos até a quase total extinção do desemprego; tomou uma população desmoralizada e a transformou na maior massa de culto cívico e político já existente. Fez dele mesmo uma figura popular e a personificação da Alemanha idealizada. Tomou um exército desmantelado e fez dele a maior máquina de guerra da época. Mas, no fim, Hitler acabou por adotar políticas desgastantes. Utilizou inúmeros recursos para a eliminação de judeus, mesmo com o avanço dos inimigos. A barbárie e os crimes foram práticas comuns de sua gestão e de seus seguidores. Mas não devemos nos esquecer dos crimes que os Aliados, retratados como heróis, também cometeram. Os soviéticos, que tiravam fotos libertando sobreviventes de campos de concentração, haviam eles mesmos deportado inúmeros judeus para a Alemanha. Ingleses, franceses e norte americanos assistiram tudo calados e só tomaram uma iniciativa quando seus interesses econômicos foram atingidos. Hitler é uma figura emblemática: ao mesmo tempo, é o exemplo daquilo que um líder deve ser (carismático, popular, esforçado, dedicado, fiel ao seu país e otimista quanto ao futuro, pragmático e enfático) e daquilo que um líder não deve ser (manipulativo, ganancioso, megalomaníaco, genocida e criador de um culto pessoal). Para o bem ou para o mal, Hitler, o Nazismo e a Alemanha entraram definitivamente para a História, e dessa História podemos tirar lições valiosas daquilo que devemos evitar.
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