Getúlio Vargas, o "Pai dos Pobres". |
Getúlio Vargas, nascido na pequena cidade de São Borja, em 19 de Abril de 1882, no estado do Rio Grande do Sul, possivelmente foi o político mais emblemático, paradoxal e enfático de toda a História política brasileira. Chamado ao mesmo tempo de Pai dos Pobres por consolidar os direitos trabalhistas e Pai dos ricos por atender aos desejos de certas oligarquias,
Vargas foi o político do contraditório - mas também o político firme e sólido. A Era Vargas significou o fim de períodos determinados e o início de outros; a oposição a certos grupos da elite e o agrado a outros; a causa nacionalista amparada pelo movimento integralista e o modelo desenvolvimentista aliado ao trabalhismo. Vargas encarnava o espírito aristocrático e as velhas tradições e, ao mesmo tempo, fazia a junção com o populismo típico dos líderes que conseguem uma aproximação maior com o povo, não o povo dos clubes de domingo, mas sim o povo das periferias e do chão de fábrica. As inúmeras incontingências, entretanto, reforçam o caráter crítico ao governo varguista, mas jamais são suficientes para descaracterizar as conquistas desse período.
Vargas foi o político do contraditório - mas também o político firme e sólido. A Era Vargas significou o fim de períodos determinados e o início de outros; a oposição a certos grupos da elite e o agrado a outros; a causa nacionalista amparada pelo movimento integralista e o modelo desenvolvimentista aliado ao trabalhismo. Vargas encarnava o espírito aristocrático e as velhas tradições e, ao mesmo tempo, fazia a junção com o populismo típico dos líderes que conseguem uma aproximação maior com o povo, não o povo dos clubes de domingo, mas sim o povo das periferias e do chão de fábrica. As inúmeras incontingências, entretanto, reforçam o caráter crítico ao governo varguista, mas jamais são suficientes para descaracterizar as conquistas desse período.
Política: novas e velhas estruturas
O regime republicano significou pouco para o povo. Através do voto de cabresto, a coerção ao voto e as inúmeras fraudes eleitorais, na prática o presidente era escolhido pelas oligarquias, e não pelo eleitor. A política do café com leite, por exemplo, foi o ápice dessa prática, onde Minas Gerais e São Paulo faziam a alternância no poder.
A Revolução de 1930
O fim desse modelo estrutural conhecido como República Velha veio com a Revolução de 1930, uma ação de setores militares apoiados pelos Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Pernambuco, após o descumprimento da alternância de poder por conta dos paulistas que, recusando um candidato mineiro, lançaram Washington Luís, candidato paulista. Getúlio surge como figura de oposição, e, após uma eleição conturbada onde recebeu a derrota, depõe Washington e impede a posse de Prestes, no dia 24 de Outubro de 1930.
Militares apoiadores de Getúlio, sendo saudados por populares. |
O fim desse modelo estrutural conhecido como República Velha veio com a Revolução de 1930, uma ação de setores militares apoiados pelos Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Pernambuco, após o descumprimento da alternância de poder por conta dos paulistas que, recusando um candidato mineiro, lançaram Washington Luís, candidato paulista. Getúlio surge como figura de oposição, e, após uma eleição conturbada onde recebeu a derrota, depõe Washington e impede a posse de Prestes, no dia 24 de Outubro de 1930.
Getúlio Vargas em sua posse, em Itararé, SP, após o golpe revolucionário de 1930. |
A Era Vargas
Em um período de 15 anos ininterruptos de governo, Vargas dominou a política nacional em três momentos. O primeiro, chamado de Governo Provisório, durou de 1930 a 1934. Vargas, nesse período, afirmou-se como um presidente de restabelecimento da ordem nacional, que, após o mandato, deixaria voluntariamente o cargo. De 1934 a 1937, no período conhecido como Governo Constitucional, Vargas não cumpriu sua promessa de saída do poder: ao contrário, centralizou a administração federativa e acumulou poderes em sua mão, realizando, para isso, mudanças constitucionais para assegurar a normalidade de seu poder.
O golpe de 1937
De 1937 a 1945, no Estado Novo, Getúlio organiza um segundo golpe, amparado pelo esquema criado pelo capitão Olímpio Mourão Filho, onde uma suposta conspiração comunista era denunciada. Assim, as eleições de 1937 são suspensas, com a prerrogativa de evitar o suposto golpe comunista. Durante o Estado Novo, Getúlio realizou a aceleração do progressismo industrial no Brasil, consolidou a CLT (promulgada em 1º de Maio de 1943), garantindo os direitos trabalhistas ao povo brasileiro e ampliou a propaganda pessoal em torno de sua imagem.
Getúlio Vargas no estádio de São Januário, em 1º de Maio de 1943, dia da promulgação dos direitos trabalhistas. |
Saída e Retorno
A Era Vargas terminou em 1946, com as intensas demandas por novas eleições. Nesse mesmo ano, Eurico Gaspar Dutra é eleito presidente e Vargas deixa o poder, ma não a política: de 1946 a 1947 atua como senador do RS. Em 1950, com a campanha popular "Volta Getúlio", atendendo ao clamor popular, Vargas retorna à presidência da República, dessa vez através de eleições diretas. Diferente de 1930 e 1937, agora Getúlio chegava ao poder por meios democráticos, e não por golpe.
Getúlio Vargas discursa após sua eleição, garantindo seu retorno à política em 1950.
Política externa
Getúlio Vargas e Roosevelt, presidente dos EUA. Esse período foi decisivo para a maior aproximação entre Brasil e Estados Unidos.
Não é segredo que Vargas tenha se atraído pelo regime Nazista e Fascista. Getúlio era nacionalista, trabalhista e anti comunista, e esses regimes eram o supra sumo de tais teorias na época. A moral nacionalista, o civismo e o populismo dos líderes desses regimes atraíam o grande ditador brasileiro, que acabou por perseguir seus opositores com igual crueldade. Assim, o Brasil se aproximava mais das nações do Eixo. Theodore Roosevelt, então presidente dos EUA, observou essa amizade com cautela e, então, decidiu dissuadir Vargas dessa relação estreita. Prometendo financiamentos, empréstimos e maiores investimentos norte americanos no Brasil, Roosevelt conseguiu prender a atenção de Vargas. As misteriosas explosões de navios brasileiros no litoral, atribuídas rapidamente a submarinos alemães, serviram para lançar o Brasil em uma guerra que não era sua. Os pracinhas, soldados brasileiros, compondo a FEB (Força Expedicionária Brasileira) e a FAB (Força Aérea Brasileira) foram para a Itália e, em Monte Castelo, derrotaram em poucos dias os nazistas que impuseram uma forte resistência aos norte americanos na região. Assim, Brasil e EUA realizaram uma maior aproximação política e econômica, algo que caracterizou a política externa nacional até os dias atuais.
Intrigas e Morte
Acusado de encomendar a eliminação de certos inimigos políticos e de agir através de fraudes para garantir sua eleição e a manutenção de seu poder, Getúlio enfrentou uma oposição cada vez mais cerrada, encabeçada por inimigos políticos como Carlos Lacerda, provavelmente seu maior opositor. Acusado de promover a censura e afrontar a Constituição, Getúlio enfrentava cada vez mais problemas em seu governo. Vários setores militares, aliados à Getúlio, lhe ofereceram a opção de eliminar seus inimigos, mas Vargas temia a reação de outros setores militares que o pudessem trair, e, não desejando uma guerra civil nem maiores escândalos jornalísticos, optou por não agir desse modo. Assim, em 1954 Getúlio tira a própria vida com um tiro no peito, deixando ao povo brasileiro sua famosa carta memorial, relatando seus feitos políticos, suas ambições, seu amor e consideração pelo povo e, finalizando com a emblemática frase: "(...) Serenamente dou o primeiro passo no caminho para a eternidade e saio da vida para entrar na Hsitória", abandona não só a política, mas a própria vida. Seu funeral foi acompanhado por uma imensa multidão que, aos prantos, acompanhou o cortejo de seu corpo já frio. Contudo, a versão de que Getúlio cometeu suicídio ainda enfrenta revisionismos e é cercada de dúvidas e hipóteses.
Realizações e Legado
Getúlio foi o mais importante e influente presidente (e ditador) do Brasil. Captou a atenção do cenário internacional, projetou o Brasil no mundo, industrializou o país, realizou obras de infraestrutura, aprovou os direitos trabalhistas através da CLT, criou a Petrobras (a mais importante estatal do país) e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento), além de importante seguridade nacional. Em torno de sua figura, criou um verdadeiro movimento cívico que ia desde as crianças até aos mais velhos. Conseguiu acalmar as rivalidades entre as classes sociais, agradando ricos e pobres (mas não a todos). Seu governo foi marcado também pela repressão e pelo excesso de centralização de poder, mas devemos ter em mente o cenário político, ideológico e contextual da época. Se, por um lado, Vargas usou do medo comunista para consolidar seu poder, à época o importante movimento comunista da Coluna Prestes chegou, por instantes, a ameaçar o país, cenário diferente da paranoia de 1964. Dois partidos surgiram da influência varguista: o Partido Democrático Trabalhista (PDT) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Vargas foi uma importante figura trabalhista e nacionalista e suas influências são sentidas até hoje.
Referências:
Fundação Getúlio Vargas |
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