Gangsters judeus presos. A máfia judaica atuou diretamente nos empreendimentos de Nova York e no estabelecimento do crime organizado de cidades como Las Vegas e Los Angeles. |
Essa semana, o Marco Histórico traz uma série de textos sobre gangues e grupos criminosos do Brasil e do Mundo. Hoje, o tema é a máfia judaica norte-americana.
Oportunidades e Trabalho
A cidade de Nova York em uma foto tirada no ano de 1936. Pessoas do mundo inteiro vieram para a terra das oportunidades e construíram os maiores arranha céus do mundo. |
A cidade de Nova York, fixada na não tão promissora ilha de Manhattan (mas que se tornou o centro financeiro do mundo) foi construída, como praticamente todo os EUA, pelas mãos dos imigrantes oriundos das mais diversas partes do mundo. O espírito cosmopolita e multicultural é a base e a essência da cidade de Nova York. Estes imigrantes, geralmente fugitivos de guerras paupérrimos, que nada mais traziam consigo além de suas malas e suas poucas roupas e o desejo de prosperar na "terra das oportunidades", construíram sua riqueza com trabalho duro e honesto. Mas nem todos eles trabalharam tão honestamente assim. As gangues logo tornaram-se elemento presente na cultura nova iorquina, e dentre essas gangues vários judeus fizeram sua fama.
Terra Prometida
Os imigrantes judeus, assim como a maioria dos imigrantes das mais diversas nacionalidades, chegaram até a cidade de Nova York atraídos pela promessa de enriquecimento fácil e pelas múltiplas oportunidades que a cidade (na época apenas menor que Londres) - ainda em formação - oferecia. A maioria desses imigrantes fugia de uma Europa que via o nascimento do Nazismo e do Fascismo, buscando ao mesmo tempo refúgio e esperança diante de um cenário perigoso. Grande parte desses imigrantes judeus era extremamente pobre (mas altamente empreendedora). Parece ser mentira o mito de que todo o judeu é rico, mas certamente todo o judeu parece possuir um espírito empreendedor.
Em primeiro plano, uma típica loja judaica de roupas. Os imigrantes judeus começaram seu progresso com pequenas lojas, principalmente de tecelagem. |
Tecelagem e... gangues.
Esse empreendedorismo judeu tomou seu espaço na cidade de Nova York. Cada nacionalidade tinha seu ramo específico de empreendimento: os italianos prosperaram com seus restaurantes, os coreanos enriqueceram com suas lojas de horticultura, os franceses tornaram-se famosos por sua arte de relojoaria e antiquários, e os judeus logo ganharam seu lugar ao sol praticamente monopolizando o ramo da tecelagem. Mas nem só do comércio de tecidos veio a prosperidade dos judeus nova nova-iorquinos: logo eles também estabeleceriam suas gangues, não menos violentas do que qualquer grupo de máfia italiana ou russa.
A Lei Seca: mina de ouro
De 1920 a 1933 o comércio de bebidas alcoólicas foi totalmente proibido nos EUA. Isso criou uma oportunidade ímpar para as diversas gangues que encontraram no tráfico de bebidas uma fonte lucrativa de ganhos. Os judeus souberam fazer dinheiro contrabandeando álcool. Com a justificativa de utilizar bebidas para fins rabínicos (alguns tipos e quantidades de álcool eram permitidos para atividades religiosas), o acesso às bebidas era facilitado para os gangsters judeus. Algumas sinagogas tinham 400 ou 500 membros inscritos, quando na verdade não tinham nem sequer 60 membros. Esse escândalo logo manchou a imagem pacífica e honesta que permeava a comunidade judaica, e os próprios rabinos começaram uma política de"limpeza" moral, desfazendo as fraudes que eram colocadas para o acesso ao álcool.
Jogos e atividades obscuras
Homens como Bugsy Siegel atuaram em atividades criminosas de jogos de azar, especialmente em cidades como Las Vegas. |
A máfia judaica (apelidada comicamente de "Kosher Nostra") não fazia apenas tráfico de bebidas. Entre outras atividades, atuavam como assassinos de aluguel, traficantes de diamantes, além de fazer serviços de "proteção" (leia-se extorsão), assassinatos de aluguel e participação em jogos de azar. A máfia judaica não estava restrita à cidade de Nova York: também atuavam em cidades como Nova Jersey, Chicago, Flórida e Los Angeles. A própria cidade de Las Vegas foi "fundada" com a participação direta de gangsters como o judeu Bugsy Siegel, que ganharam rios de dinheiro sujo que era lavado através dos diversos cassinos dirigidos pela máfia.
Meyer Lansky, em foto tirada em 1951, conhecido como o líder de uma das mais violentas gangues de Nova York. |
O fenômeno das gangues foi um processo "natural" para uma cidade multicultural como Nova Iorque. Estes grupos, inicialmente, serviam como proteção para as diversas comunidades das mais variadas nacionalidades. Um bairro de italianos tinha sua própria "gangue de proteção", bem como os irlandeses, ingleses, franceses, mexicanos, russos, coreanos e não seria diferente com os judeus. É fato que a intolerância racial era muito menor na cidade do dinheiro (em plena Segregação Racial norte-americana, os negros e brancos continuaram frequentando as mesmas escolas em Nova Iorque), mas isso não impedia que a violência entre os grupos aparecesse, mesmo que ocasionalmente. Estes grupos, inicialmente de uns poucos jovens, tornaram-se em grandes empreendimentos que se envolveram em atividades mais obscuras como assassinato, extorsão e jogos de azar, além de tráfico de armas e drogas. Muitos membros das gangues nunca chegavam a se envolver com atividades ilegais: eram membros de "associações" que, na verdade, eram obrigados a pagar taxas para que não sofressem represálias.
Um tabu de ferro
Ninguém se assusta com irlandeses e italianos se envolvendo em atividades criminosas. Estas comunidades são conhecidas pelo envolvimento de alguns de seus membros em atividades violentas. Mas não se espera que imigrantes judeus, tidos pelo senso comum como pacíficos e empreendedores se dediquem às atividades de gangues. O fato é que a máfia judaica tomou papel decisivo no próprio desenvolvimento econômico e político de Nova Iorque e de diversas outras cidades, como a famosa Las Vegas (lugar com maior concentração de turistas no mundo). Não foi nem mais nem menos violenta do que qualquer outra máfia de qualquer outra nacionalidade. O diferencial dos judeus era a capacidade de diversificar suas ações e expandir seus negócios. Enquanto os italianos se especializavam em extorsões e os irlandeses dominavam a área de construção civil, os mafiosos judeus conseguiam desempenhar contrabando tão bem quanto assassinatos de aluguel, desempenhando atividades consideradas "altas demais" e, mesmo assim, não recusando trabalhos sujos considerados "inferiores".
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