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Marco Histórico
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Soldados negros que lutaram ao lado dos americanos na Primeira Guerra, que posteriormente receberam
condecorações do governo francês

A primeira postagem da série sobre a questão racial na Segunda Guerra Mundial trata dos franceses e sua política imperial de colonização, e o modo como lidavam com as tropas coloniais. Quando o assunto é o racialismo da Segunda Grande Guerra, nos lembramos apenas dos alemães e sua ideologia de superioridade racial. Entretanto, a questão da raça está presente em todas as potências mundiais, alterando apenas a forma como se manifesta. A política muda de Estado para Estado, mas a base é essencialmente a mesma: povos superiores com a missão de se sobressair sobre as demais "raças" ou "povos".

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Soldados coloniais franceses capturados pelos alemães na Segunda Guerra

Tirailleurs Senegales
 O uso de tropas coloniais por parte da França remonta ao ano de 1857, com registros mais oficiais, mas o uso de milícias locais à serviço da Coroa Francesa é bem anterior a essa data. Louis Faidherbe, nesse mesmo ano, criou os regimentos conhecidos como Tirailleurs Senegales, compostos de escravos comprados pelo governo francês e colocados à disposição do Exército. Estes soldados provinham das camadas sociais mais baixas e muitas vezes não recebiam o próprio pagamento. Faidherbe desejava, com essas tropas, obter desempenhos melhores do que as tropas francesas oriundas da Metrópole, pois os europeus não estavam adaptados ao tipo de clima e às doenças africanas. 

Tirailleurs à serviço da França, combatendo na Argélia
 
O Rachat
Os franceses inicialmente aliciavam suas tropas coloniais comprando escravos e treinando-os como soldados. Em 1882, este sistema de trocas, conhecido como rachat, foi modificado e a entrada de prisioneiros de guerra e outros membros marginalizados foi ampliada. Mercenários também prestavam seus serviços aos franceses. Muitas vezes, essa situação era obrigatória, e a brutalidade dos oficiais franceses era notória.

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Soldado africano em uma foto, com uma criança provavelmente francesa
 
Os africanos na Primeira Guerra
Estima-se que, somente entre 1914 e 1918, mais de 220.000 soldados africanos serviram à França nos teatros operacionais da África e da Europa. Participaram de batalhas importantes no teatro europeu, como a do rio Yser e a batalha do Somme. Dezessete batalhões de tirailleurs foram criados nesta época. Na batalha do rio Yser, estima-se que de cada quatro soldados africanos, três foram abatidos.

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Cartaz alemão da Primeira Guerra, colocando a caricatura satírica de um general francês,
dos soldados coloniais negros e de um judeu.










O abatedouro
Dos cerca de 220.000 soldados africanos recrutados apenas durante a Primeira Guerra, 163.000 participaram do teatro de operações na Europa. Cerca de 30.000 deles perderam suas vidas. A proporção era de praticamente 185 soldados mortos dentre cada mil, uma taxa um pouco inferior à dos franceses das metrópoles (200 mortos para cada mil, em média). Entretanto, proporcionalmente, os africanos sofriam mais baixas do que os franceses. 

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Soldados coloniais franceses da Primeira Guerra

Viva a França!
Estima-se que cerca de metade dos efetivos franceses na Segunda Guerra eram compostos de soldados aliciados das colônias, sobretudo os países africanos de Marrocos, Argélia e Senegal. Muitos dos regimentos oriundos da Primeira Guerra ofereceram soldados à França. A maior parte destes efetivos, entretanto, foi desmobilizada ainda no início da Segunda Guerra pelas tropas do Eixo.

Liberdade, Igualdade e Fraude
Os soldados das colônias francesas recebiam tratamento completamente diferenciado. Os salários eram essencialmente mais baixos do que aqueles pagos aos soldados nativos da França. Castigos severos não eram incomuns. A própria origem de escravidão destas tropas e o modelo senhorial desenvolvido pelos oficiais franceses expunha a situação indigna à qual os negros das tropas francesas eram expostos. Sobretudo, eles eram enviados para morrer no lugar dos franceses. Diversas missões insustentáveis foram levadas à cabo pelos soldados africanos que morriam aos milhares. Muitos deles rendiam-se voluntariamente aos alemães.

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Tropas coloniais francesas da Nigéria, capturadas pelos alemães em Junho de 1940.
Superioridade
Os franceses não desenvolveram a questão puramente racial como os alemães o fizeram. Seu racismo, entretanto, foi mascarado sob ideologias iluministas e progressistas. A França era considerada "superior" pelo pensamento chauvinista e provinciano de seus intelectuais e dos membros de seu governo, que a consideravam como o melhor centro da cultura, das ciências e do conhecimento na época, chegando a desdenhar dos demais países europeus, inclusive. Para o francês desta mentalidade, o alemão era um bárbaro a ser destruído e as tropas negras eram apenas a munição para esse fim. A questão da cultura, das belas artes e do "avanço civilizacional" mascaravam os ideais de supremacia racial dos franceses.

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Soldados alemães confraternizam com um soldado africano das tropas francesas.

Contra-propaganda
Durante as duas grandes guerras, os alemães exploraram o uso de tropas coloniais para satirizar seus inimigos franceses. Debochavam dos "defensores da civilização" que em suas fileiras aceitavam escravos e negros que nada tinham a ver com toda aquela "bela cultura". Sátiras foram produzidas e distribuídas para criar a imagem do soldado colonial negro como inferior em combate. Esta propaganda de ridicularização racial foi largamente empregada por todas as potências europeias nas duas grandes guerras e nos combates coloniais, com o objetivo de inferiorizar os inimigos. Entretanto, os negros se mostraram combatentes ferozes e destemidos e seu papel foi essencial para as nações da Europa.

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Soldado senegalês das tropas coloniais francesas

Dinheiro e política
O recrutamento de soldados africanos foi, durante muitas décadas, um negócio lucrativo para os franceses. As tropas compostas por escravos e ex-escravos saíam muito mais baratas do que as tropas convencionais. Além disso, o uso massivo de tropas coloniais tinha uma finalidade também política e de dominação: enquanto estivessem ocupados com as guerras da França, os negros não teriam tempo nem condições de lutar por suas próprias demandas, por suas próprias bandeiras e isso acabava sufocando as possibilidades de uma revolta nas colônias. Apesar dos péssimos tratamentos, eram raros os  casos de motins entre os soldados africanos (ou eram menos frequentes) e não raramente eles eram usados para suprir os soldados franceses.
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Soldado do Chade, à serviço da França

O bom selvagem
O racismo francês, chauvinista e econômico, é mais bem disfarçado do que o racialismo alemão mais direto, objetivo e transparente. A França legitimou suas políticas racialistas por ser ela a "protetora da alta cultura" com a missão de levar o progresso aos povos mais atrasados. Entretanto, esta "bondade" francesa não surtiu efeitos positivos para os povos negros. As colônias francesas mergulharam na rebelião, na catástrofe social e na situação deplorável de abandono e miséria. Os soldados negros sempre foram tratados de forma inferior, como segunda classe, dentro das fileiras da França. A dominação econômica foi a maior ferramenta para este racismo velado que é pouco comentado mesmo entre os maiores círculos de estudiosos.

http://www.ww2incolor.com/d/622602-2/colfren
Soldados coloniais franceses capturados pelos alemães, na Segunda Guerra


Sangue oculto
A França utilizava as tropas coloniais para compensar suas debilidades militares internas. As tropas massivas de negros das colônias serviam como munição contra os adversários em situações extremas. Muitas vezes, estes soldados não recebiam preparação e suprimentos adequados, sendo entregues à morte. As milhares de vidas ceifadas dos soldados das colônias demonstram que o caráter francês nas duas grandes guerras era o de utilizar seres considerados culturalmente inferiores para a defesa da grande "pátria cultural". O soldado negro era, assim, a massa usada como escudo e a situação insustentável foi motivo de revoltas que puseram a colonização francesa em xeque, como a argelina.





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Soldado das tropas coloniais com suas condecorações. Alguns deles alcançaram certo prestígio
dentro do Exército francês, apesar do tratamento inferior que recebiam



Grandes heróis 
Os soldados africanos das tropas coloniais mostraram grande bravura. Foram essenciais para várias das vitórias da França. Infelizmente, o reconhecimento dado a eles foi pouco. Os grandes contingentes não foram aproveitados como poderiam, e a vantagem numérica e colonial da França serviu pouco diante do despreparo técnico e militar dos comandantes franceses perante os alemães. Vários soldados das colônias foram condecorados e diversos oficiais franceses dispensaram um tratamento mais humano e digno aos seus subordinados das colônias. Com a derrota na Segunda Guerra, entretanto, a França enxerga um lento mas contínuo declínio em sua dominação na África.

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"Eu gostaria de ter inventado um cortador de gramas": célebre frase do inventor do rifle mais famoso do mundo.

Provavelmente, nenhum rifle é mais famoso do que o AK-47. Arma de origem soviética, é símbolo de praticamente todos os grupos paramilitares, insurgentes, rebeldes e dissidentes de todo o mundo, além de seu emprego em várias Forças Armadas regulares mundo afora, principalmente no continente asiático, no Oriente Médio e nos países africanos. Criado em pleno vigor da Segund Guerra Mundial, esta arma continua com um potente poder de fogo e é o símbolo de uma era.

A pequena Kurya
Mikhail Timofeevich Kalashnikov nasceu no dia 10 de Novembro de 1919 numa pequena cidade chamada Kurya (atualmente conhecida como Altai Krai), no então Império Russo. Sua mãe, Aleksandra Kalashnikova, e seu pai Timofey Aleksandrovich Kalashnikov, logo cedo dedicaram o filho nos estudos. Kalashnikov desenvolveu uma capacidade de auto didatismo essencial para sua formação como projetista de armamentos. 

Juventude
Em 1930, a União Soviética tomou a pequena propriedade rural de seu pai e Mikhail, junto com sua família, foi deportado para o pequeno vilarejo de Nizhnyaya Mokhovaya. A doença fez parte da vida de Mikhail, e ele chegou a quase falecer ainda aos seis anos. Muito cedo, ele já se tinha atraído por projetos, desenho e mecânica, mas também gostava muito de poesia. Ele aprimorou muito sua capacidade de tiro caçando com seu pai. 

Tratores
Depois do ensino básico, Mikhail retornou para sua cidade natal e começou a trabalhar como mecânico de tratores. Em 1938, ele se alistou no Exército Vermelho, e por conta de sua baixa estatura (e também por suas habilidades com engenharia), foi colocado para servir como mecânico de tanques. Posteriormente, tornou-se comandante de uma divisão blindada. Já nesta época Mikhail concretizou alguns inventos seus, desde aprimoramentos para veículos até algumas armas de fogo. Serviu no 24º Regimento de Tanques T-34, da 108ª Divisão de Tanques, participando da batalha de Brody em 1941. No mesmo ano, foi ferido na Batalha de Bryansk, no mês de Outubro, e permaneceu hospitalizado até Abril de 1942.

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"Para que um soldado ame sua arma, ele deve compreendê-la e saber que ela não
o trairá"

"Estes rifles são uma porcaria!"
Enquanto esteve internado, Mikhail verificou que grande parte dos feridos no hospital reclamava das condições ruins do armamento soviético, que não permitia um combate de igual para igual com os nazistas. Defeitos de travamento, más condições de manutenção e a dificuldade de respostas rápidas em combate eram os principais problemas. Mikhail logo percebeu a necessidade de criar um armamento com disparo rápido e facilidade de manutenção, e que fosse o mais confiável possível. Então, ele começou a projetar um rifle de assalto, e em 1942 Mikhail foi incorporado ao Centro Científico de Desenvolvimento de Armamentos do Exército Vermelho. Em 1944, ele criou um sistema de recarga a gás para cartuchos calibre 7.62x39mm, o que diminuiu os travamentos nas armas que usavam esse tipo de munição.

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Em primeiro plano, Mikhail, acompanhado do famoso designer de armas, Nikolaj Fedorovich Makarov, ao seu lado.

Nasce a AK-47
Depois de implementar alguns projetos e melhorias para os armamentos já existentes, o que poupou muitas vidas soviéticas, Mikhail começou a trabalhar realmente no projeto da AK-47, já em 1947, depois da guerra. Em 1949, já finalizada e fabricada em larga escala, a AK-47 foi oficialmente alocada como o rifle de assalto padrão para o Exército Soviético e consagrou o nome de Mikhail como provavelmente o maior inventor e projetista militar de armas de fogo da URSS.

Duelo de titãs
O projeto da AK-47 foi tão bem sucedido que até mesmo os dois mais renomados projetistas militares soviéticos, Georgy Shpagin e Vasily Degtyaryov admitiram a superioridade do armamento criado por Mikhail. A AK-47 tinha tudo o que os armamentos soviéticos contemporâneos não tinham: facilidade de montagem e desmontagem, praticidade para a manutenção, um sistema confiável de disparos e recarga e uma boa cadência de tiro, aliada a um ótimo alcance e poder de impacto dos projéteis. Durante muito tempo, competiu de igual para igual (e até superou) muitos dos armamentos norte-americanos.
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Mikhail durante um evento em sua homenagem.

Nada se faz sozinho
Mikhail nunca tomou os louros da glória inteiramente para si. Para o sucesso de seu projeto, dois nomes foram essenciais: Vladimir Deikin e Alexandr Zaitsev, que o próprio Mikhail declarou como seus maiores colaboradores e responsáveis pelo sucesso do armamento.

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Mikhail com uma foto sua, durante sua juventude, quando ele começou a fazer projetos de armas para a
União Soviética.

Izhvesk
De 1949 em diante, Mikhail trabalhou e viveu na pequena cidade de Izhvesk. Em 1971 ele conquistou o grau de Doutor em Ciências Técnicas e participou de 16 academias como membro. Aprimorou sua arma, criando a versão AKM, o rifle AK-47 aprimorado. Nessa época, também desenvolveu a metralhadora PK, que usava cartuchos de calibre mais pesado, o 7.62x54R. O design das armas de Mikhail era simples e eficiente: com menos, suas armas eram capazes de fazer mais, e os soldados conseguiam extrair mais proveito de seu potencial. 

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Mikhail com a versão aprimorada da AK-47.

100.000.000
Até 2009, mais de 100 milhões de rifles foram produzidos e comercializados. A empresa Izhmash era responsável pela fabricação do rifle na Rússia, mas nenhuma patente foi criada para o armamento até 1997. Em 2006, a empresa produzia apenas 10% dos rifles AK-47. Essa ausência de patentes permitiu que vários outros fabricantes reproduzissem o armamento e facilitou a circulação no mercado negro, e é impossível calcular um número exato destes rifles, tanto em sua produção quanto em seu comércio.

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Mikhail com a vodka que tem o mesmo nome de sua invenção: "Kalashnikov". Tiro e queda na abstinência.

O senhor das armas
Mikhail não chegou a lucrar diretamente com as vendas de seu rifle. Entretanto, ele ficou longe de viver uma vida modesta. Ele foi um dos acionistas mais importantes da Marken Marketing International, uma companhia de armamentos alemã. Seu neto Igor era o acionista majoritário da empresa. A MMI produz, atualmente, inúmeros itens relacionados com o armamento, desde canivetes até uma marca própria de vodka. Chegou a ser reconhecido até mesmo pelos opositores: foi convidado a ir aos EUA em  2000, no estado da Virgínia, em visita ao American Wartime Museum.
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À direita, Mikhail, já bem velho, durante uma Parada da Vitória em Moscou, na Praça Vermelha.

"Minha dor é espiritual"
O velho Mikhail foi hospitalizado em 17 de Novembro de 2013, na central médica da província de Udmurtian, no hospital localizado em Izhevsk, capital. Morreu de hemorragia gástrica no dia 23 de Dezembro do mesmo ano. Em Janeiro de 2014, uma carta de autoria sua foi entregue ao chefe da Igreja Ortodoxa Russa, o Patriarca Kirill, onde ele dizia que sua maior dor não era física, mas sim, espiritual. Ao que consta na carta, Mikhail se arrependeu amargamente de suas invenções e das vidas que foram tiradas através delas. O patriarca Kirill, na época, respondeu a ele chamando-o de "grande patriota, um homem que tomou uma atitude necessária e correta em época de guerra" e, adicionando, disse que "criar armas para a defesa do próprio povo também é um modo de salvar vidas". O rifle AK-47 é um dos maiores símbolos bélicos do povo russo. É usado em todos os continentes do mundo, principalmente por grupos rebeldes, criminosos e insurgentes. Mas também é usado por forças armadas convencionais, principalmente nos países árabes. As armas certamente tiram vidas, mas, nas mãos certas, podem poupar muitos inocentes e servir para sua defesa.


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Funeral com honras de Estado, em memória de Mikhail.


 
Guerreiros samurais veteranos, em foto do século XIX. Durante muitos séculos, os samurais foram a classe
dominante do Japão.
Os orientais são os senhores absolutos das artes com espadas. Os samurais (em ideogramas japoneses, representados pelo símbolo 侍), uma classe de elite da sociedade nipônica medieval, conservaram uma arte milenar de fabricação de suas armas e de seus equipamentos de proteção. A pé ou à cavalo, estes guerreiros conseguiram conservar o seu país, durante muito tempo, da dominação política e econômica dos ocidentais. Após a modernização das Forças Armadas do Japão, na Era das Luzes perpetrada por Meiji, a classe dos samurais praticamente entrou em desuso, mas sua engenharia militar ainda nos surpreende.

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A Katana
A mais famosa das armas samurais, a Katana (em ideogramas, 刀) é uma espada extremamente afiada, geralmente curva, e especialmente leve e fácil de manusear. É empunhada com as duas mãos e seus golpes são especialmente perigosos para os membros vitais do corpo. Diferente das espadas da Europa, a Katana possui apenas um dos lados mais afiado, e geralmente é de um comprimento menor, que é de 73 centímetros em geral. Esta é a principal arma de um samurai, e a materialização do seu código de honra: era usada tanto para matar os inimigos quanto para cometer o suicídio de "honra" (o ritual do Seppuku) caso falhasse com o seu dever pessoal. Outras espadas e armas cortantes menores tiveram grande importância para os combates samurais, como o Tachi (太刀), uma espada menor e anterior à katana; o Chokuto (直刀), clássica do século X d.C.; a Tsurugi (剣), uma espada comprida de duplo corte; e a Uchigatana (打刀), uma versão aprimorada da espada Tachi.

Guerreiro samurai com suas katanas e sua armadura tradicional


Tanko e Keiko
Existem duas armaduras principais na cultura samurai: a Tanko, usada pelos soldados de infantaria; e a Keiko, usada pelos samurais montados em seus cavalos. Dentro dessas variações, existem vários modelos específicos de armadura samurai: a Dou, uma couraça feita de ferro e couro; a Kusazuri, feita de placas de ferro e/ou couro colocada em cima da Dou, para proteger a parte inferior do tórax e a parte superior das pernas; o Kabuto, um elmo feito de 3 a 100 placas de ferro ou couro; o Haidate, que são proteções para as coxas; o Mengu, uma armadura para a cabeça que oferece melhor encaixe para o elmo Kabuto; o Kote, que são luvas de couro; e a Sode, que são caneleiras de couro ou de ferro. Além destes itens principais, várias armaduras secundárias e outros itens eram usados para a proteção dos guerreiros.

Samurai usando a armadura típica da infantaria, a Tanko, e sua couraça Dou.

O Cavalo
Depois de sua katana, o cavalo era a melhor arma de um samurai. Unidos, como uma só criatura, eram capazes de causar pânico nos adversários. De cima dos cavalos, os samurais atacavam com seu arco (chamados de Yumi, 弓) e suas flechas, desferindo golpes mortais nos adversários, à uma distância segura e em movimento. Atacavam também com lanças e com as próprias katanas, ou simplesmente atropelavam seus inimigos em campo aberto. 

O cavalo, depois da katana, era o melhor amigo de um samurai.
Yumi
Os samurais também eram mestres em armas de projéteis, e não apenas em espadas. A Yumi era um arco longo, feito especialmente para flechas bem projetadas. Era dividida em dois tipos principais: a Daikyu (大弓), mais comprida; e a Hankyu (半弓), mais curta. Sua corda, retesada, tinha um poder de propulsão muito considerável, e seu design era especial para atirar montado à cavalo. 

O arco Yumi era uma das armas essenciais para um samurai. Aqui, a versão mais longa,/
chamada de Daikyu.


Artes da Guerra
A metalurgia japonesa é o retrato da cultura nipônica. As armas dos samurais, seu estilo e seus traços são únicos em todo o mundo e, como todos os outros povos da Terra, são também uma forma de expressão cultural e artística. Ainda hoje existem ferreiros especializados em produzir estes tesouros, e pessoas que praticam artes marciais com estas armas.

Arco Yumi e flechas.




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Homem e mulher maoris vestidos com os trajes tradicionais de seu povo.

Maori é uma palavra que, além de representar um povo, refere-se a toda uma cultura. Os maori são um povo da região Polinésia, representados em diversas narrativas, contos e ficções do período das Grandes Navegações, e o seu encontro com o homem europeu sempre foi marcado por elementos de desconfiança, brutalidade e, em raras ocasiões, por amizade (diversos indígenas serviram às forças britânicas na Segunda Guerra Mundial, contra o avanço nipônico).

Maori: almas mortais
Os nativos polinésios sentem a necessidade de separar o mundo material do mundo espiritual, e para isso mesmo criaram o termo maori, que representa a divisão entre os seres mortais e as divindades e os espíritos imortais. É um termo não só utilizado pelos próprios maori, mas também por diversos outros povos, como pelos havaianos, que usam o termo maoli, ou os taitianos, que usam a palavra maohi. Os maori vivem onde hoje encontramos o atual território da Nova Zelândia.

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Guerreiro maori contemporâneo vestido com os trajes tradicionais dos Maori.

A última Fronteira
A região onde os maoris vivem foi a última a ser descoberta, explorada e colonizada pelos europeus. Região de inúmeras pequenas ilhas, a Polinésia forneceu abrigo seguro e distante para estes povos durante milênios. Estes locais de difícil acesso e pouco território disponível não despertaram, de início, a atração dos navegantes, mas seu acesso entre a importante colônia Australiana e a Ásia lhes oferecia a oportunidade de fixar pontos de apoio para suas expedições.

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Os rituais de guerra maori ocupam lugar de destaque na cultura das tribos polinésias.

Batata doce e porcos
Os maoris eram confinados a pequenas faixas de terra. A agricultura era extremamente limitada, e o principal produto de cultivo era a batata doce, extremamente nutritiva. A caça e a pesca constituíam a principal fonte de alimentação, e os indígenas criavam alguns animais domésticos, como porcos, que eram transportados para outras ilhas quando os maoris eventualmente procuravam lugares para se expandir.

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Os trajes maori podem variar de tribo para tribo.

Tatuagens e guerra
A guerra é um elemento importante para a cultura maori. Este povo sempre esteve em conflito com as outras tribos próximas, principalmente para garantir o acesso à pouca terra disponível e também para assegurar a sobrevivência contra os agressores externos. Indícios arqueológicos demonstram grande capacidade de estratégia e organização militar, como fortificações, trincheiras e pequenas e primitivas fortalezas em locais altos, bem como táticas de guerrilha e ataque surpresa. Os maori fazem diversas tatuagens no corpo, e esses símbolos podem significar várias coisas, como a comunicação com os antepassados mortos, maior força e vigor para a batalha e proteção espiritual contra doenças e ferimentos. A tatuagem é a marca de uma tribo e do povo no qual um maori cresce. Uma prática comum na guerra era a de decepar a cabeça dos inimigos, e muitas vezes praticar a redução dos crânios, as famosas "cabeças encolhidas". Muitos navegantes europeus compravam estas cabeças como objetos de relíquia, e os maoris começaram a vender estas cabeças em troca de armas de fogo.

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Guerreiro maori com os trajes e armas típicos. Os maori adquiriram armas de fogo
após o contato com os europeus.

O contato com os europeus
Abel Tasman, que entrou em contato com os maori em 1642, e James Cook, o famoso capitão, que chegou à região em 1769, foram os primeiros navegantes a estabelecer contato com estes povos. Os relatos destes capitães descrevem guerreiros muito orgulhosos e violentos, e alguns documentos mostram que quando uma tribo vencia seus adversários, não raramente os devorava. Assim, é muito provável que os maori praticassem a antropofagia (ato de devorar carne humana, o canibalismo). Baleeiros e criminosos fugitivos entravam em contato com os maori e exerciam influência aos nativos.

Europeus e Maoris
A relação entre os europeus e os maori nem sempre era de dominação ou de guerra. Muitos europeus acabavam até mesmo abandonando sua civilização para adotar o estilo de vida maori. Cerca de mais de 2000 europeus já viviam entre os Maori entre os séculos XVIII e XIX. O colono Frederick Maning escreveu dois livros que são verdadeiros registros históricos sobre a História neozelandesa: History of the War in the North of New Zealand against the Chief Heke (História da Guerra no Norte da Nova Zelândia contra o Chefe Heke) e Old New Zealand (Velha Nova Zelândia).

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As tatuagens são elementos marcantes da cultura Maori.

Maoris contra Maoris
O povo maori é dividido em diversas tribos e clãs, e estas tribos lutaram consigo durante muito tempo. Ou seja, não havia uma cultura pacifista entre o próprio povo maori. Mas o contato com os europeus fez com que algumas dessas tribos adquirissem muitas armas de fogo, o que criou um desequilíbrio entre estas tribos. Muitas delas foram quase exterminadas por outras tribos dominantes, e, assim, pode-se considerar que os próprios maori foram responsáveis, ao menos em parte, por um acentuado declínio populacional. A partir de 1830, intensas atividades missionárias cristãs e a intervenção do Império Britânico acabaram por reduzir o massacre maori, mas a cultura nativa foi extremamente influenciada por estes elementos estrangeiros. Gradativamente, a religião maori foi substituída pelo Cristianismo, e a região dos maori passou a ser um protetorado britânico.

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Guerreiro maori com armas Taiaha.
Tradições e memória de um povo
Entender os maori significa entender muito da nossa própria História. Testes de DNA confirmam que indígenas brasileiros residentes no estado de Minas Gerais possuem grande semelhança com a estrutura genética dos maori. Isso pode ser mais uma das provas que, em oposição à teoria da travessia do Estreito de Bering, comprova a teoria da travessia pelas ilhas do Pacífico. É provável que nossos indígenas sejam descendentes destes povos, e muitos elementos de suas culturas são extremamente parecidos.




As telas do cinema apresentam homens com poderes sobre-humanos, força extrema, visão de raio-X, poder para voar e atravessar paredes. Entretanto, podemos contar inúmeras personalidades que podem ser consideradas como heróis e heroínas da vida real. Dentre estes, Stanislav Petrov certamente é um dos mais importantes. Este militar soviético é responsável por nada mais nada menos do que ter evitado uma possível Terceira Guerra Mundial, e, pior, uma guerra nuclear.

O Herói
Stanislav Petrov, nascido em 1939, foi o homem que, no dia 26 de Setembro de 1983, evitou aquilo que poderia ser considerado como a "última guerra da humanidade", um incidente nuclear entre as duas potências mundiais, os EUA e a URSS. De origem simples, o senhor idoso que agora é um coronel reformado do Exército Vermelho teve perspicácia para evitar um confronto de dimensões catastróficas que poderia ter aniquilado a vida na Terra. 

Serpukhov-15
Stanislav era, então, tente-coronel e comandava a fortificação russa de nome Serpukhov-15, próxima à cidade de Moscou. A instalação de Serpukhov-15 tinha como função principal dar alerta quando mísseis balísticos fossem lançados contra o território soviético, especialmente vindos do território norte-americano. Também funcionava como um centro de controle para os satélites russos de Oko. A instalação fazia parte do Centro Soviético Principal para Alertas de Ataques de Mísseis, e suas informações eram processadas pelas Forças de Defesa Aeroespaciais, centralizadas em Solnechnogorsk. A instalação também contava com armas como o míssil anti-balístico A-135, um recurso de defesa em caso de ataques. 

Alertas
Naquele dia, após a meia noite, os sistemas da instalação militar alertaram para um míssil norte-americano que estava em curso contra o território soviético. Nesse caso, as diretrizes eram claras: os mísseis anti-balísticos deveriam ser lançados, e um ataque nuclear massivo deveria ser feito contra os EUA. Entretanto, Petrov supôs que o alerta tratava-se de um erro do sistema, pois o aviso indicava apenas um projétil vindo dos Estados Unidos. Ele concluiu que, em caso de um ataque verdadeiro, os norte-americanos teriam lançado uma quantidade maior de projéteis. Falhas anteriores do sistema reforçaram a decisão de Petrov em não conduzir as diretrizes convencionais.

Stanislav em entrevista ao canal russo RT

Quatro e Cinco
O sistema indicou, então, cinco projéteis no visor, lançados dos EUA em direção à URSS. Mesmo assim, Petrov corajosamente manteve sua decisão em não lançar uma resposta nuclear. Entretanto, como o tenente-coronel não tinha meios mais satisfatórios para certificar-se disso, decidiu confiar inteiramente em seus instintos. 

Contra o Protocolo
Petrov tomou uma decisão de sério risco e estava ciente disso. Por milagre, ele estava presente naquela madrugada, pois não estava escalado para trabalhar aquele dia, e se outro responsável estivesse no comando naquele momento de tensão, as reações poderiam ser extremamente diferentes. Como ele desobedeceu os protocolos militares, passou por vários interrogatórios e seus superiores questionaram violentamente sua atitude. Petrov foi considerado, então, como um "oficial não confiável para a União Soviética".

Herói esquecido
Apesar de não ter sido punido pelos superiores, Petrov não recebeu nenhum reconhecimento nem ganhou honraria alguma por conta de sua atitude. Como seu trabalho revelou que o sistema soviético possuía várias falhas, seus superiores entenderam isso como uma "desnecessária demonstração de fraquezas ao inimigo". Petrov foi enviado para uma função inferior e, depois, foi retirado do serviço da ativa militar. 
Petrov certamente é um dos maiores heróis mundiais.
Vivendo em Fryazino
Petrov passou a viver de sua pensão recebida pela aposentadoria das Forças Armadas soviéticas, o que não era muito. Em uma vida simples e pobre, ele vive atualmente na cidade de Fryazino, na Rússia. Em 21 de Maio de 2004, a organização norte-americana chamada Association of World Citizens concedeu ao Coronel Petrov o prêmio World Citizen Award (Prêmio de Cidadão do Mundo). Ele também recebeu, na mesma cerimônia, um cheque simbólico no valor de U$1.000,00 dólares e um troféu. Menos do que seu feito merecia, mas algo superior ao que seu próprio governo lhe havia negado. A rede americana ABC, dois meses depois do ato de Petrov, ainda em 1983, exibiu o drama ficcional 'The Day After" (O dia Após), onde uma guerra nuclear entre EUA e URSS toma lugar e o foco é colocado nos efeitos de uma possível guerra mundial de dimensões inimagináveis. 

Reviver a História
A maioria do público geral desconhece a história de Petrov e o quão importante foi a sua atitude. O público norte-americano, em especial, quase que completamente desconhece esse herói soviético que lhes poupou a vida. O episódio da Crise dos Mísseis de Cuba é erroneamente tido como o evento mais próximo de uma guerra nuclear, sendo que aquilo que Petrov viveu foi muito mais intenso e arriscado. 
Stanislav Petrov recebeu o reconhecimento de "World Citizen Award" (Prêmio de Cidadão do Mundo).

Jamais devemos esquecer
Stanislav Petrov não é apenas um herói soviético, é um herói mundial. Sua percepção, seu julgamento sadio e sua capacidade de interpretar os sinais, aliado ao seu "instinto", fazem desse ato um evento miraculoso. É praticamente impossível prever com exatidão as consequências de uma guerra nuclear em escala global, mas certamente estamos vivos aqui e agora e devemos isso em grande parte a este homem que, agora, vive em uma pequena cidade russa e certamente mereceria um monumento em cada nação do mundo. Vasili Alexandrovich Arkhipov é um outro herói soviético que também evitou um conflito nuclear na Crise dos Mísseis de Cuba, e estes dois nomes merecem citação eterna.


Heinrich Himmler e Adolf Hitler. Himmler tornou-se o braço direito e o suporte militar do Partido Nazista.
Um nome é extremamente importante para entender o militarismo alemão da Segunda Guerra: Heinrich Himmler. Trata-se do famoso orquestrador das forças Schutzstaffel ("Forças de Proteção", em uma tradução mais próxima), popularmente conhecidas pela abreviação SS. Inicialmente, as SS eram um grupo de organizações paramilitares muito pequenos, mas gradativamente substituíram as SA. Himmler é uma das figuras mais condenadas por atrocidades cometidas na Segunda Guerra e exerceu uma relação de poder extremamente próxima à pessoa de Hitler. 

A orquestra de Himmler
Himmler e Werner Grothmann
Tão enigmática quanto a pessoa do próprio Hitler, a figura de Himmler praticamente surge para reestruturar radicalmente as forças militares alemãs. Nascido em 7 de Outubro de 1900 na cidade de Munique, e batizado como Heinrich Luitpold Himmler, tornou-se um dos mais notáveis líderes do NSDAP, o Partido Nazista. Veio de um berço de classe média, e serviu em um batalhão de reserva durante a Primeira Guerra, o que limitou sua experiência no conflito. 

Freikorps
A derrota da Alemanha na Primeira Guerra e o humilhante Tratado de Versalhes impuseram aos germânicos a desmobilização de suas Forças Armadas, bem como instituiu uma série de limitações para o exército alemão. Entretanto, estas medidas tiveram pouco efeito prático. Desmobilizados da guerra, mas não do seu ofício, inúmeros contingentes militares continuaram ativos no interior do país. Estas tropas de Direita nacionalista chamaram-se Freikorps, às quais Himmler se uniu. As Freikorps foram essenciais para o combate ao movimento comunista crescente na Alemanha.

Reichsfürer-SS
Em 1923, Himmler, assim como muitos membros das Freikorps, entrou para o Partido Nazista e se filiou à Reichsführer-SS. Aquele era o início de sua carreira no nazismo. De simples membro, Himmler tornaria-se a principal figura das SS e as transformaria nas tropas regulares e nas principais unidades armadas do novo exército alemão que estava sendo reconstruído para a vingança contra Versalhes. 

Hitler e Himmler inspecionam tropas da Waffen-SS

O Putsch da cervejaria
Em 8 de Novembro de 1923, Himmler participou do fracassado golpe contra o estado da Baviera, conhecido como "Putsch da Cervejaria". A tentativa mal-sucedida dos nazistas tomarem o poder acabou mergulhando o partido nazi em um período de estagnação. De 1923 até 1925, Himmler se dedicou aos estudos e trabalhou como fazendeiro. Quando o partido nazi retomou suas forças, ele voltou às suas atividades junto ao movimento.

A Sturmabteilung sai de cena
A principal força militar do Partido Nazista eram as SA (Sturmabteilung), lideradas por Ernst Röhm. Estas forças contribuíram para a subida de Hitler e eram especialmente conhecidas por sua brutalidade contra os adversários, especialmente pelo seu fervor anti comunista. Entretanto, praticamente autônomas, estas forças despertaram a desconfiança de Hitler que, nas ações muitas vezes desordenadas das SA, enxergava um impecílio para sua manutenção no poder e a coesão de seu governo. Assim, as SS começam a ganhar o protagonismo como principal força e as SA são gradativamente deixadas em segundo plano.

Himmler e parte da cúpula nazi (Goering, Keitel e Donitz) junto com Hitler.

Waffen-SS
Oriundas das antigas Schutzstaffel, as Waffen-SS ganharam um novo enfoque com a figura de Himmler. De forças secundárias, as SS tornaram-se a elite das forças nazistas e ficaram responsáveis pela própria proteção pessoal de Hitler. Seus adeptos eram submetidos a um intenso treinamento e a ideologia interna exigia total submissão à figura do Führer. Em 1933, mais de 52.000 homens ingressaram nas SS. 
Himmler acompanhado de oficiais das SS.

Tentáculos
Com a estruturação das SS, outros organismos internos de forças policiais e militares foram agregados às SS. Himmler passou a comandar também a Ordnungspolizei (as forças policiais regulares) e a Sicherheitspolizei (força policial de segurança). Além disso, criou a Kriminalpolizei (polícia de investigação criminal) e a Geheime Staatspolizei, mais conhecida como Gestapo, a polícia secreta nazista. 


Divisões de Elite
Diversas divisões foram criadas dentro das SS. Estas divisões, tidas como as melhores do exército nazista, foram essenciais para os sucessos iniciais das ofensivas alemãs na Europa e no Leste, na campanha Barbarossa contra a União Soviética. Adotando o estilo de guerra da Blitzkrieg, divisões como a Totenkopf, a Hohenstaufen, LSSAH, Das Reich e Frundsberg somaram um poder militar aterrorizante contra os inimigos. Estas divisões mantiveram seu prestígio até o fim do conflito. Com a perda de efetivos, a própria Hitlerjugend, a juventude hitlerista, tomou ações de combate em campo.



Traições e embates
Já em 1945, mesmo nos momentos finais do conflito, as SS possuíam mais de 800.000 membros. Mas, diante dos fatos, Himmler perdeu qualquer esperança em uma vitória alemã, e não considerou o sucesso de qualquer ofensiva final. Sem chances para uma vitória militar, passou a negociar acordos de paz com os EUA e a Inglaterra, de modo autônomo. Negociou a rendição das tropas no front do Leste, junto ao conde Folke Bernadotte da Suécia. O plano de Himmler era persuadir os americanos e ingleses a, juntamente com ele, lutar contra as forças soviéticas. Ao descobrir os planos de Himmler, Hitler o declarou como traidor e lhe demitiu de todos os seus cargos, destituindo-o de todos os seus títulos também. Ele, então, pensou em se entregar ao então presidente dos EUA, Dwight Eisenhower, prometendo que toda a Alemanha se renderia caso ele não fosse julgado. Ele chegou a enviar um documento ao presidente dizendo que "gostaria de ser nomeado como Ministro da Polícia na Alemanha pós-guerra". A reação do presidente norte-americano não foi nada amistosa: Dwight recusou qualquer negociação com Himmler. 

Himmler e sua filha, Gudrun.

A obscura figura de Heinrich
Himmler morreu Lüneburg, em 23 de Maio de 1945, tendo cometido suicídio ao ingerir uma cápsula de cianeto, antes que fosse submetido a interrogatório. Sua esposa e sua filha sobreviveram e, inclusive, sua filha Gudrun ainda vive na Alemanha. Himmler é tido como um dos maiores criminosos de guerra, sendo responsável por grande parte da execução de políticas de extermínio racial e das atividades em campos de concentração. Entretanto, assim como tantos outros nazistas e até mesmo aliados, jamais foi julgado por seus crimes de guerra.

Himmler inspecionando um campo de prisioneiros soviéticos.

Himmler, as SS e o legado para o Reich
Himmler foi uma figura essencial para o decaimento de Ernst Röhm e das SA. Hitler ordenou a execução de Ernst por enxergar nele um perigo potencial para a estabilidade do regime nazista e substituiu-o por Himmler. É impossível imaginar o que teria sido do exército nazista sem a figura de Heinrich e sem as forças das Waffen-SS. Entretanto, a qualidade das divisões e do exército alemão enfrentaram um inimigo muito pior que os Aliados ou o Inverno Russo: a megalomania de Hitler e suas ações precipitadas, principalmente ao fim do conflito. Se Ernst e as SA foram essenciais para a subida de Hitler, Himmler e as SS foram cruciais para a manutenção e consolidação do poder político e militar do nazismo. 

Desfile de tropas da SS no 50º aniversário de Adolf Hitler.
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