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Marco Histórico
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"A nação que perde sua memória deixa de ser uma nação, converte-se em uma mera coleção de pessoas que, de maneira temporária, celebram o território" - Józef Piłsudski


A Rússia aprenderia a respeitar e temer o pequeno país que conhecemos pelo nome de Polônia. As antigas rivalidades entre o Império Russo e a diminuta nação seriam ressuscitadas pelos Bolcheviques que, apesar de em suas palavras condenarem o imperialismo czarista, o reproduziram ao seu modo. Um homem seria o principal responsável pelo freio ao impulso da fome soviética, e este homem foi Józef Piłsudski.


Sua vida e suas origens
 
Nascido em 5 de Dezembro de 1867 em Żułów, próximo a Wilno, Józef veio de uma rica família de agricultores, que preservavam as tradições polonesas e o espírito patriótico. Foi neste ambiente e nesse meio espiritual que Józef adquiriu, desde cedo, o seu senso cívico e nacionalista. De seu pai, também chamado Józef, ele herdou um espírito revolucionário. Seu pai havia participado da revolta de Janeiro de 1863, quando o povo polonês tentou realizar a independência do país repartido pela Rússia, Prússia e Áustria. Józef terminou os estudos escolares em 1885, e entrou para a Universidade de Kharkov para estudar medicina. Entretanto, acabou se envolvendo em um movimento socialista revolucionário chamado "Narodnaya Vola". Ele foi preso por participar em manifestações estudantis. Após a saída da prisão, tentou ingressar na Universidade de Dorpat, na Estônia, mas foi rejeitado, pois as autoridades do local sabiam de seus envolvimentos ideológicos e revolucionários. Em 22 de Março de 1887, ele foi novamente preso por seu envolvimento com os socialistas, e acusado de conspiração contra o czar russo Alexandre II. Ele foi detido por cinco anos na Sibéria. 


Atividades estudantis e políticas
A nação polonesa havia sido repartida entre  três grandes potências, a Áustria, a Prússia e a Rússia, entre 1772 a 1795. Józef seria um dos principais agentes no renascimento e na reconstrução do país.Em 1893, o Partido Socialista Polonês (PSP) foi estabelecido em Varsóvia. Um ano antes, Józef havia retornado de sua prisão na Sibéria, e em 1884 tornou-se um membro da central de trabalhadores, trabalhando como editor chefe da revista "Robotnik", publicada pelo PSP. Em 1890, como um dos líderes do partido, foi preso pelas autoridades russas mais uma vez, detido em Varsóvia. Em 1891, foi transferido para o hospital em São Petersburgo, graças à sua simulação, fingindo estar doente. Ele conseguiu escapar com a ajuda de Władysław Mazurkiewicz, um dos médicos do hospital. Então, retorna à Galícia (a zona austríaca da Polônia repartida), onde ele continuou em suas atividades políticas. Em 1904, ele viajou ao Japão, aproveitando a guerra entre os japoneses e os russos. Lá, ele negociou com o governante Mikada a criação de uma legião polonesa auxiliada pelo exército japonês, para combater os russos. Entretanto, a única ajuda do Japão foi a aquisição de armas para o PSP. Apesar de os esforços do movimento serem suprimidos pela polícia, Józef não desistiu jamais de seus planos e persistiu na criação de uma força revolucionária polonesa. Em 1910, duas organizações paramilitares foram criadas na zona austríaca, uma em Lwów e outra em Cracow. Em 1912, ele se tornou comandante-em-chefe de uma dessas legiões. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, ele comandou um grupo de unidades bem treinadas e invadiu a zona russa da Polônia repartida, tomando parte do território de fronteira evacuado pelos russos. Depois, fez uma aliança com os austríacos, estabelecendo legiões polonesas. Toma, então, o comando da Primeira Brigada. em 1917, o mesmo ano da Revolução Socialista na Rússia, ele resignou ao comando e se tornou membro do conselho provisório da Polônia, colaborando para a criação de um governo nacional em Varsóvia. Entretanto, mais uma vez foi preso, até o ano de 1918, na cidade de Magdeburg, na parte prussiana da Polônia repartida. Com a derrota da Alemanha na Primeira Guerra, ele foi solto e retornou a Varsóvia, tomando o comando supremo das forças armadas polonesas. Sua missão agora era criar um governo independente e um país autônomo.

Repelindo os Bolcheviques
Soldados poloneses em Miłosna , perto de Varsóvia, em Agosto de 1920.
Em 14 de Novembro de 1918, ele começou a supervisionar a reconstrução política e territorial do país, e no dia 22 de Novembro do mesmo ano, foi promovido a líder provisório de Estado. Manteve-se no posto até 9 de Dezembro de 1922, quando Gabriel Narutowicz foi eleito o primeiro presidente da República da Polônia. De 1919 a 1921, ele repeliu os russos Bolcheviques no Leste, sendo promovido a primeiro marechal da Polônia. Em 1923, ele se afastou da política, após o assassinato do presidente Gabriel por um fanático de extrema direita chamado Eligiusz Niewiadomski, apenas uma semana depois de sua eleição. Na ocasião, Józef se recusou a trabalhar com o primeiro ministro Wincenty Witos, o qual ele acreditava ser responsável pelo incidente. Então, ele viveu durante algum tempo em seu retiro, na cidade de Sulejówek.

O retorno
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Em primeiro plano, o marechal Józef Piłsudski, durante sua tomada do poder em 1926.

A situação no país o forçou a retornar para a política, por conta dos protestos populares e a grande insatisfação presente, além do desemprego e da crise econômica. Józef exigiu então a resignação do gabinete governamental de Witos. Em 12 de Maio de 1926 ele entrou em Varsóvia, a capital, e após três dias de guerras civis, ele forçou a renúncia presidencial. Contudo, ele não aceitou o cargo de presidente, pois os poderes lhe seriam limitados. Ao invés disso, acumulou os cargos do ministério militar, do conselho de guerra e inspetor geral das forças armadas. Acumulou também o cargo de primeiro ministro, de 1926 a 1928, e depois, até 1930. Isso significou o fim do governo parlamentarista na Polônia e o início do regime ditatorial. Através de sua popularidade e de sua brilhante oratória, Józef manteve seus poderes autoritários, que não podiam ser combatidos por mais ninguém. Na política estrangeira, ele manteve boas relações com a URSS, apesar da guerra anterior contra a tentativa de invasão soviética, assinando um tratado de não agressão em 1932. Em 1934, assinou um tratado de paz também com a Alemanha. Esses tratados serviram para permitir a consolidação da nova República polonesa, bem como os limites territoriais do país.

Morte e legado
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Em 12 de Maio de 1935, o marechal Józef Piłsudski morre inesperadamente, pegando o país de surpresa. Até o fim de sua vida, ele manteve sua grave doença (um câncer no fígado) em segredo. O dia de seu funeral tornou-se uma data nacional criada em sua homenagem. Seu corpo foi enterrado na Cripta de São Leonardo na Catedral de Wawel, próximo às tumbas de reis e rainhas e das mais distintas personalidades polonesas. Seguindo seu desejo, retiraram seu coração e o colocaram em uma urna de prata, que foi posta na sepultura de sua mãe, no cemitério de Rossa, na cidade de Wilno. Józef foi um dos mais proeminentes políticos poloneses, um dos homens responsáveis por tornar um território esfacelado e dominado em uma nação unificada, forte e consolidada. Não apenas conseguiu vencer os invasores, como assinou tratados de paz com ambos. As forças polonesas, inferiores em números e equipamentos, conseguiram com sucesso repelir as tropas soviéticas dos bolcheviques, em proporções e condições muito superiores às de seus exércitos. Józef protegeu a Polônia de Leste a Oeste e de Norte a Sul, e através do golpe de Estado promovido por ele, estabilizou a economia, acalmou os ânimos, reuniu setores divididos e consolidou o poder político do país. É muito improvável imaginar uma Polônia reunificada e reestruturada sem a figura de Piłsudski. Ele foi um autêntico político socialista com espírito nacionalista, um patriota, um revolucionário que, com o gosto pelo poder, tornou-se um dos maiores ditadores, estadistas e totalitários da Europa. 

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Valentina Tereshkova, dentro de um módulo espacial.

Quando falamos nos progressos aeroespaciais e científicos como um todo, geralmente nos recordamos de grandes nomes de homens e seus tão contributivos inventos. Provavelmente, poucos sabem sobre Valentina Tereshkova, a primeira mulher a ir ao espaço. Essa conquista marcou definitivamente a inclusão das mulheres na Corrida Espacial, o período histórico nitidamente conhecido pelas disputas entre as duas potências globais da Guerra Fria, os Estados Unidos da América e a União Soviética, em busca de inovações e missões espaciais. A União Soviética conseguiu atingir certas metas muito antes dos norte-americanos. A inclusão das mulheres em todos os níveis técnicos e profissionais aconteceu de modo pioneiro na URSS, e a inserção delas nos programas aeroespaciais também foi um pioneirismo soviético. 

Sua vida
Nascida na pequena cidade de Maslennikovo, no dia 6 de março de 1937, filha de um motorista de tratores (dado como desaparecido na guerra russo-finlandesa), Vladimir Aksyenovich,  e de uma doméstica, Elena Fedorovna, Valentina entrou para a escola aos oito anos de idade. Aos 17 anos, abandona a escola e começa a trabalhar como operária em uma fábrica têxtil, para auxiliar sua mãe e ajudar a cuidar de seus dois irmãos (uma irmã mais velha e um irmão mais novo). Assim foi a maior parte da infância e da juventude de Valentina: criada sem o seu pai, lutando para sobreviver junto com sua mãe. Logo cedo atraída pela ciência e pela aventura, Valentina começou a praticar paraquedismo, dando continuidade aos seus estudos através de um curso por correspondência, oferecido pelo Clube de Aviação de Yaroslavl, e no dia 21 de Maio de 1959 deu o seu primeiro salto. Posteriormente, fundou um clube de paraquedismo em sua fábrica, do qual veio a se tornar presidente. Em 1961, foi eleita como secretária do Konsomol (uma unidade política da juventude socialista) de sua localidade. Recebeu certificados de conclusão de ensino técnico em sua unidade do Konsomol com especialização em tecelagem de algodão. 


O primeiro homem vai ao espaço
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Yuri Gagarin, o primeiro homem a visitar o espaço.
Quando completou 24 anos, Valentina assistiu a ida do primeiro homem ao espaço, com a missão protagonizada pelo cosmonauta Yuri Gagarin, em Abril do ano de 1961, a bordo do módulo espacial Vostok-1. A ida do primeiro homem ao espaço significou um formidável avanço aeroespacial para os soviéticos, que, até então, deram a prova de um avanço em seu programa espacial em relação aos norte-americanos, mesmo com a produção industrial inferior à dos EUA. Nessa época, os montantes destinados aos programas espaciais aumentaram consideravelmente por parte do governo soviético. Entretanto, os soviéticos não estavam satisfeitos com a ida do primeiro homem ao espaço: queriam também a conquista da primeira mulher a sair da atmosfera terrestre. O cosmonauta chefe, Kamanin, iniciou a elaboração dos planos para uma missão espacial que levaria uma mulher ao espaço, entregando seus projetos à Força Aérea Soviética, nas mãos de seu chefe de projetos, Korolev. Ele desejava conquistar essa vantagem na corrida espacial, e para isso deveria encontrar uma mulher dedicada ao Partido Comunista, preferencialmente do mesmo meio e classe de cosmonautas como Gagarin ou Titov. Em Outubro de 1961, Korolev incluiu um requerimento para a seleção de 5 mulheres entre 50 cosmonautas (ou seja, 10% da equipe).

 Pavimentando o caminho
Para participar do programa espacial, não era necessária experiência em pilotagem, já que o módulo espacial Vostok era automático, e o cosmonauta era um mero passageiro. Entretanto, experiência com paraquedismo era essencial, já que, no retorno à Terra, o tripulante era ejetado da cápsula após reentrar na atmosfera. As exigências para as mulheres no programa eram: estar abaixo dos 30 anos, ser menor do que 1,70m e pesar menos de 70kg, ser esbelta e "ideologicamente pura" (leia-se sem nenhum processo ou caso de entrave com o Partido e o Politburo). Também era exigido que as mulheres tivessem experiência e formação em paraquedismo. O cosmonauta chefe Kamanin selecionou 58 garotas com potencial, e destas, 40 passaram nos primeiros testes e foram enviadas para uma entrevista e testes físicos em Moscou, em Janeiro de 1962. Tereshkova foi uma das cinco finalistas selecionadas para o projeto, em 16 de Fevereiro de 1962. Entretanto, ela não possuía formação superior, como suas colegas. As outras quatro mulheres incluíam engenheiras, especialistas em paraquedismo e técnicas. 

 O treinamento
Todas as cinco mulheres selecionadas - incluindo Tereshkova - começaram a realizar uma série de treinamentos. Esses treinamentos faziam parte de um curso que incluía voos com gravidade zero, saltos de paraquedas, testes de isolamento e testes de centrífuga. No início dos testes, Kamanin escolheu, dentre as cinco, três mulheres para a etapa final: Kuznetsova, Solovyova e Tereshkova. Uma delas realizaria o primeiro voo espacial feminino. Nos testes físicos, Valentina conseguiu se destacar; entretanto, nos testes de engenharia e teoria de foguetes, ela não obteve os melhores resultados. Uma série de treinamentos de pilotagem, com um MIG-15UTI para treinamentos, foi realizada; elas também realizaram uma série de 120 saltos de paraquedas. Todas as cinco foram promovidas a tenentes da Força Aérea Soviética. Valentina, nessa mesma época, foi promovida a membro do Partido Comunista da União Soviética.

O apoio 
Em Maio de 1962, uma delegação soviética, incluindo o cosmonauta Gherman Titov e o chefe Kamanin, visitaram Washington, a capital administrativa dos EUA, participar de um churrasco na casa do astronauta norte-americano John Glenn, um entusiasta do projeto Mercúrio 13, um programa aeroespacial feminino. Nessa ocasião, ficou claro que o projeto Mercúrio 13 dos norte-americanos já estava bem avançado, e também era um desejo deles lançar a primeira mulher ao espaço. No ano de 1963, Kamanin definiu que a missão deveria acontecer dentro dos próximos meses após sua visita a John, lançando não uma, mas duas mulheres em órbita simultaneamente, nas cápsulas Vostok 5 e Vostok 6. 

A escolha
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Propaganda soviética utilizando a imagem de Valentina.
 No dia 19 de Novembro de 1962, a seleção da primeira cosmonauta a ir ao espaço estava nos seus estágios finais. Das cinco selecionadas, as finalistas foram Ponomaryova (escolhida posteriormente) e Valentina. Ponomaryova se deu melhor nos testes técnicos e físicos, obtendo os maiores resultados, mas não teve um bom resultado em suas entrevistas. Foi eliminada com a justificativa de que não havia dado as respostas apropriadas, sendo considerada '"politicamente impura". Uma pergunta foi decisiva para essa escolha: os membros do Partido perguntaram para as duas "o que elas queriam da vida". Ponomaryova havia respondido que "queria tudo o que a vida lhe podia oferecer", enquanto Valentina teria respondido que o desejo de sua vida era "apoiar irrevogavelmente o Konsomol e o Partido Comunista". A questão envolveu muitas polêmicas e arbitrariedades. Ponomaryova também foi acusada de defender que uma mulher poderia "fumar e ainda assim ser decente", além de realizar viagens sozinha à cidade de Fedosiya. Esse episódio demonstra um paradoxo: apesar de incluir cada vez mais a mulher na vida política, na especialização técnica e no ensino superior, além da entrada cada vez maior em profissões avançadas, a União Soviética demonstrava uma cultura altamente conservadora e puritana. No Encontro do Partido Comunista de 21 de Março de 1963, o ideólogo Kozlov e o ministro da defesa Ustinov cancelaram a missão simultânea de duas cosmonautas, agora colocando apenas uma mulher na missão. Assim, Valentina tornou-se a escolhida.


A primeira mulher vai ao espaço
O premiê Khrushchev deu as autorizações finais para o programa. Atendendo a todas as expectativas, Valentina entra para a História como a primeira mulher a ir ao espaço no dia 14 de Junho de 1963, na cápsula Vostok 6, batizada de Chaika (Gaivota). A União Soviética agora era responsável por ter enviado o primeiro cão ao espaço (a cadela Layka), o primeiro homem (Yuri Gagarin) e a primeira mulher (Valentina Tereshkova), além de lançar o primeiro satélite artificial e construir o sistema de transportes de cosmonautas usado até hoje (a cápsula Soiyuz).
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A cápsula Vostok 6, utilizada por Valentina, após sua queda no retorno à Terra.

Os bastidores
Algumas situações incômodas ocorreram em meio a esse marco da humanidade. Durante o voo espacial, houveram problemas técnicos, não relevados na época, mas discutidos nos memoriais de Kamanin, Korolev e Mishin, publicados após a queda da União Soviética, em 1991. Valentina jamais deu sua versão, até o ano de 2007, quando revelou sua versão daquilo que aconteceu. Korolev estava insatisfeito com a performance de Tereshkova durante sua missão, e, por isso mesmo, teria retirado dela o controle manual do módulo espacial. Mishin declarou que ela estava no "auge de sua instabilidade psicológica", e Kamanin disse em seus diários que um oficial tentou inserir um parágrafo em um anúncio , dizendo que Valentina estava emocionalmente instável durante a missão. Entretanto, segundo o próprio Kamanin, a situação havia sido exagerada. Ele relata que Valentina apenas recebeu objetivos durante o primeiro dia, os quais ela conseguiu concluir. No segundo e no terceiro dias, não havia praticamente nada que ela precisasse fazer, já que os sistemas eram automatizados e ela não havia recebido ordens diretas específicas. Kamanin ainda relata que o comando em terra não havia feito nada para auxiliar Valentina durante estes dois dias, e que ela certamente não estava cansada, nem emocionalmente instável, já que havia feito tudo que estava em seu alcance para completar o programa e se mostrou muito lúcida. O mais provável é que Valentina tenha sofrido uma tentativa de sabotagem, como se ela fosse responsável pela série de erros cometidos pelos soviéticos no projeto espacial. Apesar disso, sua missão terminou bem e ela pousou em segurança.

Dificuldades e desafios 
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Valentina em uma sessão de treinamentos, na Vostok 6.
Valentina enfrentou diversos desafios e problemas durante seu voo espacial. Em primeiro lugar, a comida que ela recebeu era péssima: o "pão negro" era seco demais, praticamente impossível de engolir, e ela acabou ingerindo uma quantidade pequena de calorias, já que a maior parte dos alimentos não pôde ser consumida no espaço. Ela enfrentou dores musculares que, no terceiro dia, se tornaram praticamente insuportáveis. Por conta da pressão exercida por seu capacete, ela também enfrentou dores em seus ombros e em seu pescoço. Durante seu processo de pouso, tendo sido ejetada da cápsula, Tereshkova estava a ponto de cair em um grande lago. Exausta, desidratada e faminta, ela não acreditava ser capaz de nadar até a margem. Por sorte, um forte vento acabou afastando-a do lago, mas a fez sofrer uma grave queda. Com o impacto, ela bateu o nariz em seu capacete, o que lhe causou um hematoma. Quando a equipe de solo a resgatou, utilizaram muita maquiagem para disfarçar o ferimento, a fim de torná-la mais atrativa para as entrevistas públicas. Ela temeu que o excesso de maquiagem prejudicasse sua imagem de "mulher operária pura". Permaneceu três dias em órbita, mais tempo do que toda a permanência espacial dos astronautas norte-americanos juntos.
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Valentina e Gagarin: o primeiro homem e a primeira mulher a irem ao espaço.

Ironias e incongruências
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Valentina junto com Valery Bykovsky, Herman Titov, Yuri Gagarin, Andriyan Nikolayev, Pavel Popovich e Boris

 Apesar da pioneira participação feminina nos programas espaciais soviéticos, estas mulheres eram mais "objetos de propaganda" do que efetivamente cosmonautas. Após a participação de Valentina e até a queda da URSS, as mulheres cosmonautas apenas realizavam missões substituindo homens que, diante de algum imprevisto, não pudessem realizar os projetos. A "igualdade" soviética era verdadeiramente uma farsa: os homens praticamente "monopolizavam" os projetos e programas, e recebiam muito mais incentivos e benefícios do que as mulheres. Como o objetivo já havia sido conquistado (levar a primeira mulher ao espaço), que necessidade havia em investir continuamente nas mulheres cosmonautas? Assim, as mulheres que participavam dos programas espaciais eram peças secundárias, estepes de substituição, e não efetivamente membros que exerciam um trabalho de igual para igual com os homens.

Família e casamento
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Valentina e Nikolayev, na cerimônia de casamento celebrada em Moscou.
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Valentina e sua filha, Elena.
Valentina casou-se com Adrian Nikolayev, em 3 de Novembro de 1963, em uma união praticamente "arranjada" pelo premiê Khrushchev, que achou uma boa ideia unir os cosmonautas e insistiu com os dois - com a ajuda de Kamanin - a tal ponto que definitivamente se uniram, em uma cerimônia comemorada no Palácio de Casamentos em Moscou. A cerimônia foi realizada pelo próprio Nikita Khrushchev, com a participação de membros do alto escalão do governo e do programa espacial. Em 8 de Junho de 1964, Valentina dá à luz Elena Andrianovna, sua primeira e única filha. Infelizmente, a vida do casal não era das mais felizes. Entretanto, caso se divorciassem, suas carreiras seriam terminadas (um costume da época). Logo, pela conveniência profissional, se mantiveram juntos durante algum tempo. Em 1978, durante entrevistas com as comissões médicas, ela conheceu o físico Yuliy Shaposhnikov, que trabalhava na academia militar médica. Os dois acabaram se apaixonando, e o já frágil casamento com Nikolayev acabou no ano de 1982 (tendo os dois se separado já em 1979). Valentina não passou nos testes para realizar novos voos, e nunca mais foi ao espaço. Ela viveu com seu segundo esposo até a morte dele, em 1999. Os dois tiveram uma vida feliz juntos.


Vida acadêmica, partidária e política
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Valentina acompanhada de membros políticos do Partido Comunista, em 1969.

Tereshkova graduou-se em Engenharia na Academia Aérea Militar em 1969. Após sua graduação em Outubro de 1969, a equipe feminina de cosmonautas foi dispensada. Ela se tornou um membro proeminente do Partido Comunista e uma representante do governo soviético em inúmeros encontros, eventos e organizações femininas internacionais. Participou como membro do Concílio de Paz Mundial de 1966; integrou o Soviete Supremo de Yaroslavl em 1967; participou do conselho da União do Soviete Supremo de 1966 a 1970 e de 1970 a 1974; foi eleita para a bancada do Soviete Supremo em 1974; atuou como representante soviética na Conferência Internacional do Ano das Mulheres, na Cidade do México, em 1975, e continuou como deputada do Soviete Supremo durante os anos 1980, atuando também como vice-presidente da Federação Internacional das Mulheres, exercendo inúmeros outros cargos em organizações internacionais. Foi condecorada com muitas medalhas e distinções, incluindo duas Ordens de Lênin, uma medalha de Heroína da União Soviética, uma Medalha de Ouro da Paz das Nações Unidas, um prêmio Simba do Movimento Internacional das Mulheres e uma medalha de ouro Joliot-Curie. Apesar de participar em tantos eventos e movimentos das mulheres, Valentina levou um estilo de vida apegado às tradições, aos costumes equilibrados e à dedicação familiar. Precisamos entender o contexto soviético: de fato, homens e mulheres não eram tidos como inimigos ou adversários dentro daquela sociedade, sendo a unidade familiar alvo de grande incentivo tanto pelo governo quanto pela própria comunidade. O progresso da mulher soviética não se restringia à carreira, mas incluía também as funções de esposa e mãe.
Em 2011 foi eleita deputada pelo partido Rússia Unida, o mesmo de Putin e Dmitri Medvedev.
Em 2013, durante as comemorações do 50º aniversário de seu voo, recebeu a Ordem de Alexandre Nevsky das mãos de Vladimir Putin.
Valentina levou boa parte de sua vida nas redondezas da Star City, uma localidade criada especialmente para membros de programas espaciais, recebendo constantemente seus amigos de longa data, além de sempre ser visitada por sua filha e seus dois netos, Andrei e Aleksei.
Atualmente ela vive entre Yaroslavl, perto da filha, e Moscou onde exerce seu mandato parlamentar.

Legado
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Valentina e o astronauta norte-americano Neil Armstrong.
Apesar de ter sido tomada para fins de propaganda comunista, não podemos considerar que Valentina era tão somente um produto ou uma criação artificial, uma mentira propagandista. Ela foi uma mulher verdadeiramente esforçada, que experimentou as dificuldades da vida agrária soviética, as dificuldades do trabalho operário, as perdas da guerra (onde ela perde o próprio pai) e os desafios de ajudar a própria mãe a criar os irmãos e, ao mesmo tempo, procurar uma formação. Podemos considerá-la como uma filha dedicada, uma aluna esforçada, uma boa funcionária, esposa e mãe devotada (apesar de seu infeliz casamento com seu primeiro marido). Deixando de lado os exageros da propaganda soviética, e - ao menos por alguns instantes - esquecendo as motivações ideológicas na escolha dela para um projeto tão pioneiro, devemos admitir os méritos dessa conquista e o quanto ela representou para a inclusão das mulheres na vida pública, política e profissional. Valentina foi a primeira, mas não a única mulher a alcançar o espaço, e hoje a participação feminina em tais programas é bastante considerável.
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Howard Carter, o arqueólogo responsável pela descoberta do sarcófago de Tutancâmon.
Poucas civilizações no mundo conseguem nos encantar de um modo tão forte como a civilização egípcia. Prova cabal de que as grandes culturas não se resumem apenas ao continente Europeu, o milenarismo egípcio continua nos fascinando de modo irreversível. Os tesouros, as tumbas, os sarcófagos, os labirintos no interior das pirâmides, os templos imensos e a grande esfinge continuam como locais muito preciosos para o trabalho arqueológico. Duas figuras serão o tema principal deste texto: o mais jovem faraó egípcio a chegar ao poder, Tutancâmon, e o grande arqueólogo responsável pelo descobrimento da múmia e dos tesouros do faraó, Howard Carter.

O Jovem Faraó
 
Com apenas oito anos de idade, Tutancâmon, filho de Aquenáton, sobe ao trono do Egito como o senhor soberano de todas as terras do Nilo, o Hórus vivo e encarnado, a divindade manifestada em um corpo humano. Pronto para ser idolatrado por todos os súditos das terras férteis e inférteis, ele se casa com a própria irmã, Anchesenamon, com a idade de oito anos, seguindo uma prática comum entre os faraós. Tutancâmon foi filho e genro de seu próprio pai. Aos nove anos, é consagrado como Faraó de todo o reino egípcio e dos povos por conquistar. O pequeno soberano restaura então os antigos privilégios do clero e os cultos tradicionais aos deuses (que haviam sido abolidos por seu pai, o responsável pela criação da tentativa religiosa do monoteísmo, instituindo o culto ao deus único Aton, o Sol)  dedicando atenção especial ao deus Amon, o "rei dos deuses". Por conta da pouca idade, entretanto, o soberano tinha o auxílio de dois homens em especial: Aye e Horemheb, os mesmos auxiliares de seu pai. Eram eles os responsáveis pelas maiores decisões do reino. O nome Tutancâmon significa "imagem viva do deus Amon". 

Revivendo as divindades
O período no qual o jovem faraó governou era particularmente caótico: muitos dos cultos, templos e santuários foram praticamente abandonados. As expedições militares não obtinham os sucessos desejados, e a economia não estava em sua melhor fase. Como toda a cultura egípcia girava em torno dos deuses, a explicação mais recorrente na época foi a "ira dos deuses", que, diante de tal abandono, descuido e profanação, agora estariam punindo os egípcios com toda a sorte de pragas e castigos. Tutancâmon restituiu os antigos locais de culto, ordenou a reparação dos templos antigos e a construção de novos locais de adoração e monumentos em honra aos deuses. Além disso, reprimiu as demais práticas religiosas. 


Morre um deus
 Aos 19 anos de idade, por volta do ano de 1327 a.C., Tutancâmon faleceu. Entre as prováveis causas de sua morte, encontramos a defesa de historiadores como Douglas Derry, que definiu a causa do falecimento como tuberculose; já R.G Harrison, ao encontrar uma perfuração no lado esquerdo do crânio da múmia do faraó, constatou a causa da morte como decorrência de uma hemorragia, em um golpe causado por um provável assassinato ou acidente. Entretanto, essa hipótese foi abandonada em 2006, quando Ashraf Selim diagnosticou que a perfuração no crânio foi causada por um erro no processo de embalsamamento da múmia do faraó. Em 2010, a causa mais provável é tida como decorrência de infecção pela malária. Outras suposições ainda persistem, como o possível assassinato de Tutancâmon por um de seus altos conselheiros, ou até mesmo um acidente, onde ele teria sido atropelado por uma carruagem. A causa exata, contudo, permanece incerta. O jovem faraó foi sucedido por Aye, que se casou com a viúva do pequeno governante.

A descoberta do Sarcófago
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Howard Carter e Lorde Carnarvon.

Muitos arqueólogos percorreram a imensidão dos desertos procurando pela tumba perdida do menino faraó. Mas apenas um deles atingiu o objetivo, e seu nome era Howard Carter. Nascido em Kensington , em 9 de Maio de 1874, foi um prodigioso egiptólogo e arqueologista britânico, mundialmente famoso como descobridor do túmulo de Tutancâmon. No ano de 1907, ele foi contratado pelo Lorde Carnarvon para assumir algumas pesquisas arqueológicas no Vale dos Reis, no Egito. Seus trabalhos duraram até 1914, quando, por conta da Primeira Guerra Mundial, foram interrompidos. Em 1917, retoma seus trabalhos, mas recebe, em 1922, o aviso de Lorde Carnarvon de que suas buscas seriam financiadas somente por mais um ano. Agora, Howard corria contra o relógio e contra o Sol. No dia 4 de Novembro do mesmo ano, Howard descobre degraus que levavam a uma tumba. Avisou imediatamente ao Lorde Carnarvon, que foi o mais depressa possível para o local da escavação, acompanhado de sua filha. No dia 26 de novembro de 1922, Howard abre uma brecha pela qual é possível avistar os tesouros contidos na tumba. O Lorde Carnarvon lhe pergunta se era possível ver algo por aquele buraco, e Howard lhe responde de modo emblemático: "Sim, é possível ver coisas maravilhosas!". Durante todos os meses seguintes, Howard e sua equipe se dedicaram a fazer o inventário de todos os tesouros, artefatos e descobertas presentes na tumba do faraó, supervisionados pelas autoridades egípcias. Pierre Lacau, então diretor geral do Departamento de Antiguidades do Egito, fiscalizou pessoalmente a equipe de Howard. Em 16 de fevereiro de 1923 Carter finalmente consegue abrir a porta selada, e, após adentrar nela, descobre a sala da múmia de Tutancâmon. A tumba descoberta por Howard era a mais bem preservada de todas já reveladas até então, e todos os achados possuíam um imenso valor arqueológico e histórico. O evento foi amplamente coberto pela imprensa, e Howard Carter se tornou uma verdadeira celebridade. Os trabalhos de catalogação dos objetos duraram até o ano de 1932.

Consequências da descoberta 
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Howard Carter inspeciona a tumba de Tutankamon, com a múmia do faraó em seu interior.

O excelente estado de conservação não só da múmia de Tutancâmon, como também dos inúmeros objetos encontrados na câmara, permitiu que muito da cultura egípcia fosse descoberto, bem como que os conhecimentos anteriores fossem aprimorados. No local, haviam inúmeras armas, vasos, móveis, roupas, objetos decorativos e entalhes, bem como hieróglifos (sinais alfabéticos do Egito), que nos permitiram um maior conhecimento acerca da cultura e da sociedade egípcia. Muito do que sabemos hoje sobre este povo é resultado das descobertas de Howard e sua equipe. Se a tumba de Tutancâmon não tivesse sido encontrada, certamente nossos conhecimentos sobre o Egito Antigo seriam muito menores. As contribuições dos trabalhos de Howard para a História foram extremamente significativas, e talvez seja impossível mensurar sua importância.
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Civis holandeses em torno de um tanque Sherman.
 
O tanque M4 General Sherman, mais popularmente conhecido apenas como Sherman, foi o veículo blindado mais largamente utilizado pelas tropas Aliadas. De fabricação norte-americana, foi amplamente utilizado em apoio à infantaria, missões de reconhecimento, patrulha e escolta. Este pequeno veículo, entretanto, tinha um poder de fogo limitado e uma blindagem medíocre, o que fazia dele um alvo fácil para os tanques alemães. Mesmo isso não foi suficiente para apagar a importância das ações desempenhadas pelo "menor dos tanques de guerra".

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Linha de montagem de tanques M4 Sherman, nos Estados Unidos.
Criação
Originalmente criado para substituir o modelo de tanque médio M3 Lee, os planos para o modelo M4 Sherman foram submetidos ao Departamento de Ordenamento do Exército, em 31 de Agosto de 1940. Em Abril do mesmo ano, o projeto recebeu aprovação. O alvo central era a criação de um tanque rápido, leve, ágil e com facilidade de manobras, capaz de derrotar qualquer veículo posto em uso pelos países do Eixo, até aquele momento. As medidas do tanque também deveriam permitir que ele fosse capaz de se locomover por estradas e pontes estreitas, locais de difícil acesso e com pouco espaço para manobras.

Produção e Aprimoramentos

Uma encomenda de 50.000 modelos foi feita, e durante o processo de produção industrial, o M4 Sherman sofreu diversas modificações, sendo produzidos também os modelos variados dessa linha, como o M4A1, M4A2, M4A3, M4A4, M4A5 e o M4A6. Entretanto, essa série de modelos não representa uma evolução horizontal do tanque Sherman, mas sim, apenas mudanças pontuais no tipo de combustível utilizado, local de produção dos veículos, modelo do motor ou do sistema de câmbio, tendo as especificações centrais permanecido praticamente as mesmas durante todo o período de produção do tanque Sherman. Incrementos posteriores foram adicionados ao veículo, como, por exemplo, aumento de sua velocidade, reforço da blindagem e um canhão aprimorado de 76mm, bem como maior espaço para estocagem de munição e um motor mais potente e mais resistente às avarias. Um número de tanques Sherman recebeu, na linha de produção, um canhão howitzer de 105mm, ao invés do canhão convencional de 76mm. Um modelo inovador do Sherman foi criado posteriormente, batizado como M4A3E2 Jumbo Sherman, com uma torre maior, um calibre maior, uma blindagem mais espessa e um design especialmente projetado para atacar fortificações em missões de apoio ao desembarque na Normandia, na famosa operação do Dia D. Outros modelos recebiam configurações personalizadas, como tanques Sherman equipados com dupla direção, para operações amfíbias; outros, recebiam lança-chamas modelo R3, muito utilizados para incendiar bunkers inimigos. Estes modelos, conhecidos como Zippos, também foram largamente utilizados nas batalhas do Pacífico, contra as forças japonesas.

Variações do modelo M4 Sherman.

Missões e Desafios iniciais

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Tripulações britânicas embarcando em tanques Sherman, na batalha de El Alamein.
Colocado em uso em Outubro de 1942, os tanques Sherman atuaram na batalha de El Alamein à serviço do Exército Britânico. Os primeiros tanques Sherman postos em combate pelos norte-americanos desempenharam ações de campo no mês de Novembro, na região Norte da África. Desse modo, substituíram gradativamente os modelos M3. Na época, o tanque Sherman era superior aos tanques do Eixo utilizados no Norte da África, e conseguia disputar de igual para igual com os tanques da linha Panzer IV. Nas batalhas de El Alamein, os tanques Sherman se mostraram mais rápidos, ágeis, versáteis e potentes do que os utilizados pelas Afrikakorps de Rommel. Essa situação, entretanto, mudaria não muito tempo depois, com os aprimoramentos das linhas Panzer, trazendo modelos mais robustos, mais potentes e com maior blindagem e manobrabilidade.

O Sherman na Normandia
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Tropas, veículos (incluindo tanques Sherman) sendo desembarcados nas praias da Normandia.
Os desembarques na Normandia, em Junho de 1944, mostraram que os canhões de 75mm dos tanques Sherman eram inofensivos contra a blindagem dos tanques alemães Panther e Tiger. Um canhão de 76mm logo substituiu o antigo modelo, mas também se mostrou incapaz de perfurar a blindagem massiva desses tanques inimigos. A única chance que os tanques Sherman tinham contra os tanques Panther e Tiger era garantir uma aproximação considerável e tentar atingir suas laterais, onde a blindagem era mais fraca. A desvantagem técnica foi superada por uma ação conjunta, onde vários tanques Sherman trabalhavam em cooperação, junto com equipes de infantaria propriamente treinadas para destruir os tanques alemães. Essa estratégia mostrou muita eficácia, mas as perdas foram grandes para os Aliados.

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Filas de tanques Sherman agrupados, em Utah, à serviço da Divisão Armada Francesa.

 O Sherman no Pacífico
M4 Sherman tank 775th Tank Battalion and Ohio National Guard engaged on Luzon Philippines 1945
Tanque Sherman em apoio à infantaria, utilizado em uma ilha do Pacífico contra os japoneses.
Os tanques Sherman foram largamente utilizados na guerra do Pacífico contra os japoneses. Nesta altura do conflito, os japoneses praticamente dispensaram a produção de qualquer veículo blindado pesado maior do que modelos de tanques leves, fazendo com que mesmo os Sherman equipados com canhões 75mm se tornassem praticamente invencíveis no campo de combate. Equipados principalmente com lança chamas, estes tanques atacavam os esconderijos, túneis e cavernas onde os japoneses se escondiam. A grande quantidade de ilhas do arquipélago exigia a capacidade anfíbia destes tanques, o que facilitava seu transporte mesmo em locais de difícil acesso. O tanque Sherman servia também para oferecer apoio às infantarias. Com os alemães fora de jogo, o pequeno tanque tornou-se senhor soberano dos campos de batalha. 

 







Saldos e conquistas
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Tanque Sherman dando suporte à infantaria, em uma batalha na cidade de Wernberg, na Alemanha, em Abril de 1945.
 
50.000 tanques foram produzidos entre 1942 e 1945. Desempenharam ações na Europa, na Rússia, na Ásia, na África e no Pacífico. Inicialmente, não encontravam grandes desafios ou oponentes à altura, mas logo se mostraram inferiores aos inovadores Tiger e Panther. Os tanques Sherman não eram exatamente os veículos mais seguros: o armazenamento de combustível e munição e a fraca blindagem tornavam estes veículos como bombas explosivas, sendo praticamente impossível para uma tripulação abandonar estes veículos em casos de emergência. Essa falha técnica causou a morte de muitos tripulantes de tanques. Entretanto, sua alta velocidade, seu grande raio de alcance operacional, sua facilidade de manobra, a versatilidade de seus componentes (permitindo alterações rápidas e significativas, além de personalizações) fizeram do Sherman o tanque mais flexível e adaptável da Segunda Guerra Mundial. Certamente, não foi o mais poderoso dos veículos, mas foi um pequeno Davi que derrubou inúmeros Golias.


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Vasily Zaitsev, de branco, durante uma inspeção de rifles.
O rápido avanço dos alemães seria brutalmente desacelerado pelas táticas de guerrilha dos russos. A ação dos atiradores de elite se mostraria fatal para as forças do Reich. Em cada casa, em cada prédio, em cada esquina, em cada torre, morava o perigo e a morte na ponta dos rifles de precisão. Um homem desempenhou este papel com maestria considerável e ganhou destaque em suas ações de campo. Este homem, a "lebre", tornaria-se o flagelo dos nazistas na mítica cidade de Stalingrado.

O avô e o rifle

Na foto, Vasily, à esquerda.

Nascido em uma família pobre de camponeses no pequeno e remoto vilarejo de Yelenovsk, na região de Chelyabinsk, nos Urais, Vasily aprendeu a atirar com seu avô - um exímio caçador - quando ainda era apenas um menino. Com o avô e acompanhado do irmão mais novo, Vasily aprendeu a construir armadilhas, atirar apenas uma única vez para abater um alvo, se camuflar e observar os objetivos. Com doze anos, Vasily matou seu primeiro lobo, utilizando um rifle Berdan. Estas importantes lições e essa fase inicial da vida de Vasily fizeram dele um dos mais proeminentes atiradores de elite de toda a História mundial. Vasily também adquiriu a habilidade de não depender do uso de miras telescópicas para atirar, utilizando, desde cedo, armas sem estes acessórios.

Caçando em Stalingrado

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Vasily Zaitsev e seu camarada Kulikov.

O pequeno garoto caçador cresceu. E, já no ano de 1937, Vasily foi recrutado para o Exército Vermelho, servindo em um regimento da Marinha Soviética no Pacífico, próximo à cidade de Vladivostok. Quando os alemães invadiram a União Soviética, em Junho de 1941, Vasily se voluntariou com muitos de seus amigos para lutar na linha de frente. Nessa época, ele já havia alcançado o posto de Sargento Major. No dia 22 de Setembro de 1942, ele cruza o rio Volga e se une ao 1047º Regimento de Rifles da 284ª Divisão do 62º Exército. Logo em combate, rapidamente ele deixou claro o seu valor e sua maestria como franco atirador: seu oficial de regimento lhe mostrou um oficial alemão em uma janela, a 800 metros de distância, solicitando que Vasily eliminasse o alvo. Com um só tiro, ele matou o oficial inimigo, e com outros dois tiros, matou outros dois soldados alemães. Zaitsev recebeu a Medalha de Valor e um rifle novo como reconhecimento pelo ato. Durante os dias de 10 de Novembro a 17 de Dezembro de 1942, 225 mortes (11 destes, atiradores de elite) verificadas foram creditadas à Vasily, que, a esta altura, já se tornara uma lenda viva. Ele era capaz de se esconder em uma infinidade de lugares: dentro de canos, camuflado no chão, abaixo da neve e em edificações. Permanecia em um local e, após eliminar alguns alvos, mudava de posição antes que pudesse ser encontrado. Juntamente com seu companheiro, Nikolay Kulikov, Vasily era capaz de cobrir grandes áreas e atingir alvos em posições muito distantes e de difícil visualização. Nikolay auxiliava Vasily, identificando atiradores de elite inimigos e, assim, evitando que ele fosse abatido, agindo como uma espécie de "anjo da guarda". A arma favorita de Vasily tornou-se o rifle russo Mosin Nagant.

Luta de Titãs

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À esquerda, Vasily, acompanhado de seus colegas atiradores.

As baixas causadas por Vasily foram tão consideráveis que seus efeitos provocaram uma grande redução na moral das tropas alemãs estacionadas em Stalingrado. A situação se deteriorou a tal ponto que o Alto Comando alemão escalou aquele que provavelmente foi o melhor de seus atiradores com a missão de eliminar Zaitsev. Esse atirar atendia pelo nome de Heinz Thorvald, também conhecido pelo codinome de Erwin König, conhecido como o "super atirador". Heinz era altamente especializado e possuía uma habilidade considerável, sendo o mais proeminente atirador da Escola de tiro de Berlim. Heinz se dirige à Stalingrado, e então começa a "caçada ao caçador". Zaitsev relata, posteriormente, que Heinz era extremamente difícil de ser encontrado. Dois dos amigos de Zaitsev foram feridos por ele. Kulikov, em um ato estratégico, levantou um capacete com uma baioneta, na altura da janela do prédio no qual estavam, e um tiro acertou quase que instantaneamente o equipamento. Assim, Heinz fatalmente revelou sua posição e, ao cometer o erro de se expor na janela para verificar o alvo, Zaitsev conseguiu matá-lo com um disparo na cabeça.

"Para nós, não há nenhuma terra atrás do Volga!"

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Ao centro, Vasily.

Vasily treinava novos atiradores enquanto servia em campo, até Janeiro de 1943, quando, ferido fatalmente por um disparo de morteiro, ficou temporariamente cego. Levado a Moscou, foi operado pelo doutor Filatov, o mais proeminente oftalmologista russo da época. Enquanto ele se recuperava, seus discípulos, conhecidos como zaichata, continuaram aplicando as excelentes lições que receberam. Somente a eles foram creditadas 6000 baixas alemãs durante toda a Segunda Guerra. Com a visão finalmente recuperada, Zaitsev retorna ao campo de combate, continua instruindo novos atiradores e passa a comandar uma equipe de morteiros, tornando-se Comandante de Regimento. Lutou nas batalhas da Ucrânia, em Dnepr e Odessa, agindo principalmente em torno do rio Dniestr. Quando os soviéticos finalmente derrotaram os alemães, em 9 de Maio de 1945, Zaitsev estava em uma cama num hospital, novamente por conta dum grave ferimento. Ao fim da guerra, Zaitsev já estava no posto de Capitão.

 

Descanso para os dedos

Vasily, já velho, após a guerra.
Após a guerra, Zaitsev viveu em Kiev, na Ucrânia. Formou-se em engenharia e atuou na profissão, tornando-se diretor de uma indústria. Vasily morreu em 1991, e foi enterrado em Kiev, contrariando seu pedido de ser enterrado no lugar onde mais lutou: Stalingrado. Entretanto, no 63º Aniversário da Batalha de Stalingrado, seu desejo foi realizado, tendo seu corpo sido exumado e transportado para a cidade de Stalingrado, onde repousa atualmente. Enterrado com todas as honrarias apropriadas no monumento de Mamayev Kurgan, um símbolo em homenagem aos milhões de mortos na guerra. Seu rifle mosin nagant é até hoje exibido no Museu para a Defesa de Stalingrado. Entre outras condecorações, ele recebeu a medalha de Herói da União Soviética, a medalha da Ordem de Lênin, duas medalhas da Ordem da Bandeira Vermelha, uma medalha de primeira classe da Ordem da Guerra Patriótica, uma da Defesa de Stalingrado e outra da Vitória Sobre a Alemanha. Vasily foi mais que um excelente atirador: foi o ícone patriótico e a inspiração para uma Rússia desmoralizada, trazendo vigor, moral e esperança para um exército que sofria constantemente com a derrota e a resignação. Ele é creditado por ter eliminado mais de 300 soldados nazistas durante sua atuação.
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Soldados britânicos, em 1916, em uma trincheira na região do Somme.

Em uma tentativa de, decisivamente, infligir pesadas derrotas aos alemães, a Batalha do Somme foi um esforço conjunto franco-britânico na região francesa do rio Somme, onde uma grande concentração de soldados alemães estava disposta. O objetivo primário da operação era abrir caminho entre as defesas alemãs, permitindo, dessa forma, realizar um movimento de "pinça" e cercar as posições alemãs. Somme representou um dos piores e mais graves impasses de toda a Primeira Guerra Mundial, mostrando-se ao mesmo tempo uma operação custosa e "irrealizável".

O plano
A operação do Somme tinha como objetivo central romper as linhas defensivas alemãs que se estendiam ao longo de 19km, prolongando-se ao longo de todo o rio francês que deu nome a esta operação. A operação era, na verdade, um tipo de manobra secundária para retirar a sobrecarga de concentração de forças alemãs em Verdun, reorientando-as para a região do Somme. Assim, as fortificações alemãs de Verdun ficariam mais vulneráveis, permitindo o avanço das tropas aliadas. Contudo, essa tática se mostraria extremamente custosa em termos humanos.

O erro
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Alemães avançando em uma contra-ofensiva, no Somme.
O mês de Junho foi decisivo. De 25 a 28 deste mês, os ingleses e franceses realizaram uma série de bombardeios contínuos nas posições alemãs. A carga de disparos foi tão massiva que o campo de batalha ficou irreconhecível, completamente esburacado e, com as chuvas, transformado em um verdadeiro lamaçal. As baixas nos alemães, entretanto, foram muito pequenas. Em uma posição vantajosa no terreno, suas trincheiras ofereceram uma verdadeira proteção. Os inúmeros bombardeios prévios apenas dificultaram o avanço das tropas franco-inglesas. Uma grande carga de bombas químicas foi utilizada, sobretudo armas com base em cloro. Os ingleses utilizaram bombardeiros obuses para atacar as posições alemãs. Os franceses estavam obstinados em defender as posições de Verdun, e isso lhes impossibilitou de concentrar esforços no Somme. Desse modo, os alemães conseguiram não apenas resistir no Somme como prender um grande número de contingente francês em Verdun, obtendo a vantagem geográfica em ambos os campos de batalha. 

O Dia Escuro
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Linha de artilharia aliada bombardeando as posições alemãs. Essa tática de bombardeios prévios se mostrou muito prejudicial do ponto de vista tático, o que prejudicou os avanços aliados.
 
O dia 1 de Julho de 1916 se tornaria em um grande morticínio para os aliados. Às 06:30 daquela manhã, uma série de bombardeios é feita em toda a linha de frente, preparando o avanço da infantaria. A linha de artilharia se estendeu deste o Norte do Ancre até o Sul do Somme. Às 07:30, os efeitos do bombardeio são sentidos pelos alemães, que sofrem baixas consideráveis com a linha de fogo. A partir desse horário, os alemães começam a revidar, com metralhadoras, o avanço da massa de homens que se dirigia às suas posições. A batalha se resumiu a uma "corrida": os aliados deveriam alcançar as trincheiras e posições avançadas alemãs antes que eles se dirigissem para as posições mais fortificadas (os "degraus"). A maior parte dos soldados aliados, na ofensiva, morreu pelo fogo da artilharia inimiga. Os poucos que conseguiram chegar vivos às trincheiras alemãs encaravam imensas extensões de arame farpado que lhes barrava o avanço, fazendo-os perecer também pela artilharia inimiga ou queimados vivos por lança-chamas. No dia 2 de Julho, o general Sir Douglas Haig desiste de tentar qualquer ofensiva ou ação surpresa, por conta das imensas perdas sofridas no dia anterior. No dia 3 de Julho, um ataque entre Ginchy e Contalmaison é tentado, com o objetivo de romper a Segunda Linha alemã. Um ataque de cavalaria, na região das High Woods, foi interpelado pelos alemães. No dia 15 de Julho, uma brigada sul-africana tenta um ataque através do bosque de Delville, mas esse ataque também é repelido pelos alemães, em uma luta ensanguentada. Nos dias 16 e 17, uma série de ataques franceses nas linhas de Bapaume a Peronne foram realizados, todos mal sucedidos. O uso excessivo de artilharia precedendo cada ataque matava poucos alemães, destruía o terreno (tornando o avanço mais dificultoso) e ao mesmo tempo eliminava o fator surpresa, causando enormes baixas a cada avanço aliado. De 22 a 25 de Julho os aliados tentam avançar pela linha de Pozières, tendo todos os avanços sido fracassados. Os alemães, sob o comando do general Von Gallwitz, reforçam suas defesas. A prática continua: avanços aliados mal sucedidos resultando em poucas baixas para os alemães.

Um pouco de Esperança
 Durante os fins do mês de Agosto, as ofensivas diminuíram, principalmente pela série de chuvas. O recuo nas linhas alemãs foi extremamente pequeno: apenas 8km.  De 3 a 14 de Setembro, os aliados abrem uma nova série de ofensivas, capturando Barleux e Bouchavesnes dos alemães. Os alemães contra-atacaram tentando recuperar Bouchavesnes, mas foram repelidos, e no dia 26 os britânicos tomam Combles, onde havia uma posição avançada alemã. A 1ª Batalha do Somme termina em 17 de Novembro.


Um drama inesquecível
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Tropas imperiais britânicas de uma divisão escocesa, em uma trincheira. A vida nas trincheiras era um verdadeiro inferno.

A Batalha do Somme não conseguiu alcançar seu objetivo principal: o avanço dos aliados foi mínimo, as perdas foram imensas, as conquistas foram limitadas e os alemães não retiraram o excesso de tropas de Verdun. Ao contrário: não só os alemães reforçaram Verdun como impediram um grande contingente de franceses de avançar para o Somme, o que foi um verdadeiro resultado irônico e uma virada de jogo. A moral dos aliados, especialmente dos britânicos, foi abalada não só durante todo o restante do primeiro conflito mundial, mas para todo o sempre. Adolf Hitler serviu na batalha do Somme pela 6ª Divisão Bávara da Reserva, sendo ferido com um tiro na perna, em 7 de Outubro do ano de 1916. 

 O Morticínio
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Tropas alemãs em uma ofensiva.
Do lado dos aliados, contamos um total de 620.000 mortos, feridos, capturados ou desaparecidos. Do lado dos alemães, o número foi menor, mas não menos significante: 450.000 mortos, capturados ou desaparecidos. Um dos piores episódios da Primeira Guerra Mundial, a Batalha do Somme mostrou a irracionalidade da guerra de trincheiras, dos bombardeios excessivos e o desperdício ilógico de vidas humanas em avanços e ofensivas descoordenados, de pouco sucesso e com vitórias pequenas ao peso de numerosas baixas, muitas vezes, irreversíveis.
 

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General Patton.

"Meu caro Ike, hoje eu cuspi no rio Sena".
Talvez poucos comandantes militares norte-americanos tenham exercido um papel tão influente quanto o do general George Smith Patton Junior, um homem tão reconhecido por seu modo excêntrico, pragmático, destemido e incisivo de agir  quanto por suas bem sucedidas campanhas militares. Especialmente reconhecido por seu comando em unidades motorizadas e infantarias, Patton desempenhou uma série de campanhas no front ocidental, na Europa, libertando várias áreas do controle das forças do Eixo. Observador analítico das estratégias e do modus operandi dos nazistas conduzirem suas unidades motorizadas e da estratégia de guerra rápida da Blitzkrieg, Patton conseguiu de modo inteligente adaptar algumas dessas estratégias e táticas para o seu próprio uso, o que aumentou consideravelmente o potencial das forças Aliadas.

O garoto de San Gabriel
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Patton ainda jovem.
Nascido em 11 de Novembro de 1885 na cidade de San Gabriel, no estado da Califórnia, logo entrou para a Academia Militar em West Point, onde recebeu toda a instrução necessária. Em um rápido crescimento em sua carreira, Patton logo exerce cargos de comando, liderando o 3º Exército dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Durante o conflito, teria papel decisivo em importantes batalhas e operações, como a Operação Torch, Operação Overlord e o avanço aos arredores de Berlim. Patton nasceu em uma família com grande passado militar, tendo seus ancestrais lutado na Revolução, na Guerra do México e na Guerra Civil. Casou-se com Beatrice Ayer dentro do quartel em West Point. Sua primeira experiência de batalha foi no ano de 1915, sob o comando de John Pershing, contra o famoso revolucionário mexicano Pancho Villa. Com a explosão da Primeira Guerra Mundial e o começo da disseminação do uso de tanques e veículos blindados, Patton, já em 1917, tornou-se o primeiro membro e um dos patronos do Corpo de Tanques dos EUA, vencendo, no mesmo ano, a importante batalha em Cambrai, França, no que podemos considerar como a primeira grande batalha de tanques da História.Na França, treinou os primeiros 500 soldados de tanques norte-americanos na escola fundada em Bourg, e, dispondo de 345 tanques na época, exerceu papel decisivo na Operação de Meuse-Argonne, em Setembro de 1918. Patton criou um sistema de comunicação pouco convencional, mas muito eficiente, durante esta época, utilizando mensageiros a pé e também pombos correio. Durante uma dessas operações, Patton foi atingido na perna. Suas ações lhe valeram a condecoração com a Cruz de Serviço Distinto por Heroísmo (Distinguished Service Cross for Heroism). Patton foi um visionário à frente de seu tempo, prevendo o enorme uso e valor de corpos de tanques e veículos blindados nas batalhas, e defendeu, desde aquela época, o investimento pesado em unidades motorizadas nos EUA. Após a Primeira Guerra, Patton exerceu diversos cargos em bases do Hawaii e Washington D.C.; formando-se no Command and General Staff School (Escola de Comando e Equipe Geral) em 1924, e no Army War College (Colégio de Guerra do Exército) em 1932.
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Eike, em 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, à serviço, na França.

 Aprendendo com a Blitzkrieg 
Quando a tática alemã da Blitzkrieg toma corpo e funcionamento na Europa, Patton reforça seus apelos junto ao Congresso norte-americano para a necessidade de formar uma força mais consistente para impacto em batalha, principalmente no que se referia às unidades blindadas. Em 1940, com a criação da Força Blindada (Armored Force), Patton foi transferido para a Segunda Divisão Blindada em Fort Benning, na Geórgia. Em 1941 foi nomeado como General em Comando. Em Dezembro de 1941 os EUA entram oficialmente no conflito, por conta especialmente do ataque sofrido em Pearl Harbor. Patton teria uma série de sucessos durante todo o teatro de operações. Defensor da prática, da iniciativa, do forte ataque e o choque contundente e, aprendendo as lições ensinadas pela Blitzkrieg, advogando em defesa da interação entre as diferentes unidades das Forças Armadas e as operações conjuntas dessas forças.

Operação Torch
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Aliados avançando pelo Norte da África.
Franklin Roosevelt, presidente dos EUA à época, juntamente com Winston Churchill, primeiro ministro britânico, decidiram abrir um novo front, realizando operações no Norte da África contra as Afrikakorps alemãs. Em Novembro de 1942, Patton liderou as missões que libertaram Marrocos, Argélia e Tunísia do controle do Eixo. Em 1943, Patton derrotou Rommel em uma batalha desempenhada em Túnis, aprisionando aproximadamente 200.000 alemães. Tanto as ações de Montgomery quanto de Patton foram decisivas para o recuo do front alemão na África e a consequente perda de posições estratégicas, especialmente pontos de fornecimento de matérias primas e combustíveis, o que enfraqueceu também o front alemão na Europa.

Operação Husky
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7e/French_tunisia_lst_us_tanks_1943.JPEG
Linha de Tanques Sherman, avançando ao longo da Tunísia.
Patton recebeu o comando do 7º Exército durante a Operação Husky, desenvolvida num teatro de operações na Itália, libertando as cidades de Palermo e Messina, o que contribuiu decisivamente para o bem sucedido desembarque das tropas aliadas no Sul da Itália, na Sicília. As vitórias na Itália enfraqueceram as forças alemãs e retiraram de seu controle importantes cidades portuárias, o que prejudicou decisivamente o envio de suprimentos para as tropas de Rommel e suas Afrikakorps no continente africano. Desse modo, Montgomery pôde obter mais vitórias sobre os alemães.

Operação Overlord
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhc6gNN5R7lcXAqUHsCJiVEaXr1wGf-aSsM_lyStwjj4Lr6MipvJPlwO7nM2gKaGeoazDaNHZ-ajxOBFZEcNDQ4jaNQI6FD4ue9OC48j81aerjYICqTDMlVKhfOHAnRZwjqPljBqZfoHgBr/s1600/gen+patton.jpg
Na foto, o general Patton em um tanque de guerra.
Mais conhecida como Dia D, a Operação Overlord tomou forma no desembarque da Normandia, numa ação conjunta das tropas dos EUA, Canadá, Reino Unido e França. Patton defendia o uso de grandes unidades de forças motorizadas e blindadas para adentrar pelo front ocidental, liberando, assim, a Europa. Em uma estratégia que visava despistar os alemães, diversos anúncios foram emitidos dando a entender que o grosso das tropas seria conduzido por Pais-de-Calais, a Leste da Normandia. Estas informações falsas emitidas propositalmente foram conduzidas pela Operação Guarda Costas, confundindo a mobilização de tropas alemãs. Para isso, um exército fictício foi criado, recebendo o nome de FUSAG - First United States Army (Primeiro Exército dos Estados Unidos), do qual Patton seria o comandante. Com essa rede de desinformações, os alemães não fizeram as mobilizações necessárias, o que permitiu um avanço mais rápido das tropas aliadas pela Normandia. Desse modo, a corrida de Patton até o rio Sena começava, agora, a se acelerar.
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Soldados norte-americanos sendo transportados em um LCVP, nas praias da Normandia, no famoso Dia D.
 Sangue nas Ardenas
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Tropas norte-americanas nas Ardenas, na região de Amonines,na Bélgica.

No dia 16 de Dezembro de 1944, Patton conduziu uma série de manobras nas Ardenas, na França. Nessa ocasião, Hitler pretendia cortar as comunicações dos Aliados através de uma grande operação ofensiva, especialmente com o objetivo de dominar a Antuérpia. De fato, os Aliados possuíam posições frágeis na região, o que favoreceu a decisão de Hitler. Na fronteira entre a Alemanha e a Bélgica, Patton realizou o comando de diversas batalhas, sendo a principal delas aquela responsável pelo resgate de cerca de 18.000 soldados norte-americanos isolados pelos alemães na cidade de Bastogne. Patton cruzou o rio Reno, apesar de ordens proibindo-o de fazer isto. Tal feito foi atribuído a Montgomery, o que deixou Patton extremamente irritado e apenas deteriorou as já péssimas relações entre ele e o comandante britânico.

Berlim deve ser nossa
Patton observava com receio o avanço soviético vindo do Leste. Ele sabia que, após o confronto, EUA, a União Soviética seria a outra superpotência. Durante algum tempo, as tropas soviéticas a leste e ocidentais a oeste permaneceram num impasse para decidir quem seria responsável pela invasão de Berlim. Em uma decisão que visava preservar as tropas, os aliados ocidentais permitiram a invasão pelos soviéticos. A batalha sangrenta não agradava o Alto Comando, que, no campo de operações da Normandia, havia perdido um número considerável de vidas. A tarefa ensanguentada ficou, então, ao encargo dos russos. Patton, durante todo o momento, seria contrário a esta decisão, mas suas opiniões não foram ouvidas.

Pós Guerra
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, Patton trabalhou como escritor. Ele escreveu um diário de guerra compilado por sua esposa Beatrice, intitulado "War as I knew It"(A Guerra como eu a Vi), tendo sido publicado em 1974. Patton deixou um enorme legado aos norte-americanos, podendo ser considerado como o patrono das unidades motorizadas e blindadas - mais especificamente, os corpos de tanques de guerra - dos EUA, bem como as primeiras escolas de formação de tripulações para tanques de guerra. Exímio estrategista, foi o grande responsável pelo avanço dos Aliados no front ocidental, fazendo as forças alemãs recuarem decisivamente. Não apenas "copiou" estratégias alemãs como a Blitzkrieg, adaptando-as às suas tropas, como também criou táticas próprias e inovadoras. Patton prezava pela vida de seus comandados e seu modo pragmático e incisivo fazia com que ele se tornasse cada vez mais um comandante respeitado e amado por seus subordinados.

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