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Marco Histórico
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John Fitzgerald Kennedy

O 35º presidente dos Estados Unidos da América teve uma passagem rápida pela Casa Branca, com um início promissor e um desfecho tanto trágico quanto misterioso. O assassinato de Kennedy é mais conhecido do que sua vida e seu governo. Entender sua figura histórica é essencial para entender o cenário político norte-americano. Kennedy propôs um acordo para banir testes nucleares, enfrentou a Crise Cubana e questões na Berlim dividida, além de criar a Aliança para o Progresso (Alliance for Progress).

Família e origens
Nascido em 29 de Maio de 1917, no Brookline, no estado de Massachusetts e batizado John Fitzgerald Kennedy, o político mais conhecido como JFK veio de uma família católica de imigrantes irlandeses. O avô de Kennedy, PJ Kennedy, era um rico banqueiro e comerciante de bebidas, e seu avó materno conhecido como "Honey Fitz" era um hábil político congressista e prefeito da cidade de Boston. Kennedy herdou os dotes políticos e empreendedores de seus familiares, ao que parece. Sua mãe, Rose Elizabeth Fitzgerald, era uma socialite de Boston, e seu pai Joseph Kennedy era um importante banqueiro que enriqueceu com o mercado de ações após a 1ª Guerra Mundial. O pai de Kennedy também atuou como secretário de Segurança e foi embaixador dos EUA na Grã-Bretanha.

Juventude
Kennedy veio de uma família privilegiada e envolvida com política. Seus pais se dedicaram mais à carreira do que ao cuidado de Kennedy, que viveu a maior parte de sua infância e juventude com seus avós. Mesmo assim, o pai de Kennedy não foi ausente em sua criação. Toda a criação de Kennedy recebida por seu pai visava sua formação política como herdeiro de uma grande carreira política. Apesar de ter uma família rica, Kennedy estudou em ambientes públicos e teve os problemas comuns a todo o estudante.

Kennedy ainda jovem, em 1942.

Vida escolar
Kennedy estudou no colégio católico Canterbury para meninos, em Connecticut. Kennedy não foi um aluno excepcional. A maioria de suas notas eram baixas, mas ele se saiu bem em História e Inglês. Após seu ensino fundamental, ele foi para o colégio Choate, uma escola de elite preparatória. Mas aí também Kennedy não foi um aluno de destaque: conseguia notas boas quando se aplicava, mas passava a maior parte do tempo com diversões em grupo e festas.Kennedy lia bastante, mas não os livros que seus professores pediam. Sua saúde era muito frágil durante sua juventude, e ele quase chegou a morrer.

Why England Slept
Kennedy passou a se dedicar mais em sua vida acadêmica e profissional. Em 1939, ele visitou a Grã-Bretanha com seu pai, em uma missão diplomática. Ele decidiu escrever um estudo sobre os fatores que deixavam o Reino Unido em desvantagem aos alemães na 2ª GM. Seu texto foi tão bem recebido pelos políticos e analistas que em sua graduação, em 1940, foi publicado como livro, com o título original de Why England Slept (Por quê a Inglaterra Dormiu).  O livro vendeu mais de 80.000 cópias. 

O Náufrago
Após se graduar em Harvard, Kennedy se alistou na Marinha dos EUA, e chegou a comandar um torpedeiro de patrulha no Pacífico Sul. O barco de Kennedy, PT-109, foi atingido por navios japoneses e afundou. Dois marinheiros morreram, mas ele sobreviveu com ferimentos nas costas. Kennedy conseguiu salvar alguns dos sobreviventes e foi para uma ilha, onde foram resgatados seis dias depois. Kennedy recebeu a Navy and Marine Corps Medal for Extremely Heroic Conduct (Medalha da Marinha para Conduta Extremamente Heroica) e uma Purple Heart (Coração Púrpura) por conta de seus ferimentos.

Perda irreparável
O irmão de Kennedy, Joseph K. Jr., morreu em Agosto de 1944 quando seu avião foi explodido em combate. Joseph e John eram irmãos muito próximos, e a perda de Joseph foi irreparável para Kennedy. A morte do irmão alterou o caráter de Kennedy, que tomou os objetivos do irmão falecido para si mesmo e procurou alcançá-los.

Kennedy e seu irmão Joseph.

Início político
Em 1946, Kennedy concorreu ao cargo de representante distrital de Boston na Casa dos Representantes dos EUA, um cargo que havia sido deixado vago pelo democrata Michael Curly. Kennedy, já famoso por seu livro, por sua história de sobrevivência e com o apoio do dinheiro e das conexões de seu pai, ganhou a eleição para o cargo com larga vantagem. Entretanto, Kennedy não conseguiu grande impacto em seu cargo político. A corrupção e a extrema burocracia impediam que ele fizesse qualquer coisa relevante. Kennedy chegou a dizer que ele era "apenas um verme na Casa, ao qual ninguém prestava atenção no cenário nacional".

Congressista e Senador
Kennedy teve mais sucesso participando do Senado e do Congresso dos EUA. Em 1952, graças à influência de sua família e uma boa plataforma política, ele concorreu contra o republicano Henry Cabot Lodge para uma vaga no Senado. Naquele ano, os republicanos haviam conquistado a maioria tanto no Senado quanto no Congresso, e seria pouco provável que Kennedy, um democrata, chegasse a vencer. Mas os financiamentos de seu pai, mais uma vez, foram decisivos para sua eleição. 

Kennedy, sua esposa Jacqueline e sua filha Caroline
Profiles in Courage
Após sua eleição, Kennedy conheceu aquela que viria a ser a sua esposa, Jacqueline Bouvier, em um jantar de gala. Após convidá-la para um encontro, o sentimento cresceu entre ambos e eles se casaram em 12 de Setembro de 1953. Tiveram três filhos: Caroline, John Kennedy Jr. e Patrick Kennedy. Kennedy continuou sofrendo de inúmeros problemas de saúde durante sua atuação como senador. Durante uma de suas internações, ele escreveu outro livro, Profiles in Courage (Perfis em Coragem), descrevendo oito senadores norte-americanos que tomaram medidas corajosas e necessárias para o país, mas que foram vistas com impopularidade. Profiles in Courage recebeu o prêmio Pulitzer de melhor biografia de 1957. Kennedy foi e ainda é o único presidente dos EUA a receber um prêmio Pulitzer.

Kennedy versus Nixon
Kennedy atuou durante 8 anos como senador. Entretanto, Kennedy tornou-se desinteressado pelas questões domésticas de Massachusetts e mais interessado na geopolítica mundial, especialmente em relação à questão soviética. A presidência lhe parecia mais adequada aos seus intentos. A Guerra Fria e a corrida armamentista interessavam a ele, e, diferente da maioria dos presidentes norte-americanos, os países de Terceiro Mundo também lhe chamavam a atenção. Em 1960, no dia 8 de Novembro, Kennedy venceu seu opositor Richard Nixon em uma vitória apertada, mas não insignificante: Nixon era um político muito mais experiente que o jovem Kennedy, mas o político iniciante se saiu melhor na maioria dos debates eleitorais da época. JFK foi eleito, tornando-se o trigésimo quinto presidente dos EUA. Kennedy, com 43 anos, foi o segundo mais jovem presidente dos EUA, atrás apenas de Theodore Roosevelt, que assumiu aos 42 anos. Ele foi o primeiro presidente católico do país majoritariamente protestante e o primeiro nascido no século XX. O lema de seu governo foi a famosa frase: "Não pergunte o que o seu país pode fazer por você, pergunte o  que você pode fazer por seu país".

JFK in 1961 by KraljAleksandar
Kennedy venceu Nixon e tornou-se o 35º presidente dos EUA.
 
Diplomacia e geopolítica
Kennedy empenhou-se muito em questões internacionais sem abandonar as pautas domésticas. Ele criou o Peace Corps (Corpos de Paz), em 1961, para promover ações e acordos pacíficos entre nações opostas. Mais de 170.000 membros participaram do projeto em cerca de 135 nações. No mesmo ano, ele criou a Alliance for Progress (Aliança para o Progresso) com o objetivo de estreitar as relações econômicas com a América Latina, um território que sempre foi palco de inimizades com os EUA por conta da histórica exploração norte-americana.

Kennedy e sua esposa. Jacqueline
Baía dos Porcos
Kennedy liderou a mal sucedida operação da Baía dos Porcos em 15 de Abril de 1961, com o objetivo de derrubar Fidel Castro. Um grupo de 1500 dissidentes cubanos treinados pela CIA foi enviado à pequena ilha, facilmente derrotado pelas tropas de Fidel. Vários elementos levaram ao fracasso da missão: falhas na comunicação, mal planejamento e principalmente o baixo apoio aéreo norte-americano, sem contar no fato de que Fidel foi extremamente subestimado. O episódio prejudicou a imagem internacional de Kennedy.

O Muro de Berlim
Com o objetivo de diminuir a imigração massiva dos alemães da parte oriental para a parte ocidental, o dirigente soviético Nikita Khrushchev ordenou a construção do odiado Muro de Berlim, um dos maiores símbolos da Guerra Fria.
Kennedy na Casa Branca, foto tirada em 1962

 

A crise dos mísseis
A maior crise internacional não foi o Muro de Berlim, mas sim a Crise dos Mísseis Cubanos. Este foi o incidente mais quente entre EUA e URSS durante toda a Guerra Fria. A União Soviética, aliada e financiadora do regime castrista, instalou uma série de mísseis nucleares balísticos de longo alcance na pequena ilha. Kennedy instalou um embargo à Cuba. Depois de vários dias de tensão diplomática que chegou mesmo a oferecer o risco de uma guerra nuclear, a União Soviética concordou em remover os armamentos nucleares instalados na ilha após o comprometimento da Casa Branca em remover os armamentos instalados na Turquia. Em Junho de 1963, as duas potências negociaram o Tratado Limitado de Banimento dos Testes Nucleares, assinado entre a Grã Bretanha, os EUA e a URSS. Este feito recuperou a imagem de Kennedy prejudicada depois da invasão malsucedida de Cuba.
Kennedy e seu irmão Robert

Segregação Racial
Kennedy enfrentou um período de recessão econômica nos EUA. Adotou medidas como cortes de impostos, diminuição do salário mínimo e a instituição de programas sociais em educação, saúde e transporte público. Dificultado por oponentes republicanos no Congresso, essas medidas não alcançaram o resultado máximo.Os direitos civis foram o maior desafio interno para Kennedy. A Segregação Social entre brancos e negros, um problema histórico nos EUA, não foi totalmente resolvida por ele. Pessoalmente favorável aos direitos civis para negros, Kennedy enfrentou uma oposição republicana exagerada, e foi capaz de apenas instalar medidas mínimas. Apesar disso, Kennedy enviou seu irmão Attorney Robert Kennedy para o estado do Mississippi, onde haviam as ações racistas mais violentas contra os negros, e orientou a Guarda Nacional e os delegados federais para escoltar e defender o ativista James Meredith , o primeiro estudante negro a ingressar na Universidade do Mississippi em 1 de Outubro de 1962. Kennedy decidiu enfrentar mais decisivamente a oposição republicana e sua Carta de Direitos Civis foi enviada e aprovada pelo congresso em 1964.


Assassinato
No dia 21 de Novembro de 1963, Kennedy viajou para Dallas no Texas para um discurso. No dia seguinte, enquanto passava pelas ruas da cidade em um carro presidencial modelo Lincoln com sua esposa e com o governador do Texas, John Connally, quando foi atingido por dois disparos. Kennedy morreu no Hospital Memorial de Parkland aos 46 anos. Oficialmente, o assassino de Kennedy é tido como Lee Harvey Oswald, um fuzileiro de 24 anos com simpatias pró-soviéticas. Mas até hoje a autoria do crime é contestada. A morte de Kennedy foi uma tragédia nacional e um evento internacionalmente sentido. 

Legado
Kennedy tornou-se uma figura controversa: tido por muitos como um herói nacional, um político visionário e um hábil diplomata e negociador; e tido por outros como apenas um oportunista que cresceu em sua carreira por conta do dinheiro de seu pai. É verdade que Kennedy provavelmente não teria chegado onde chegou sem a ajuda de seu pai; mas também é ponto fixo que ele não teria se mantido sem uma habilidade e um esforço pessoais. Kennedy tentou implementar reformas diante de uma política excessivamente rançosa e racista. Os direitos civis aprovados por ele inseriram os negros na vida social norte-americana, e foram o início de uma subida social para uma classe historicamente explorada. Provavelmente, este e outros pontos foram razões muito fortes para seu assassinato, tenha sido este ato cometido por apenas um homem ou motivado por inimigos políticos. A morte de JFK é menos intrigante do que sua própria vida.






Referências:
Biography.com

Imagens:

Kralj Aleksandar



http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7d/Baron_ungern.ruem.jpg
Roman Nikolai Fyodorovich von Ungern-Sternberg

Um comandante militar anticomunista nacionalista; um visionário eurasiático e um místico orientalista. Poucos devem ter ouvido falar de Ungern-Sternberg, mas com certeza muitos sabem algo sobre o “Barão Louco”. Gênio militar do início da era soviética, Ungern representou visões aparentemente contraditórias dentro de uma mesma personalidade. Participou da guerra contra os japoneses, serviu na Primeira Guerra Mundial, liderou tropas cristãs contra os turcos otomanos, ajudou no processo de independência da Mongólia e lutou contra os revolucionários socialistas russos.

Primeiros anos
Nascido protestante de uma família luterana, batizado Roman Nikolai Fyodorovich von Ungern-Sternberg, nascido em 29 de Dezembro de 1885 na cidade de Graz, na Áustria, filho de Sophie Charlotte von Ungern-Sternberg e Theodor Leonhard Rudolph von Ungern-Sternberg, desde cedo o garoto seria instruído para a vida militar. Mudou-se com seus pais para Reval, na Estônia, em 1888, e seus pais se divorciaram em 1891. Sophie casou-se com Oskar Anselm Hermann von Hoyningen-Huene. 

Educação militar
Aos 17 anos, Nikolai frequentou a escola ginasial Nicholas I, na cidade de Tallinn. Aos 18 anos, ele entrou para a Escola de Cadetes e Oficiais da Marinha, em São Petersburgo, então capital do Império Russo. Aos 20 anos juntou-se à frente oriental na guerra russo-japonesa, atuando em operações na Manchúria. Ele foi transferido em 1906 para servir na Escola Militar Pavlovskoe, em São Petersburgo. Naquele ano, ganhou o posto de cadete. Foi promovido ao posto de oficial após sua graduação, servindo na Sibéria no 1º Regimento Cossaco de Amursky. 

Nikolai ainda jovem, durante seus anos de instrução na Escola Militar Pavlovskoe, em São Petersburgo.

O encanto nômade
Durante seu serviço na Sibéria oriental, Nikolai se atraiu pelo estilo de vida nômade dos mongóis. Ele mesmo adotou vários dos costumes tradicionais desse povo. Em 1913, ele começou a auxiliar os mongóis em sua luta pela independência do país, na época dominado pela China. Na cidade mongol de Khovd, ele serviu como oficial cossaco no consulado russo. 

O Barão Louco
Com a explosão da Primeira Guerra Mundial, Nikolai foi enviado para a linha de frente em 19 de Julho de 1914, participando do 34º Regimento de Cossacos no front da Áustria. De 1915 a 1916 ele participou de diversos ataques pela Cavalaria Especial de L. N. Punin. Foi durante a grande guerra que Nikolai ganhou a fama de intrépido e destemido, e também de louco, dado o caráter muitas vezes imprudente e inconsequente de suas ações. Ganhou diversas condecorações ao fim da guerra, mas foi removido de seu posto por “falhar na obediência às ordens”.

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Nômades mongóis. Grande parte da vida de Nikolai foi ao lado de povos nômades. Ele absorveu grande parte da cultura destes povos, adotando costumes variados deles.

Cristãos contra turcos
Em 1917, Ungern foi transferido para o Cáucaso, na guerra contra a Turquia. Em Abril do mesmo ano, ele e Grigory Semyonov organizaram um exército de soldados cristãos siríacos voluntários contra os turcos, que obtiveram diversas vitórias. Mas estas vitórias não influenciaram a guerra de modo decisivo.

Contra os Bolcheviques
Após a Revolução Bolchevique de Outubro de 1917, Ungern e Semyonov manifestaram-se fiéis à família dos Romanov e contrários aos revolucionários. Semyonov nomeou Ungern como governador da Dauria, uma área extensa no sudoeste do lago Baikal. Nikolai e Semyonov eram fanaticamente anti bolchevistas, mas não se uniram ao Exército Branco, já que eles não reconheciam a autoridade de Aleksandr Kolchak, o líder dos soldados Brancos na Sibéria. Os dois comandantes agiram de forma autônoma contra os bolcheviques. 

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Alguns dos homens das divisões criadas por Nikolai.

Brancos e Vermelhos
Durante essa época, Nikolai Ungern tornou-se famoso por seu comportamento tipicamente excêntrico e nada convencional, o que lhe valeu o apelido de “Barão Louco”. Ele e Semyonov receberam apoio dos japoneses, com dinheiro e armas. Entretanto, eles eram vistos pelos líderes do Exército Branco como traidores, principalmente por Denikin e Kolchak, partidários de um movimento único contra os vermelhos.  Desse modo, Nikolai tornou-se inimigo tanto de vermelhos quanto dos brancos.

Líder das nações
Várias operações militares bem sucedidas foram conduzidas em Dauria e em Hailar, o que garantiu a Nikolai Ungern o posto de major-general.  Semyonov o nomeou como comandante da estação de trem de Dauria e lhe confiou unidades militares para lutar contra as forças bolcheviques. Nikolai criou a Divisão de Cavalaria Asiática (Азиатская конная дивизия), formada por soldados voluntários.  A divisão criada por Nikolai era composta de várias nacionalidades e etnias, como russos, buryats, bashkirs, mongóis, chineses, japoneses, poloneses exilados, manchus e tártaros, e muitos outros.

A Divisão Selvagem
A divisão de Nikolai logo foi chamada de “Divisão Selvagem”, formada principalmente por soldados de povos nômades de regiões montanhosas. Grande parte desses soldados era formada por veteranos que lutaram na Primeira Guerra e, agora, lutavam contra os bolcheviques. Nikolai construiu uma fortaleza em Dauria, de onde lançava expedições contra os revolucionários. As tropas de Nikolai realizavam saques para obter suprimentos. Diversos trens que passavam na região entre a Manchúria e Dauria eram atacados por ele e seus homens. 

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Divisão da Cavalaria Asiática comandada por Nikolai.

Reconstruindo impérios
Nikolai foi um fervoroso monarquista: acreditava que este era o único sistema social que poderia impedir a corrupção e a autodestruição da civilização ocidental. Desejava ao mesmo tempo reconstruir o Império Russo e o Império Mongol. Nikolai traçou como objetivo refazer o império mongol de Gêngis Khan, apoiando a dinastia Qing como portadora do melhor candidato ao trono. Na época, a Mongólia estava sob a ocupação militar de senhores da guerra chineses pró-japoneses, liderados por Xu Shuzheng.  Nikolai começou então a apoiar o retorno do Bogd Khan (imperador), o 8º Bogd Gegen, o jovem Jebtsundamba Khuruktu  ao trono da Mongólia.

O líder dos rejeitados
Os japoneses haviam apoiado os senhores da guerra chineses na ocupação da Mongólia em ordem de prevenir o país contra possíveis revoluções oriundas dos Bolcheviques da Rússia, que poderiam estender o poder à região e ao Norte da China. Porém, após o fim do financiamento japonês, as tropas chinesas na região ficaram abandonadas. Como resultado, muitos dos soldados se revoltaram contra os comandantes. Muitos desses soldados eram mongóis contratados pelos chineses, que eventualmente se uniram à divisão de Nikolai.

Casando-se com uma princesa
Nikolai encontrou apoio entre os monarquistas da região, aliando-se com o senhor da guerra Zhang Zuolin, um general da Manchúria. Nikolai se casou com a princesa Ji da Manchúria, em uma cerimônia ortodoxa cristã. Ela recebeu o sobrenome Ungern-Sternberg. O casamento teve grande significado político, pois a princesa Ji era parente do general Zhang Kuiwu, comandante das tropas chinesas na Manchúria e governador de Hailar.

O retorno do Bogd Khan
A Mongólia declarou sua independência em 13 de Março de 1921. Nikolai foi declarado como ditador, mas o poder estava oficialmente nas mãos de Jebtsundamba Khuruktu, o Bogd Khan da Mongólia.  
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/60/BogdKhan.jpg
Jebtsundamba Khuruktu, o jovem 8º Bogd Gegen e
Bogd Khan (imperador) da Mongólia.

Reencarnação de Gêngis Khan
Nikolai acreditava ser a própria reencarnação de Gêngis Khan. Atraído pelas religiões e filosofias orientais, principalmente pelo esoterismo budista, Nikolai era um nacionalista russo com crenças chinesas e mongóis. Muitos mongóis o viram como a encarnação de Jamsaran, uma divindade relativa à guerra, típica do folclore do Tibete. Muitos consideravam Nikolai como descendente de Átila, o Huno.

Limpeza urbana e execuções
No governo da cidade de Urga, Nikolai impôs um severo programa de urbanismo. A tumultuada região logo ganhou ordem, e Nikolai promoveu uma política de limpeza pública, instalações sanitárias e promoção da vida religiosa e da tolerância na capital, bem como algumas medidas de reforma econômica. Entretanto, a política de Nikolai teve um caráter brutalmente antissemita, chegando a executar 38 judeus em Urga. Provavelmente 16 nacionalidades serviram nas divisões de Nikolai, incluindo tibetanos. Provavelmente, foram enviados pelo 13º Dalai Lama, que manteve contato com Nikolai.

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Os mongóis tornaram-se independentes da dinastia Qin chinesa. Nikolai teve papel decisivo na Revolução Mongol.
A Transbaikalia
Ainda em 1917, os bolcheviques começaram a adentrar a Mongólia, após tomarem a região russa da Transbaikalia. Em 1921, várias divisões do Exército Vermelho invadiram a recém-independente monarquia. Damdin Sijkhbaatar, líder militar mongol pró-bolcheviques, foi um dos comandantes dessas unidades.

Traição
Diversos espiões e traidores foram enviados para disseminar a divisão entre as tropas de Nikolai. Ele organizou expedições contra essas pequenas forças na Sibéria, e ofereceu apoio a movimentos revoltosos anti-bolcheviques na região. Alguns camponeses se uniram às tropas de Nikolai com sua chegada.

Nikolai e Rezukhin
Duas divisões foram criadas, uma sob o comando de Nikolai, e outra sob as ordens do major-general Rezukhin. Rezukhin atacou os vermelhos ao longo da parte russa do rio Selenge. Nikolai deixou Urga e se moveu para a cidade russa de Troitskosavsk. Os vermelhos tinham superioridade em número de tropas, reservas humanas, equipamentos militares (como veículos, aviões e barcos), munição e armas. Entre 11 e 13 de Julho, Nikolai foi derrotado nas batalhas contra os vermelhos e não conseguiu tomar a cidade de Troitskosavsk. Após pequenas lutas, os soviéticos tomaram a cidade de Urga em 6 de Julho de 1921.

Invadindo a URSS
Nikolai reagrupou suas tropas e tentou invadir a região da Transbaikalia. Nikolai tentou conseguir apoio de Semyonov e dos japoneses, mas esse apoio nunca chegou. Em 18 de Julho, partiu com sua divisão para dentro do território soviético, com aproximadamente 3000 homens. Nikolai conseguiu capturar vários vilarejos, de Novoselenginsk até a região de Verkhneudinsk. Entretanto, suas posições não poderiam ser mantidas contra as tropas soviéticas superiores, e ele começou uma retirada para a Mongólia em 2 de Agosto de 1921. Primeiro tentou se dirigir para Tuva, depois, pensou em ir para o Tibet.

Vivo e capturado
Soldados traidores começaram planos para matar seus comandantes. Rezukhin foi assassinado em 17 de Agosto de 1921, e no dia seguinte tentaram matar Nikolai, sem sucesso. Nikolai perdeu o comando de suas tropas, que começaram a debandar. Em 20 de Agosto ele foi capturado pelos soviéticos, comandados por Shchetinkin.

“Vivi para morrer”
Após um julgamento que durou apenas 6 horas e 15 minutos, conduzido por Yemelyan Yaroslavsky, Nikolai foi sentenciado à execução. Naquele mesmo dia ele foi fuzilado, na cidade de Novonikolaevsk. Quando soube da morte dele, o Bogd Khan mongol ordenou que o povo rezasse por sua alma por toda a Mongólia.
Informações gerais do sorteio

- O sorteio foi realizado no dia 22 de Dezembro de 2015, às 09:45 (Horário de Brasília)
- O site de sorteios utilizado foi o Sorteador.com.br
- O número ganhador foi: 12 (Icaro Freitas)



A lista de concorrentes e seus devidos números:

Effy Delacroix - 30
Iago Gomez - 29
Talles Carvalho - 28
Rubens Rodrigues - 27
Fatimah Souza - 26
Augusto Tontini Triana - 25
Jessé Targino - 24
André Pamplona Silveira Santos - 23
Robert Advaita - 22
Rennya Rabelo de Alcântara - 21
Lydia Homs Damas Aleppo - 20
Fernando Souza - 19
Ulisses Tramarin Granados - 18
Carlos Henry - 17
Phabricia Ednara - 16
João Victor Gonzalo - 15
Deivid Jorge - 14
Antonio Afonso Ribeiro Neto - 13
Icaro Freitas - 12
Viviane Rubio - 11
José Carlos Novais Neto - 10
Rodrigo Medeiros - 9
Erick Araujo Souza - 8
Fernanda Fernandes Carvalho - 7
Léia Guimarães - 6
Marcelo Jobski de Paula - 5
Felipe Pereira Borges - 4
Liliane Costa - 3
Roberta Oliveira - 2
Ulisses Condutta - 1

Você participou e não foi premiado? Não se preocupe. Em 2015, a página fará sorteios de livros e brindes mensalmente. Continue acompanhando nossa página e nosso blogue e participe!

Feliz Natal e próspero ano novo!
Sorteio de fim de ano
O Marco Histórico presenteia seus leitores amantes de História com um sorteio especial de fim de ano. Um exemplar de "Os Lusíadas", a mais célebre obra da língua portuguesa, de Luís Vaz de Camões, será sorteado para um dos leitores da página.

Para participar, é simples!

Regras do sorteio
1- Curta a página e convide um amigo para curtir também.
2- Compartilhe esta imagem.
3- Aguarde o sorteio na próxima segunda-feira.

Como funciona o sorteio?
É OBRIGATÓRIO compartilhar a imagem da promoção. Todos aqueles que compartilharem a imagem estarão automaticamente concorrendo ao livro. Aquele que for sorteado será comunicado e deverá enviar um print para a página mostrando que o amigo convidado curtiu a página.

Cada participante receberá uma mensagem da página com seu número de sorteio. Esse número servirá para confirmação do vencedor.

Sem o envio da imagem e sem o cumprimento desses requisitos, o sorteio é anulado e refeito, até que um vencedor cumpra com as exigências do sorteio.

O vencedor confirmado deverá enviar seu endereço para a página, através de mensagem. Publicações no mural da página serão desconsideradas. As informações do ganhador serão mantidas em total sigilo, e após o envio da encomenda serão excluídas da caixa de mensagens da página.

Qual o horário do sorteio?
O sorteio acontecerá na segunda-feira, às nove horas da manhã (horário oficial de Brasília).

Qual o prazo para a entrega?
O prazo para a entrega depende do serviço dos Correios. O vencedor receberá o código de rastreamento da encomenda e poderá acompanhar o processo de entrega.


Comece 2015 com conhecimento e cultura!

Boa sorte!
https://finrosforum.files.wordpress.com/2010/03/943b1-media_httpworldmustbe_oghag.jpg
Membros de uma gangue russa, junto com seu Pakhan.

O quarto texto da série sobre gangsterismo nos leva até a longínqua e imensa Rússia, o país da Eurásia, que é tanto parte da Europa quanto da própria Ásia. Junção entre Ocidente e Oriente, a Rússia foi palco dos maiores movimentos revolucionários e de alguns dos mais terríveis regimes tirânicos da Terra. É de lá que o famoso Stálin fez sua vida como líder da extensa União Soviética, conduzindo a industrialização rápida de uma federação semi feudal. Terra dos antigos imperadores, dos tzares e do comunismo, a Rússia também tem sua história de crime organizado.

Na terra do Tzar
Tão antiga quanto a máfia japonesa (a Yakuza), a máfia russa surgiu provavelmente por volta do ano de 1700. Na época, não chegava a ser uma instituição formal, mas sim a reunião de grupos de camponeses que cometiam atos criminosos. Esses atos consistiam em basicamente roubar alimentos, dinheiro e propriedades dos membros da realeza e distribuí-los entre os membros das gangues e a própria população local. Assim, a máfia russa encontra origem em um cenário de desigualdade social e ganha um caráter "social" e "humanitário", sendo avidamente caçados pelos tzares.

Como em praticamente toda organização criminosa, o sindicato criminal russo utiliza tatuagens como forma de identificação hierárquica. Essa prática de tatuagens teve início
na era soviética.

Hierarquia
A máfia russa não é um grupo homogêneo. Na verdade, funciona como um sindicato, com representantes de diversos grupos e facções criminosas. Estes grupos seguem basicamente a mesma estrutura hierárquica. O Pakhan (também conhecido como Krestnii) é o chefe da gangue e controla todas as suas ações, geralmente expandindo a gangue em quatro células (grupos menores); o Brigadier (também conhecido como Avtoritet, "autoridade" em Português) é o segundo homem na linha de comando e faz a intermediação entre o chefe e os subordinados; os Dois Espiões são homens de confiança responsáveis por assegurar a lealdade dos membros, repassando informações ao chefe; o Sovietnik é o conselheiro e o homem de maior confiança do chefe; o Kassir (ou Kaznachey) é o contador da gangue, responsável por anotar entradas e saídas de dinheiro e cuidar do caixa do grupo (o dinheiro comum, conhecido como Obshchak), bem como fazer a contabilidade de todas as ações da gangue; os Boevik são os "guerreiros" responsáveis pelas atividades criminosas, se dividindo em três categorias: os Krysha, que são os protetores, os Torpedo, que são os assassinos de aluguel e os Byki, que são os protetores pessoais dos chefes do grupo.

Ascensão
É possível subir de patamar dentro de uma gangue russa, mas essa escalada não pode chegar até o topo, o lugar do Pakhan, a menos que se forme uma nova gangue com autorização do sindicato e dos outros Pakhans. Um iniciado começa como Shestyorka, que é a posição mais baixa na hierarquia do crime russo. Basicamente, é um "faz-tudo" da organização.O Shestyorka pode se tornar um Vor, um ladrão honrado que mostrou valor. Essa posição só é dada ao recruta quando ele mostra grande habilidade e empenho. Conforme o iniciado se empenha, ele pode eventualmente ganhar destaque dentro do grupo.

Solntsevskaya Bratva
A máfia russa é formada por diversos grupos criminosos, sendo o mais forte deles a máfia que é também conhecida como Solntsevskaya Bratva (em alfabeto cirílico, Солнцевская братва) ou só Bratva, fundada por Sergei Mikhailov na década de 1980. Conta com aproximadamente 9.000 membros e atua em diversos países, como Ucrânia, Estados Unidos, Israel, Espanha, África do Sul, França e, é claro, a própria Rússia. São envolvidos com praticamente todas as áreas do crime organizado: extorsão, assassinato de aluguel, apostas e jogos de azar em geral, tráfico humano, prostituição, tráfico de drogas e armas, roubos, assaltos, lavagem de dinheiro, assassinato, roubo de carros, entre outros crimes. A Bratva é a mais famosa e violenta gangue da máfia russa.

Era Soviética
Durante o período soviético, a estrutura da máfia russa ganhou maior forma, especialmente através dos chefes de gangues que lideravam seus grupos mesmo dentro dos Gulags (campos de trabalho forçado). Foi nesse período que o uso de tatuagens foi institucionalizado nas gangues e ganhou significado maior. Durante a Segunda Guerra, Stalin ofereceu liberdade para aqueles criminosos que lutassem no Exército Vermelho. Entretanto, o código interno da máfia russa proibia qualquer associação com os governos. Aqueles que serviram no exército foram chamados de suka ("vadias") e foram rebaixados na hierarquia. Os suka formaram um grupo autônomo, o que causou uma divisão na máfia russa e provocou guerras internas, as guerras Suka de 1945 a 1953. Depois da morte de Stalin, especialmente na era de Brejnev, a corrupção permitiu a maior influência da máfia na política e a regra antiga de não envolver-se com o governo foi abolida.

A figura de Stalin é controversa dentro da máfia russa: apesar da perseguição empreendida
contra o crime organizado, Stalin é uma figura admirada por muitos gangsters russos.
Batatas
Durante os anos 1970 e 1980, os EUA lançaram uma nova e mais tolerante política de imigração, permitindo a entrada de rejeitados pelo regime soviético. Os mafiosos russos se instalaram principalmente ao sul do Brooklyn, na área conhecida como Brighton Beach. Evsei Agron foi o líder da máfia russa nos EUA durante os anos 80, a partir de 1983.Os russos ficaram conhecidos como "gangue das batatas" por conta de sua prática rotineira de trapacear em trocas e negociações, colocando batatas nas maletas no lugar do dinheiro.

Etnias e internacionalização
A máfia russa não é só pra russos. Diversas etnias compõe o sindicato criminal russo. Entre elas, as principais são os chechenos, os armênios, vários judeus, grupos da Geórgia e do Azerbaijão. Diferente da máfia italiana, a questão étnica e sanguínea tem pouco valor dentro do crime organizado russo. Isso pode ser explicado pelo fato de que a União Soviética era composta por inúmeros países, e os presos que se uniram para formar as gangues eram de diversas nacionalidades. Após a queda da URSS em 1991, a máfia russa se espalhou por diversos outros países e tornou-se uma organização internacional pós soviética.

B.C.M.O.S.S.U.M.A.K
Os principais grupos criminosos do sindicato russo são a Solntseyskava Bratva, liderada por Sergei Mikhailov, com cerca de 5.000 membros e atuante no distrito de Solntsevo (daí seu nome); O Círculo dos Irmãos, uma gangue liderada por Temuri Mirzoyev, com membros de várias etnias e nacionalidades e de ação internacional, incluindo a América Latina, a África e o Oriente Médio;  as gangues de Moscou e as gangues de Odessa (a Lyuberetskaya, os Izmaylovskaya, os Dolgoprudnenskaya e os Orekhovskaya); a gangue Slonovskaya de Ryazan; o bando de Semion Mogilevich, com ações na Hungria; a gangue Grekov, liderada por Grecoff Bradlik, em São Petersburgo; a gangue de Uralmash; o grupo paramilitar de Mkhedrioni, liderado por Jaba Ioseliani atuante na Geórgia; a gangue armênia AP-13, da Califórnia, nos EUA e o grupo criminoso da cidade de Kazan.

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Semion Mogilevich, um dos principais chefes do crime organizado russo.

Cine & Arte
A  máfia russa é representada em diversos filmes e seriados de fama internacional. O filme mais famoso é o recente título "Eastern Promises" (Senhores do Crime, em Português), de 2007, estrelado por Viggo Mortensen, retrata a máfia russa em Londres. O seriado "Law & Order", na nona temporada, mostra a máfia russa em Manhattan. Diversos outros filmes retratam a cultura do submundo russo. Na série "Star Wars" que celebrizou o diretor George Lucas, o nome do gigantesco mafioso Jabba the Hutt, de Tatooine, provavelmente foi tirado do chefão do crime russo chamado Jaba Ioseliani.
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Jaba Ioseliani, o líder do crime organizado da Geórgia.
História Viva
A máfia russa surgiu na era dos tzares e sobreviveu à caçada de Stalin que empreendeu guerra ao mundo do crime organizado. Nos gulags, tomou força e ganhou sua identidade sindicalista. Conseguiu reunir membros das mais variadas etnias da União Soviética e com apoio das autoridades norte-americanas pôde sobreviver ao seu fim. Espalharam-se por quatro continentes e atualmente podem ser considerados como o mais poderoso e ramificado grupo criminoso do mundo. A história da máfia russa confunde-se com a própria história nacional russa: participaram da Revolução Bolchevique, foram cassados por Stalin, ganharam força com Brejnev, viram o fim da URSS e se disseminaram por toda a parte. Com mais de cinco séculos de existência, a máfia russa continua atuante.
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Membros da Yakuza presentes no funeral de Miyamoto-san, integrante da máfia.

O terceiro post da nossa série sobre o crime organizado fala da mais temida máfia asiática: a Yakuza. Provavelmente a máfia mais antiga do mundo, fundada no século XVII, a Yakuza teve seu início ainda no período do Japão medieval, na época Edo (1603 - 1868). Inicialmente, era formada por ladrões de objetos valiosos, chamados de Tekiya, e homens envolvidos com jogos de azar, conhecidos como Bakuto. 

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Masahisa Takenaka, um dos mais famosos líderes
da Yakuza.
Ninkyō Dantai
A Yakuza é conhecida como gokudō (極道) no Japão. É dividida em várias organizações criminosas japonesas, reunidas em uma hierarquia em comum, que responde à um comando central. Os membros da Yakuza se auto denominam ninkyō dantai, que significa "organização de cavalheiros" em uma tradução mais exata. Um rígido código de conduta rege todo o comportamento e as atividades dos membros da Yakuza, desde os mais altos líderes até o aspirante. Estima-se que hoje a organização conte com aproximadamente 103.000 membros espalhados ao redor do mundo. 

Origens
No começo, os membros daquilo que se tornaria a Yakuza eram comerciantes e simples capangas. Nos rituais religiosos, os capangas chamados de tekiya (mascates) cobravam taxas para realizar a proteção das barracas dos comerciantes. Mais tarde, se tornaram um grupo autônomo reconhecido oficialmente pela autoridade imperial. Chegaram a receber permissão para portar armas chamadas de wakizashi, uma espada curta (a espada longa ainda era permitida somente para samurais). Esse reconhecimento foi essencial para a estruturação da Yakuza. Os apostadores, chamados de Bakuto, não receberam qualquer reconhecimento oficial do império, e agiam em atividades clandestinas de jogos de azar. Os comerciantes, outrora conhecidos como a escória social do Japão, criaram sua própria organização e se tornaram uma classe influente. 

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Tatuagens típicas dos membros da Yakuza, conhecidas como Irezumi.

Ya-ku-za
O nome da máfia japonesa tem uma origem curiosa. As sílabas da palavra Yakuza ((極道) podem ser substituídas pelos referenciais numéricos 8-9-3, que formam um típico jogo japonês de azar, parecido com o blackjack. Depois, além de apostadores e seguranças particulares, a Yakuza passou a agregar marginais e criminosos de toda a espécie.


Tekiya/Bakuto
Os rituais típicos dos antigos Tekiya e Bakuto ainda são incorporados à Yakuza, que mantém suas práticas vivas. Alguns grupos da Yakuza, por conta de suas atividades criminosas, podem se identificar mais com os antigos rituais Tekiya ou Bakuto, o que pode criar uma variação cultural dentro da própria máfia japonesa.

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Oyabun-kobun
A Yakuza é estruturada em torno de uma hierarquia chamada de Oyabun-kobun, onde kobun (子分) significa "filho adotivo" e oyabun (親分) significa "pai adotivo". Assim, os superiores são tratados como "pais" e os inferiores na hierarquia são tratados como "filhos". Os superiores protegem seus subordinados e os subordinados devem total lealdade aos seus oyabun. O pacto entre o kobun e o oyabun é selado com a troca cerimonial de saquê chamado de sakazuki, onde ambos tomam a típica bebida japonesa no mesmo copo. Cada grupo da Yakuza é liderado por um oyabun. Esse modelo lembra muito o próprio estilo senpai-kohai, o tradicional sistema de novato e veterano da cultura samurai.

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Oyabuns da Yakuza reunidos.

Face benevolente
Tornou-se parte da mitologia japonesa a crença de que a Yakuza não se forma apenas com marginais ou criminosos, mas também com órfãos e crianças abandonadas ou em situação de indigência. Essas crianças são retiradas das ruas e acolhidas pelos membros da Yakuza, que treinam os pequenos na cultura interna e fazem deles membros da máfia.

A cabeça
O centro da Yakuza é formado pela elite da família, que inclui o Kumicho (líder dos líderes da máfia), rodeado por seus saikō-komon, que são seus conselheiros pessoais. Os saikō-komon comandam seus subordinados responsáveis por áreas e cidades. A hierarquia se estende até o quinto nível da escada da Yakuza, constituída por grupos menores filiados aos grupos principais.

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Yubitsume
O Yubitsume é o ritual de cortar o dedo como punição por uma falta, ou como pedido de desculpas diante de um erro. As tatuagens são marca presente dos membros da Yakuza, e são chamadas de Irezumi. Um jogo muito popular entre os membros da Yakuza é chamado de Oicho-Kabu, onde todos os participantes retiram as camisetas e as amarram na cintura. Esta é uma das raras ocasiões onde os membros da Yakuza exibem suas tatuagens. Quando um novo membro entra para a gangue, ele deve se despir para mostrar se possui alguma tatuagem.

Mercado e Ações

As atividades da Yakuza não envolvem roubo direto. São mais empenhados em ações, investimentos financeiros, jogos de azar, prostituição, tráfico e especulação imobiliária. Pra se ter uma ideia do poder financeiro da Yakuza, no ano de 1989, a Yakuza comprou ações da empresa ferroviária japonesa Tokyo Kyuko Electric Railway, em um montante de 255 milhões de dólares. Uma comissão constatou que há mais de 50 empresas japonesas com envolvimento direto ou indireto da Yakuza.


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Souichi Majima, Kaoru Inoue e Kazuchomi Shinada, famosos mafiosos da Yakuza.

Parte de um Todo
A Yakuza é uma organização criminosa extremamente violenta. Mas, além disso, é parte da própria História e cultura japonesas. Diversas operações policiais foram realizadas contra a máfia, especialmente em 2009, quando o chefe de polícia Takaharu Ando realizou diversas prisões de líderes da máfia. Em 2010, Kiyoshi Takayama, um dos principais chefes da Yakuza, foi preso. No mesmo ano a polícia prendeu o terceiro homem na hierarquia da Yakuza, Tadashi Irie. Ironicamente, mesmo com a imagem de perigo e violência associada à Yakuza, Kobe, a cidade onde está localizado o maior sindicato da Yakuza é a cidade mais segura do Japão.




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Francesco Castiglia, mais conhecido como Frank Costello, um dos maiores líderes do crime
organizado norte-americano.


Das montanhas da Calábria
No dia 26 de Janeiro de 1891, no pequeno vilarejo de Lauropoli, na região da Calábria, na Itália, nasceu Francesco Castiglia, o famoso Frank Costello. Ainda pequeno, aos 9 anos de idade, chegou à cidade de Nova York em 1900 com sua mãe e seu irmão mais velho, morando no bairro do East Harlem, onde seu pai era dono de uma pequena mercearia. Frank construiria uma vida de crimes e se tornaria um dos maiores gangsters da máfia italiana fora da Itália. 

Entrando no submundo
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Frank Costello ainda jovem, e seus pais.

Frank começou sua vida de crimes ainda cedo, estimulado por seu irmão mais velho, Eddie. Com 13 anos ele entrou para uma pequena gangue italiana do bairro, sendo chamado de “Frankie”.  Cometia pequenos crimes como roubos, furtos e assaltos de carros e lojas. Foi preso em 1908 e depois em 1912. Em 1915, aos 24 anos, foi novamente preso, cumprindo uma sentença de 10 meses por conta de porte ilegal de arma de fogo. Ficou conhecido como “Frank Castiglia” e se casou com Lauretta Giergerman no mesmo ano. Quando saiu da cadeia, decidiu que usaria mais o cérebro do que a força, e sua inteligência lhe permitiu ficar longe das grades por quase quatro décadas.

Fazendo amigos
Frank começou a subir no submundo do crime se aproximando de grandes figurões da máfia italiana. Um desses figurões era Ciro Terranova, chefe da máfia no East Harlem e chefe da Família Morello em Manhattan. Rapidamente Frank se tornou membro importante de uma gangue que controlava agiotas e jogos de azar no bairro do Bronx. Frank também fez amizade com grandes líderes da máfia, como Michael Coppola, Stefano LaSalle e Joseph Catania Jr.

Fazendo mais amigos
Frank também fez amizade com Lucky Luciano, mais conhecido como Salvatore Lucania, um italiano da Sicília e líder da gangue do território do bairro de Lower East. Os italianos não eram exatamente uma máfia unida: como Luciano era da Sicília e Frank era da Calábria, inicialmente houve desconfiança por parte dos outros amigos de Luciano. Mas as habilidades e a desenvoltura de Frank logo conquistaram a confiança dos italianos da Sicília.

Os Cinco
Frank garantiu sua escalada através de amizades como Gaetano Lucchese e Vito Genovese. Também fez pareceria com mafiosos judeus como Meyer Lansky e Benjamin, o “Bugsy Siegel”. Juntos, os cinco lucraram com roubos, assaltos, chantagem, extorsão, tráfico de drogas, tráfico de bebidas e jogos de azar. 

Irlandeses
Frank conseguia diversificar seus contatos. Ele não se limitava aos italianos, e só de ter conseguido a amizade de genoveses e sicilianos já mostrava suas habilidades diplomáticas. Fez amizade com mafiosos irlandeses como o barão da cerveja do bairro do Bronx, Arthur Flegenheimer (“Dutch Schultz”), o matador de aluguel Owney Madden e o grandalhão William Dwyer (“Big Bill”). O irlandês Rothstein se tornou um tipo de “professor” para Frank e seus amigos.

Trabalhando pro chefe
Em 1922, Frank e seus amigos se juntaram à máfia siciliana, na época liderada por Giuseppe Masseria, conhecido como “Joe The Boss”. Masseria era um dos maiores gangsters do submundo do crime organizado. Em 1924, Frank havia feito uma ótima parceria com a gangue irlandesa conhecida como Hell’s Kitchen (“Cozinha do Inferno”), liderada por Dwyer e Madden. Essa parceria obviamente beneficiou muito o chefão Masseria, que logo viu o potencial do rapaz. Foi nessa época que Frank adotou o sobrenome “Costello”.

Guerra da Cerveja
Em 1926, Dwyer, um dos chefes da gangue irlandesa, foi preso por suborno e condenado a dois anos de prisão. Costello passou a atuar em sociedade com Madden enquanto Dwyer estava preso. Entretanto, Higgins, o terceiro na cadeia hierárquica da gangue irlandesa, não concordou com isso, pois achava que ele deveria substituir Dwyer. Logo teve início uma guerra entre Frank Costello e seus aliados Madden e Schultz de um lado e Higgins do outro. Jack Diamond e Vincent Coll ajudaram Higgins. A tríade entre Frank Costello, Madden e Schultz foi desfeita e ele acabou perdendo a guerra. Frank perdeu sua posição de “sócio”para Higgins.

Retorno
Essa derrota não foi o fim de Frank: foi o começo. Junto com seus velhos amigos, Luciano, Seigel e Lansky, ele construiu uma rede lucrativa de máquinas de caça-níquel, cassinos, comércio de bebidas e rede de apostas. Frank aplicou a filosofia das Três Grandezas: Criminalidade, Negócios e Política. Frank tinha grande habilidade para diversificar suas atividades, o que dificultava que fosse pego pelas autoridades.
http://www.corbisimages.com/images/Corbis-BE067949.jpg?size=67&uid=306f2a2a-54a3-4b97-8b10-30c44d1bc0a2O Primeiro Ministro do Submundo
Frank conseguiu construir uma rede de associações entre mafiosos de diversas nacionalidades. Subiu rápido no mundo do crime e conquistou posições altas. Frank tinha facilidade em subornar autoridades dos mais diversos escalões. Atuou como ponte entre a máfia e a organização do Tammany Hall, um clube do Partido Democrata e a mais influente agremiação política de Nova York. Frank não subornava apenas guardas e vigias, como muitos mafiosos, mas garantia a conivência de juízes, promotores e políticos importantes. Isso elevou o mundo das gangues a um novo patamar. 

Os Grandes Sete
O ano de 1927 foi um marco para Frank e sua gangue. Ele, John Torrio e Luciano fizeram uma aliança com os chefes do território de East Coast para fazer esquemas de contrabando em larga escala. Conseguiram lucrar muito durante o período da Lei Seca que vigorou nos EUA.  Nenhum concorrente do tráfico de bebidas conseguiu superá-los nesse período. A sociedade reuniu os sete maiores chefes do crime organizado e todos os líderes de gangues importantes do país, algo inédito para o crime organizado. Esse foi o primeiro “Sindicato Nacional do Crime”.

Briga de cachorro grande
 
Um poderoso chefe da máfia italiana, Salvatore Maranzano, logo rivalizou com Giuseppe Masseria, o chefe aliado de Frank e seus amigos. Maranzano era de Palermo, e, em pouco tempo, conseguiu construir um reino do crime que competiu diretamente com a rede de Masseria. Em 1928 Masseria conseguiu eliminar outro chefe do crime, Salvatore D’Áquila, o que acabou ajudando Maranzano, que agora contava com um concorrente a menos. Masseria se tornou o “chefe dos chefes”. Ele conseguiu intimidar a gangue dos Castellammarese, da qual Maranzano era membro, e o líder deles, Nicola Schiro, fugiu e deixou o comando para Maranzano. O novo líder declarou guerra contra Masseria e seus aliados, o que incluía Frank Costello. A guerra entre as duas facções durou dois anos, prejudicando as atividades dos dois grupos. Em 1931, Giuseppe Masseria foi morto baleado. Maranzano tomou seu lugar como “chefe dos chefes”. Mas em Setembro do mesmo ano ele também foi morto em seu próprio escritório.

Um novo rei
Depois da morte de Masseria e Maranzano, o amigo de Frank, Lucky Luciano, se tornou o novo chefe dos chefes. Vito Genovese tornou-se subchefe e Frank Costello, Capo. Frank logo se tornou um dos mais bem sucedidos apoiadores de Luciano. Frank conseguiu criar uma rede de 25.000 caça-níqueis espalhados por toda a cidade de Nova York.

Limpando a sujeira


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Fiorello LaGuardia, o prefeito de NY que combateu o crime organizado.
Em 1934, Fiorello LaGuardia, novo prefeito de Nova York, realizou uma série de operações contra o crime organizado. A questão da máfia italiana era um tabu para a maioria dos prefeitos que não ousavam combater diretamente o crime organizado. Mas LaGuardia, mesmo sendo italiano, enfrentou a máfia. Milhares de máquinas caça-níqueis foram confiscadas e jogadas no rio. Frank conseguiu driblar isso fazendo um acordo com o governador da Louisiana, Huey Long, instalando novas máquinas no estado, dando 10% de todo o ganho para governador corrupto.

O rei cai do trono
Lucky Luciano foi preso em uma grande operação policial de 1936, condenado por exploração de prostituição, e foi impossível continuar na liderança da máfia longe das ruas. Seu sucessor, Vito Genovese, tomou seu lugar, mas no ano seguinte foi indiciado por cometer homicídios e teve de fugir de Nova York.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d3/Charles_Lucky_Luciano_(Excelsior_Hotel,_Rome).jpg
Lucky Luciano, um dos maiores chefes do crime organizado e um dos mais próximos aliados de Frank.

Apogeu
Com a prisão de Luciano e Vito, Frank tornou-se o novo líder das gangues italianas. Frank conseguiu manter os negócios e ampliá-los sem entrar em maiores guerras ou incidentes. Consolidou o império da máfia não só em NY, mas também em New Orleans, Flórida e Los Angeles. Frank também conquistou grande prestígio político, graças aos seus contatos com gente desse meio. Apesar de sua posição, Frank ficou famoso por dividir seus lucros de maneira mais justa entre seus colaboradores. Pôs fim às atividades de narcotráfico que, para ele, não tinham nada a ver com o perfil da máfia italiana.

De volta à Itália
Em 1946, Frank foi deportado para a Itália por conta de processos contra ele. Como ele havia ajudado os militares americanos na invasão da Sicília através de seus contatos, essa sentença mais leve foi aplicada ao invés de uma detenção. Vito Genovese saiu da cadeia e se tornou o novo líder da máfia, mas, na prática, Frank continuou na liderança, já que tinha mais aliados do que Vito.

Nos tribunais
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Foto tirada de Frank Costello durante uma das sessões das Audiências Kefauver

Em 1951, vários chefões da máfia foram levados a julgamento no maior inquérito contra o crime organizado. Essa série de processos ficou conhecida como Audiências Kefauver, por conta do senador Estes Kefauver, responsável pela abertura dos inquéritos. A série de julgamentos foi televisionada e atraiu grande audiência do público, o que tornou tudo em um grande show de televisão. Mais de 600 indiciados, entre mafiosos, gangsters, policiais e políticos corruptos, até mesmo juízes e figuras populares, passaram pelos tribunais.

Passeio
Frank aceitou testemunhar em troca de redução de pena, e em 1952 cumpriu 14 dos 18 meses de sentença. Em 1954, foi novamente preso por acusações de evasão fiscal. Cumpriu 11 meses de uma pena de 5 anos, conseguindo uma anulação de sua sentença.   Em 1956 foi novamente preso, mas no começo de 1957 foi liberado.
 
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhruV92ntW0QXO9a99AElsOThuTdAQ91WVfyHlxN6ryTX0CYHbQS1xSnmzmhB9kgG_3Ec_QI6jjbIm32n4LaAb6a6eMtw6ZXsSh8AVLieNseVkF0-fH3_6n9mSwRpHUhlwUMZtzAwUmHLQu/s640/vito+genovese.jpg
Vito Genovese, o responsável pela queda de Frank.
Traição e Atentado
Vito Genovese tomou o lugar de Frank como chefe do submundo em 1957. Assim que Frank foi liberado da prisão, um capanga de Vito, chamado de Vincente “Giant” (conhecido como O Gigante), disparou contra Frank enquanto ele entrava no elevador no prédio onde morava. Por sorte, Frank sobreviveu ao disparo em sua cabeça que atingiu apenas a lateral, e não aprofundou o crânio. Vito convocou todos os chefes da máfia para mostrar lealdade, e apenas Anthony Carfano se manteve leal a Frank, o que lhe custou a própria vida. Vito de fato se tornou o chefe dos chefes (capo di tutti capi) e tomou o lugar de Frank, rebatizando a família da máfia com o nome de Família Genovese.


Reinado no submundo
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Frank construiu um grande império de crime e apostas. Percebeu que era mais proveitoso comprar as autoridades do que lutar contra elas, e de fato a corrupção política e policial facilitou seus negócios. Conseguiu fazer acordos com vários chefes opostos, o que lhe transformou em um verdadeiro “diplomata” das gangues. Ao mesmo tempo em que conquistou o apoio de muitos mafiosos, provocou a oposição de vários outros. Foi graças a Frank que o crime organizado atingiu um novo patamar e se infiltrou definitivamente na política e na administração.

Morte
 
Frank Costello se aposentou do mundo do crime. Mas parece que não existe “ex-mafioso”, já que ele continuou servindo como uma figura influente e como conselheiro no mundo do crime durante os anos 60. Em 1973, um ataque cardíaco conseguiu fazer o que nenhum dos inimigos de Frank havia conseguido, e ele morre aos 82 anos em um hospital de Manhattan.
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